Os queloides são
um medo comum de qualquer pessoa que vá colocar um piercing, fazer uma tatuagem
ou uma cirurgia, principalmente se for estética. Porém, poucos sabem lidar com
a alteração e acabam alegando que tem queloide, quando, na verdade, é apenas uma
cicatriz inestética. “Após um trauma de pele, como cirurgias, acidentes ou até
mesmo tatuagens e piercings, o organismo inicia o processo natural de
cicatrização, onde produz colágeno para reparar a parte lesionada. Porém, em
algumas pessoas, ocorre uma produção exagerada de colágeno que causa o
crescimento excessivo do tecido da cicatriz, formando o queloide”, explica a
dermatologista Dra Valéria Marcondes, membro da Sociedade Brasileira de
Dermatologia e da Academia Americana de Dermatologia.
Segundo a especialista,
o queloide de verdade pode levar alguns meses para aparecer e apresenta grande
espessura, endurecimento e vermelhidão, além de coceiras e dor. Dependendo da
localização e de seu tamanho, essas cicatrizes também podem gerar dificuldades
físicas, já que ficam muito duras e acabam diminuindo a movimentação. “Os
queloides são mais frequentes na região do tórax, ombros, pescoço, orelhas e
costas e raramente aparecem na face. Além disso, podem variar de forma e
tamanho. Por exemplo, no lóbulo da orelha o queloide aparece como uma massa
grande e arredondada. Já no peito ou nos ombros, o queloide espalha-se na pele,
ficando com a aparência de líquido derramado”, destaca.
O aparecimento do
queloide está muito ligado a questões genéticas, por isso, alguns grupos têm
maior chances de desenvolve-lo do que outros. Por exemplo, pessoas com
descendência africana, asiática ou hispânica tem maior propensão de sofrerem a
alteração, assim como pessoas que tem histórico de queloide na família. “Cerca
de 1/3 das pessoas que tem queloide possuem algum parente de sangue de primeiro
grau que também sofre com o problema. Além disso, o queloide tende a se
desenvolver mais em certas épocas da vida. Por exemplo, aos 20 anos os
queloides são mais propensos a aparecerem do que na terceira idade”, afirma a
dermatologista.
Os queloides podem
e devem ser tratados, pois, além da questão estética, o tratamento ajuda a
resolver os sintomas de dor, coceira e os problemas com movimentação. “O
tratamento mais comum são injeções de corticoide que agem diminuindo a
capacidade de proliferação exagerada da matriz do colágeno na região.
Normalmente, são aplicadas quatro injeções com três semanas de intervalos entre
elas. Esse procedimento já apresenta grande melhora, diminuindo cerca de 50 a
80% dos queloides”, explica a Dra. Valéria.
Porém, o
tratamento pode variar de acordo com o local, grau e tamanho do queloide. Por
exemplo, o queloide que se forma no lóbulo da orelha é removido cirurgicamente
e depois são aplicadas as injeções de corticoide. Já queloides que surgem
em cicatrizes de acne ou de pintas removidas podem ser retirados através de
lasers que atuam tanto no colágeno quanto na parte vascular, clareando e
amolecendo a cicatriz. “Outros tratamentos para a alteração são a radioterapia,
usada para controlar a proliferação de colágeno após o queloide, e a
crioterapia, onde aplica-se nitrogênio líquido na cicatriz, levando ao
congelamento do queloide”, completa a dermatologista.
Após a remoção, é
recomendado o uso de brincos de pressão para as orelhas ou folhas de silicone
para do corpo, que devem ser aplicadas sobre a cicatriz durante 12 horas por
cerca de 3 meses, para diminuir a vermelhidão da pele, a altura da cicatriz e
evitar que o queloide se desenvolva novamente. Estudos mostram que 34% das
cicatrizes elevadas apresentam algum achatamento após o uso desse silicone por
no mínimo 6 meses.
Quanto a
prevenção, de acordo com a Dra. Valéria, o mais importante é a observação. Após
colocar um piercing na orelha, por exemplo, é necessário prestar atenção
naquela área. Caso você note alguma alteração como o espessamento ou o
endurecimento da pele, o recomendado é que se remova imediatamente o piercing e
passe a utilizar os brincos de pressão. “Em caso de cirurgia ou tatuagem, a
observação também é fundamental. Além disso, o uso de uma faixa de silicone e
de fotoprotetor FPS 30 sobre a cicatriz ajuda a evitar a formação do queloide”,
recomenda. “Se você já souber que tem propensão a desenvolver queloide e for
fazer uma cirurgia, avise o médico. Assim ele poderá mudar a técnica cirúrgica,
visando deixar a cicatriz sem tensão para evitar alguma alteração na área".
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