HISTÓRIA DAS EMPRESAS

História dos Suplementos no Brasil - INTEGRALMÉDICA

Confira nesta edição a primeira de uma série de reportagens especiais que contam a história de suplementação no Brasil: INTEGRALMÉDICA

História dos Suplementos no Brasil - INTEGRALMÉDICA Os aminoácidos e as proteínas são as estruturas básicas da construção corporal
Crédito: DIVULGAÇÃO

A década de 80 é considerada por estudiosos um marco em relação aos cuidados com a saúde. Foi nesse período que surgiram e se consolidaram valores e padrões de comportamento contrários as drogas, ao tabagismo e ao alcoolismo – sempre em alta durante a geração Hippie os anos 60 e 70. Nascia então o titulo de “ Geração Saúde ”! Era o inicio da popularização das academias de ginástica, que surgiam em grande numero nos centros urbanos e também do culto ao corpo, a beleza, a juventude e a saúde. Neste contexto social, propicio aos debates sobre hábitos alimentares, pesquisas sobre dietas, exercícios físicos e complementos alimentares foram impulsionadas e novidades que traziam promessas de crescimento muscular , forca e emagrecimento começaram se multiplicar no mundo todo.

Em território brasileiro, a historia dos suplementos alimentares completa neste ano seu primeiro quarto de século. São 25 anos que separam um inicio tímido e com poucos investimentos do consolidado e ainda promissor mercado atual. Por isso, resolvemos contar – por meio de uma serie de reportagens especiais – os relatos dos pioneiros do setor, suas dificuldades e conquistas, a evolução cientifica e tecnológica do mercado e ainda os principais debates em torno da regulamentação, produção e comercialização desta categoria de produtos. Nesta primeira matéria você conhece a historia do medico Euclesio Bragança, um apaixonado por nutrição e fisiologia do exercício, que desenvolveu o primeiro suplemento alimentar genuinamente brasileiro – o Proteinato de Calcio – e fundou a Integral médica, a primeira empresa nacional do setor.

Pioneirismo tupiniquim 

Com formação inicial de medico cirurgião, o atual presidente da Associação Brasileira das Empresas de Produtos Nutricionais (Abenutri), Euclesio Bragança começou a se envolver com temas relacionados a nutrição quando ainda estava na Universidade. “Sempre tive um grande interesse no controle metabólico dos pacientes cirúrgicos tanto no pré quanto no pós-operatório”, lembra o especialista. “Ali já me envolvia com os aspectos nutricionais uma vez que o metabolismo esta intimamente relacionado a nutrição.” O tema também voltou aos seus projetos durante o período em que atuou como clinico a Amazônia – por volta de 1975 – e ganhou novas possibilidades quando o medico entrou em contato com a diversidade e a riqueza ainda pouco explorada da floresta. “Tive um despertamento para os fototerápicos”, resume. “Sabia que existia uma deficiência muito grande de estudos relacionados ao aproveitamento dessa flora, que os poucos trabalhos existentes ainda não estavam totalmente disponíveis e mais ainda, que faltavam muitos estudos de segurança e eficácia, mas certamente esse era o caminho que eu vislumbrava.” Quando o medico voltou para São Paulo, em 1982, o interesse que já alimentava por nutrologia e consequentemente por suplementação alimentar aumentou de maneira acentuada. Nesta época, como faz questão de ressaltar, surgia também o interesse da comunidade cientifica pelos derivados da proteína da soja. “Participei ativamente desses desenvolvimentos, que aconteciam tanto na empresa privada quanto na Universidade”, ressalta Bragança. “Os chineses tinham maior domínio sobre o cenário e possuíam diversos estudos na área”. Nesta mesma época, aconteceu na capital paulista um dos primeiros encontros internacionais sobre o tema. Dali nasceu a idéia do primeiro produto da Integralmedica, o Proteinato de Cálcio, desenvolvido para atender as necessidades nutricionais tanto de pessoas com deficiência protéica quando de crianças em fase de crescimento, idosos ou homens e mulheres em idade adulta que não possuíam uma alimentação balanceada.

“No inicio era indicado para os nossos próprios pacientes da clinica onde atuávamos. O objetivo inicial era suplementar indivíduos de varias faixas etárias e não havia o que receitar”, conta o medico. “Naquela época não existia nenhum produto com teor protéico tão elevado. Fui, com muito prazer, um incentivador da proteína de soja e posso afirmar com muito orgulho que nosso produto foi o primeiro suplemento para atletas genuinamente nacional.” O produto caiu no gosto dos praticantes de atividades proteínas – 88% – quanto pelos resultados que proporcionava. Seu criador explica que o suplemento e uma feliz ideia de fornecer em apenas um produto os dois elementos mais importantes, tanto de maneira estrutural quanto em quantidade, para construção corporal: a proteína e o cálcio. “Na época já havia uma constatação de uma certa pobreza protéica de nossos alimentos e que ficaria bem um suplemento a base de proteína para múltiplas funcionalidades”, ressalta. “Sabemos que os aminoácidos e as proteínas são as estruturas básicas da construção corporal. Isso somado ao cálcio, para uma melhor estruturação óssea, contribui efetivamente para um bom sistema músculo-esqueletico que acaba sendo o “chassi” do atleta e praticante de atividade física”. E sobre essa estrutura que o atleta e o esportista trabalha qualidades como forca, velocidade, explosão muscular etc.

A empresa, conta seu fundador, nasceu de um pensamento obrigatoriamente mercadológico, mas sem abandonar o ideal de trabalhar produtos para a suplementação alimentar de uma maneira que ainda não existia no país. “Desta primeira iniciativa foram criados muitos produtos, atualmente temos uma linha com mais de 80 itens”, orgulha-se. Considerada referencia em nutrição esportiva, a Integralmedica também se destaca atualmente como uma das maiores autoridades em pesquisas e desenvolvimento da América Latina e é reconhecida por trazer permanentemente ao mercado suplementos de ultima geração.

Outros tempos 

Para Bragança, as principais dificuldades do inicio da empresa estavam relacionadas a falta de capital, a deficiência administrativa e a aquisição de matéria prima importada. “Somente depois do governo Collor e que se tornou mais fácil importar aminoácidos, proteínas, vitaminas e outros suplementos”, situa. “No mercado nacional não havia nenhum produto fabricado no Brasil. Havia poucas empresas internacionais e suplementos . Esse mercado não existia praticamente.” O medico conta também que na época não havia uma regulamentação definida para o segmento e que as primeiras regras vieram depois dos lançamentos de seus produtos e os de seus primeiros concorrentes. “A reação da ANVISA, que naquela época se chamava Secretaria Nacional de Vigilância Sanitária, foi se espelhar em regulamentos, principalmente o Europeu, de certa forma desprezando o regulamento americano. Isso gerou uma norma muito restritiva e um conceito paternalista de tutela coletiva do Estado sob a argumentação de que, este deve decidir pelo consumidor, que diferentemente do consumidor americano, tem mais liberdade para decidir o que quer comprar”, aponta Bragança. “Isso sempre restringiu a capacidade laborativa e criativa do empresariado brasileiro, neste segmento, que poderia ter desenvolvido muito mais outros produtos, mas que se viu tolhido por falta de liberalidade.

Assim por muito tempo o importado levou vantagem pelos ingredientes a mais que podiam usar em relação a norma brasileira. Somente com o tempo e de uma forma onerosa e demorada podemos mostrar que fazemos suplementos tão bons quanto o americano”. O fundador da primeira empresa de suplementos do Brasil confessa ainda que a tecnologia dos tempos iniciais era muito diferente da atual e que os primeiros lançamentos foram inesquecíveis inclusive no que se refere aos problemas que apresentaram. “Me lembro que no inicio os produtos em pó eram de difícil dissolução porque as proteínas não se dissolvem facilmente e foi um bom trabalho para conseguirmos torna-las mais fáceis para o consumo”, confessa. “Também não era fácil as pessoas entenderem como usar o produto, esclarecimento que ate hoje continuamos a fazer.” O publico consumidor também era diferente no tempo das primeiras formulas, quem buscava o auxilio dos suplementos eram basicamente os fisiculturistas, por isso os pioneiros davam ênfase a hipertrofia muscular.

Atualmente e possível falar em suplementos para saúde, qualidade de vida, longevidade, recreação, inserção social, lazer, recuperação e prevenção de doenças crônicas não transmissíveis. “Quando começamos eram poucos os atletas e academias de fisiculturismo eram nos “guetos” de São Paulo e outras capitais, e hoje ninguém discute o valor da musculação que, aliada a pratica aerobia de exercício , soma e muito para os benefícios integrais da saúde e qualidade de vida”, analisa. “O espectro se ampliou necessariamente visto que a suplementação interessa a um grande publico e obrigatoriamente caminha na esteira da consciência de saúde e wellness, o que em outras palavras podemos chamar de bem-estar geral, físico e mental e onde a suplementação, pela sua praticidade, pelos sabores desenvolvidos e pela eficiência podem contribuir para o bem geral.

O medico aponta ainda o lançamento do suplemento vasodilatador, dos aminoácidos na forma liquida e a febre das proteínas Wheys como marcos importantes na historia dos suplementos e também de sua empresa.  “Natubolic já era um conceito Avançado de vasodilatador pelo efeito arginina e ate hoje e ícone de reconhecimento nacional. Muitas vezes me encontro com indivíduos, hoje com 40 anos, que dizem que este foi seu primeiro suplemento ”, relata. “Outra fase marcante foi o lançamento dos aminoácido na forma liquida. Foi trabalhoso encontrar o melhor ponto de hidrolise, a melhor maneira de conservação e o conceito de embalagem deste produto.” Sobre o cenário atual do mercado de suplementação alimentar , Bragança aponta como principal dificuldade a competição desigual entre os produtos nacionais e acredita que o fato da regulamentação nacional ainda ser antiquada contribui para essa desvantagem.“

Por isso a Abenutri foi criada, para congregar empresas do segmento, para juntos defendermos nossos interesses comuns e trabalharmos por uma legislação mais abrangente e condizente com a nossa realidade”, explica. “ Outra dificuldade neste momento e a contaminação inevitável da crise mundial que afeta mais ou menos intensamente este segmento. Cremos que essa situação e passageira e que em breve poderemos voltar a um patamar de desenvolvimento sustentável por um longo tempo.”

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