Nos últimos anos, conforme a mulher foi
conquistando espaço no mercado de trabalho, a maternidade vem sendo adiada.
Dados apresentados em 2005 pelo Sistema de Informações de Nascidos Vivos
(SINASC), do Ministério da Saúde do Brasil. “Atualmente, registra-se uma
tendência cada vez maior de gravidez entre mulheres que se encontram na faixa
entre os 35 e 45 anos. Uma gestação nesta fase da vida exige dos profissionais
de saúde mais atenção, já que há maiores chances de complicações para a mulher
e para o feto”, explica o Ginecologista e Obstetra do Hospital e Maternidade
São Cristóvão, Dr. Fábio Muniz.
De acordo com o especialista, dados da literatura
médica citam que a faixa etária ideal para ter filhos estaria entre 20 e 29
anos. Porém, existem variações quanto à definição de idade materna avançada
para a gravidez, sendo que alguns autores consideram o limite de 35 anos e
outros até os 45. O consenso é que quanto mais tardia a gravidez, maiores são
os riscos. “As gestantes com mais idade vão engravidar em uma fase em que
coincide com o início de doenças crônicas, como hipertensão arterial, diabetes,
disfunções da tireoide entre outras. Existem outras patologias que também se
apresentam com maior frequência neste período, como abortamentos e anomalias
cromossômicas. A incidência de Síndrome de Down, por exemplo, em gestações aos
18 anos é de 1 entre 1000, já aos 40 anos passa a 1 entre 100”, explica Dr.
Fábio.
No entanto, a evolução dos conhecimentos médicos
permite que seja possível mulheres em idades avançadas curtirem a maternidade.
“O ideal é que o pré-natal comece antes mesmo da concepção. O casal deve
procurar o ginecologista antes de engravidar para uma avaliação clínica geral
com investigação das funções cardíacas, renais, entre outras. A realização de
exames laboratoriais, a atualização vacinal e medidas visando uma gravidez
saudável junto com o controle do peso. Se tudo estiver bem, recomenda-se o uso
de ácido fólico (vitamina do Complexo B) para diminuir o risco de malformação
do sistema nervoso central do bebê, bem como outras vitaminas que estejam em
carência”, aconselha o obstetra.
Outro ponto que merece atenção para aquelas que
desejam engravidar com mais de 40 anos é o aspecto emocional. Segundo Dr.
Fábio, a cobrança por gerar filhos e algumas tentativas sem sucesso pode
acarretar frustrações que impactam na taxa de fecundidade. “É fundamental o
acompanhamento multidisciplinar nestas circunstâncias”, acrescenta.
O Dr. Fábio Muniz explica ainda que mulheres após os
35 anos que engravidam espontaneamente possuem, do ponto de vista teórico, mais
chances de terem gravidez gemelar. Isso acontece porque, nesta faixa etária, o
estímulo para ovular precisa ser maior. Assim, o organismo produz mais FSH
(hormônio estimulador de folículos, que são as estruturas dos ovários que
contêm os óvulos) para garantir o desenvolvimento dos poucos folículos que
restam. Então, aumenta a probabilidade de se produzir mais de um óvulo em um
mesmo ciclo.
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