Cada vez mais presentes na mesa dos brasileiros, os alimentos orgânicos ainda são rodeados de pequenos tabus. Isso mesmo. Falta de informação sobre o que eles realmente são e representam, desconhecimento sobre os seus benefícios, dificuldade em encontrar todos os produtos desejados em um só comércio. Essas ainda são situações recorrentes e que, às vezes, afastam um pouco o consumidor nessa importante e saudável mudança de hábito.
Para responder algumas destas dúvidas, pedimos a ajuda para Guilherme Maciel, sócio e fundador do Orgânico do Chico, empresa especializada em orgânicos, e elencamos cinco mitos e uma verdade sobre esse novo estilo de vida. A grande verdade: sim, estes alimentos são muito mais saudáveis. De acordo com Guilherme, os orgânicos são todos colhidos livres de agrotóxicos ou hormônios de crescimento (no caso de animais, por exemplo). “Eu diria que consumir orgânicos vai muito além do que se come. É um verdadeiro investimento em saúde, já que mais cedo ou mais tarde você irá colher os benefícios de se alimentar sem a ingestão de químicos. Além disso, podemos complementar que esse hábito é também um ato de apoio a pequenos e médios produtores. Quando compramos um orgânico, estimulamos essa fatia da economia tão importante para o nosso país”, comenta.
Apesar de estarem claros os benefícios à saúde e à economia local gerados pelos orgânicos, ainda existem aquelas máximas que circulam e que não representam a verdade. Uma delas é a de que esse tipo de alimento é melhor na perda de peso. Muito embora as pessoas façam essa associação, uma coisa é completamente diferente da outra. Emagrecimento saudável é sinônimo de uma dieta balanceada e orientada por um profissional capacitado. Alimentos orgânicos podem fazer parte desse seu plano alimentar, de maneira equilibrada. Mas a presença deles significa o consumo de itens mais nutritivos e menos agressivos à sua saúde, e não que eles potencializam um processo de perda de peso. Outra confusão comum: produto integral e orgânico é a mesma coisa. Mito. O motivo é muito simples: nem todo alimento integral é produzido de forma orgânica. “Ser integral significa que aquele alimento mantém todos os seus componentes nutricionais básicos, com um grau menor de processamento e refinamento. Já ser orgânico é totalmente diferente. Significa, em resumo, ser um produto que está dentro de todo um sistema definido de produção agropecuária ou de extração sustentável. Os orgânicos devem beneficiar o ecossistema local, preservar os recursos naturais, cultivar e perdurar as nuances socioeconômicas e culturais da comunidade local e garantir os direitos dos trabalhadores envolvidos na cadeia de produção. E, claro, os produtos não podem utilizar compostos geneticamente modificados nem químicos sintéticos”, completa Maciel.
Mais uma dúvida frequente é sobre a origem desses alimentos. Muita gente pensa que os exemplares sem agrotóxicos são necessariamente orgânicos, mas não é verdade. Como citamos, uma produção orgânica vai além do não uso de agrotóxicos. Os produtos dessa natureza são patenteados com um selo oficial do Ministério da Agricultura, e a propriedade que recebe esse selo orgânico deve respeitar aspectos ambientais (fauna e flora local, por exemplo), humanos (meios de trabalho justos) entre outros. Por isso, ser orgânico envolve muito mais do que o “comer saudável”. É uma prática de vida que valoriza a sustentabilidade. ”Mas sendo livre de qualquer produto que os conserve, ao ingerir orgânicos eu aumento o meu risco de intoxicação alimentar?”. Não se confunda. Não é por estar mais exposto a intempéries ou pragas no processo de cultivo que o consumo de orgânicos é mais “perigoso”. Pelo contrário, por serem produtos in natura, sem adição química, a tendência é serem mais nutritivos e fazerem bem ao seu organismo. “Os alimentos orgânicos de hortifruti não têm risco para a saúde, como alguns pensam. Afinal, eles serão consumidos frescos. Os cuidados para lavar e desinfetar, inclusive, são os mesmos de qualquer alimento levado à mesa. Isso basta. Não conter aditivos químicos deixa o produto melhor para ingestão e não pior. É uma mudança de paradigma que as pessoas estão começando a entender”, afirma Guilherme.
Por fim, uma das crenças populares mais comentadas sobre os orgânicos e que não passa de uma interpretação errada. Acreditar que esses alimentos tendem a ser menores e mais feios visualmente é um grande erro, já que esconde o que isso realmente significa. Justamente por não conter aditivos químicos, esses produtos estão mais sujeitos a influência de fatores externos. Por isso, às vezes, alguns "furinhos'' e imperfeições podem aparecer. “Acreditem, isso é ótimo sinal. Sinal da pureza daquele item”, comenta Maciel. Ele completa: “Em relação ao tamanho e ao visual, o que muita gente não sabe é que os orgânicos têm o aspecto e características normais, e não o contrário. São os produtos convencionais, aqueles que vemos muito por aí nas prateleiras que costumam ser maiores e visualmente mais “chamativos” devido ao uso excessivo de fertilizantes. Essas substâncias alteram cor e tamanho, por exemplo. Portanto, é importante o consumidor não se enganar”, finaliza.
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