ALIMENTAÇÃO & NUTRIÇÃO

11 de outubro: Dia Nacional de Prevenção à Obesidade

Professores de endocrinologia e nutrição da pós-graduação em Nutrição e Obesidade explicam sobre a doença e suas formas de tratamento  

11 de outubro: Dia Nacional de Prevenção à Obesidade A obesidade impacta não apenas o corpo do indivíduo, mas também aspectos psicológicos e sociais
Crédito: DIVULGAÇÃO
Amanhã, 11 de outubro, dia nacional de Prevenção à Obesidade, profissionais da saúde fazem um alerta sobre o crescimento exponencial de novos casos no Brasil e explicam sobre os ricos da doença. Segundo revela o Relatório da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e da Organização Pan-americana de Saúde (Opas), intitulado “Panorama da Segurança Alimentar e Nutricional na América Latina e Caribe”, mais da metade da população brasileira está com sobrepeso e 20% das pessoas adultas no país estão obesas. 
O relatório mostrou ainda que, em 2010, 17,8% da população era obesa; em 2014, o índice chegou aos 20%, sendo a maior prevalência entre as mulheres, 22,7%. Outro alerta é quanto ao aumento do sobrepeso infantil: estima-se que 7,3% das crianças menores de cinco anos estão acima do peso, sendo as meninas as mais afetadas, com 7,7%. “A obesidade é uma doença crônica, cuja incidência vem aumentando progressivamente nos últimos anos no Brasil e no mundo”, afirma a endocrinologista, metabologista e professora da pós-graduação em Nutrição e obesidade: do emagrecimento à bariátrica, da Faculdade IDE, Karoline Medeiros.
“O tratamento consiste em mudanças de hábitos de vida. A alimentação saudável e prática de atividades físicas devem ser estimuladas. Além disso, tratamentos e medicamentos estão disponíveis e liberados e atuam reduzindo o apetite ou a absorção de gordura”. Ela ainda destaca o fato da obesidade comumente vir relacionada a uma série de doenças crônicas. “Dentre elas, principalmente diabetes, hipertensão arterial, dislipidemia (alterações no colesterol), doenças cardiovasculares, esteatose hepática (gordura no fígado), síndrome da apneia do sono e também problemas articulares podem surgir pelo excesso de peso”, pontua. 
O excesso de peso pode ainda alterar diversos processo corporais. “A obesidade leva a mais indisposição e fadiga, levando a uma vida mais sedentária, gerando um ciclo vicioso. O que reduz o gasto energético basal do organismo, ou seja, deixa mais lento o metabolismo geral”, avalia a endocrinologista Karoline Medeiros. 

PARÂMETROS QUE INDICAM RISCO DA OBESIDADE
 
Segundo a endocrinologista, existem diversos parâmetros para indicar os riscos de obesidade, sendo o mais conhecido deles o Índice de Massa Corporal, um cálculo feito com base no peso e na altura do indíviduo. A obesidade grau 1 é identificada quando o IMC estiver entre 30 e 35. Ou seja, a partir de 30, o indivíduo já é considerado obeso. Há também classificações superiores, como obesidade grau 2 e grau 3, mas uma pessoa com sobrepeso (IMC entre 25 e 30) já deve tomar cuidado para não atingir a obesidade propriamente dita. 
Deve-se salientar, entretanto, que tal índice deve ser avaliado associado a outros parâmetros, como o percentual de gordura e somatório de dobras cutâneas do indivíduo, meio pelo qual serão avaliados os riscos de adiposidade e de complicações cardiovasculares, entre outros fatores. De maneira geral, a partir do momento que o peso está prejudicando a saúde e as atividades diárias, já é um sinal de alerta para começar a cuidar do peso. 
 
CIRURGIA BARIÁTRICA É PARA TODOS? 
 
Uma das formas de tratamento para obesidade é a cirurgia bariátrica. “Também chamada gastroplastia, cirurgia da obesidade ou cirurgia de redução do estômago, nessa operação é feita uma alteração na estrutura do estômago, às vezes associada com alteração na rota intestinal. Seu objetivo é restringir o volume de ingestão do paciente e diminuir sua capacidade absortiva dos nutrientes, levando assim à perda de peso”, explica a nutricionista Roberta Morgana, professora e coordenadora da pós-graduação em Nutrição e obesidade da Faculdade IDE. 
Todavia, nem todo mundo pode fazer a operação: “A Organização Mundial de Saúde a indica para pacientes com IMC acima de 35 que tenham complicações como apneia do sono, hipertensão arterial, diabetes, aumento de gorduras no sangue e problemas articulares, ou para paciente com IMC acima de 40 que não tenham obtido sucesso na perda de peso após dois anos de tratamento clínico, incluindo o uso de medicamentos”, esclarece a nutricionista Roberta Morgana.  
 
ASPECTOS PSICOLÓGICOS E SOCIAIS 
 
A obesidade impacta não apenas o corpo do indivíduo, mas também aspectos psicológicos e sociais. As alterações metabólicas e endócrinas às quais o obeso é submetido fazem com que a sua visão de corpo seja deturpada. Além disso, há um sentimento de exclusão do contexto comum da sociedade, a qual preza pelo corpo magro, treinado e saudável como referencial. Os obesos mórbidos (com um peso bem acima do normal) sofrem diariamente com dificuldades de deslocamento, inserção em ambientes, impactos ósteo-articulares. 
Esse estado influencia diretamente no emocional do indivíduo, que não consegue ter uma visão agradável do seu corpo e, por muitas vezes, se exclui da vida social, ou até mesmo desacredita na mínima possibilidade de reverter o seu quadro. Por tudo isso, é uma doença que deve ser tratada por uma equipe formada pela união de diversos profissionais de saúde: médicos, nutricionistas, enfermeiros, fisioterapeutas, profissionais de educação física e psicólogos, para que o paciente possa ser tratados como um todo, dentro de cada vertente ou dificuldade que apresente. A palavra-chave é a mudança de hábitos de vida e entre eles os alimentares. 
 

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