SAÚDE

Terapia ainda é tabu e especialista explica o motivo

Segundo psicóloga, muitas pessoas ainda preferem sofrer sozinhas do que buscar ajuda profissional, por estigmatizar a psicoterapia

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Crédito: BANCO DE IMAGENS

Pesquisa do Instituto Ipsos para o Fórum Econômico Mundial com 30 países mostrou que o Brasil é o quinto país onde os entrevistados mais sentiram uma piora na saúde mental: 53% deles afirmaram que sua saúde mental piorou desde março de 2020. Apesar da intensa procura pela manutenção da saúde mental em tempos de pandemia, as pessoas ainda sentem vergonha de falar abertamente sobre sua necessidade de realizar terapia. Por quê?  

 

"Antigamente, somente as pessoas com transtornos mentais graves passavam pela psicoterapia e, por isso, a sociedade ainda enxerga o trabalho do psicólogo com este estigma", revela Renata Tavolaro, head de psicologia da OrienteMe, plataforma de saúde corporativa. Para ela, embora este preconceito esteja sendo desconstruído aos poucos, ainda há um longo caminho a percorrer para que seja desmistificado.  

 

Entre os transtornos mais comuns observados durante a pandemia, a especialista cita episódios depressivos, ansiedade, estresse, somatizações, "burnout" (esgotamento físico e mental), abuso de álcool e drogas, além do aumento de atendimentos de pessoas enlutadas. "Infelizmente, há pessoas que esbarram no preconceito e acabam preferindo sofrer sozinhas a buscar ajuda profissional", diz Renata.  

 

Segundo a especialista, isso acontece porque o conceito de loucura também é um grande tabu em nossa sociedade, afinal, quem seria o normal, se todos somos diferentes? "Hoje, a ciência faz uma distinção clara entre loucura e doenças mentais. Aliás, a medicina não utiliza o termo ‘louco’ em nenhuma das atuais classificações dos distúrbios psiquiátricos", explica Renata.  

 

Ela lembra que, no passado, muitas situações que hoje são consideradas naturais eram suficientes para determinar a loucura de alguém. "Hoje, sabemos que um ser humano só pode sair enriquecido de uma experiência dessas, já que elas trazem conhecimento e autonomia. As doenças mentais são o oposto disso", diz a psicóloga.  

 

Renata ressalta que qualquer pessoa pode realizar a psicoterapia, em qualquer momento da vida, sem restrição de idade, sexo ou demanda. "A procura pela psicoterapia pode e deve ser realizada sempre que surja o desejo de ampliar o autoconhecimento. Mas quando há sofrimento envolvido, ela se torna fundamental para a qualidade de vida", conclui.  

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