SAÚDE

Saiba como a saúde mental pode influenciar a saúde bucal

Principalmente com o estresse causado pela pandemia, grande parcela da população tem se queixado de dores no maxilar, no pescoço, na mandíbula, na face e nas têmporas. O nome disso é bruxismo

Saiba como a saúde mental pode influenciar a saúde bucal O efeito mais imediato do bruxismo é o desgaste do esmalte do dente
Crédito: BANCO DE IMAGENS

A pandemia trouxe mudanças drásticas na rotina e aflorou sentimentos como o medo e a ansiedade, gerados pelo estresse e incertezas com o que virá pela frente. Essa sensação de angústia pode ser somatizada de várias formas: alguns comem mais do que deveriam, outros perdem o apetite por completo, outros têm de conviver com uma queda expressiva dos fios de cabelo, outros apresentam problemas psicodermatológicos, como acnes, dermatites atópicas, psoríase e vitiligo, e grande parcela da população tem se queixado de dores no maxilar, no pescoço, na mandíbula, na face e nas têmporas. O problema tem nome e é conhecido como bruxismo.

De acordo com o cirurgião-dentista Adriano Rafael, dados da OMS – Organização Mundial da Saúde, constatam que 30% da população mundial sofre deste mal e, no Brasil, o número é ainda maior, cerca de 40%.

“Existem dois tipos de bruxismos e eles são causados por diferentes patologias. O bruxismo diurno, que é a pressão dos dentes quando a pessoa está acordada, e o noturno, que está ligado a distúrbios do sono. Quando ele acontece durante o dia, está ligado a episódios de ansiedade e estresse por alteração dos níveis de alguns neurotransmissores. E esse é um dos tipo de problema que mais tenho visto em meu consultório desde que o novo coronavírus  chegou”.

Adriano Rafael conta que o efeito mais imediato do bruxismo é o desgaste do esmalte do dente e, mesmo não sendo um transtorno perigoso, acaba gerando regiões planas e cantos desgastados nos dentes e pode gerar lesões dentárias permanentes.

“Não existem evidências científicas para evitar o bruxismo, mas sim algumas técnicas que podem ajudar a reverter o hábito de ranger os dentes. Dependendo do caso e da gravidade do problema, o meu conselho, como profissional de saúde, é buscar também um acompanhamento psicológico, terapeuta e/ou psiquiátrico para saber se o bruxismo tem a ver com algum desequilíbrio na saúde mental.”

Para além do acompanhamento psicológico, outras dicas também podem reduzir os efeitos negativos do estresse na boca. O cirurgião-dentista aconselha a redução no consumo de álcool, abolir o cigarro, evitar alimentos que ativem o alerta do sistema nervoso central, como café, chocolates, energéticos e refrigerantes.  

É imprescindível o uso da placa de mordida para proteger a arcada dentária no período do sono e preservar o esmalte dental. Outra dica é evitar o uso do celular pelo menos duas horas antes de deitar, pois a luz dos equipamentos eletrônicos influencia negativamente na qualidade do sono.

A meditação, yoga, técnicas de respiração e prática de exercícios físicos, segundo o dentista, são atividades que devem ser incluídas na rotina de qualquer pessoa, principalmente daquelas que sofrem com transtornos de ansiedade.

E, finalmente, como é impossível controlar tudo que está acontecendo à nossa volta nos últimos tempos, o especialista pede para que nós nos cobremos menos.

“Nossos medos com relação ao futuro, infelizmente não têm o poder de transformar ou melhorar o que vai acontecer. Pelo contrário, ele pode nos adoecer, tanto física quanto mentalmente. Pegue leve com você!”

 

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