SAÚDE E SUPLEMENTAÇÃO INFANTIL

Infantil: Como a alimentação da mãe afeta o bebê?

Somos o que comemos. Esta frase é muito conhecida e devemos concordar que realmente faz todo o sentido, ainda mais para pessoas que sabem a importância de uma alimentação saudável e balanceada

Infantil: Como a alimentação da mãe afeta o bebê? Uma boa alimentação é um dos principais elementos para que o bebê esbanje saúde pela vida toda
Crédito: BANCO DE IMAGENS
Camila Garcia
CRN 34782
Formada em nutrição pela PUC-Campinas e pós-graduada em saúde e nutrição infantil pela Unifesp. “Acredito no poder da alimentação infantil como essência de um mundo mais leve e saudável”

Somos o que comemos. Esta frase é muito conhecida e devemos concordar que realmente faz todo o sentido, ainda mais para pessoas que sabem a importância de uma alimentação saudável e balanceada.
O que poucas pessoas sabem é que nós começamos a nossa relação com os alimentos muito antes de nascer. Ainda na barriga da mãe, quando todos os nutrientes ainda são transportados por meio do cordão umbilical e da placenta, o bebê já está exposto às consequências, sejam boas ou ruins, da alimentação ofertada a ele. Por isso, é tão importante falar sobre como a alimentação da mãe influencia na saúde e desenvolvimento do bebê.
A verdade é que o bebê é influenciado pela nutrição da mãe desde o primeiro dia de gestação. Nessa fase, geralmente, a gestante nem sabe que está grávida, mas o que ela come e bebe já estão sendo relevantes para o pequeno embrião. Por isso, muitos médicos defendem que os cuidados com a alimentação devem começar antes mesmo da mulher engravidar, um cardápio balanceado e saudável pode ajudar até mesmo a aumentar a fertilidade de quem está planejando ter um filho.
Para quem já está grávida, os cuidados devem ser ainda mais intensos. Os primeiros mil dias da vida do bebê, contados a partir do momento da concepção, são cruciais para que ele desenvolva hábitos alimentares saudáveis pela vida toda. Os mil dias abrangem as fases de gestação, amamentação e introdução de alimentos sólidos da criança, terminando por volta de 2 anos.
É muito importante investir em educação alimentar nessa fase, “aprender a comer” é o caminho para que a criança construa hábitos saudáveis que serão levados por toda a vida.
O impacto positivo que uma nutrição de boa qualidade nessa etapa pode causar na vida da criança é incalculável, ainda mais se pensarmos na quantidade de doenças evitadas à longo prazo. O detalhe é que esse processo, diferente do que muitos pensam, começa na alimentação da mãe.
Para se ter uma ideia, um dos fatores mais importantes para que a criança construa bons hábitos alimentares é justamente apresentar a ela diversidade de alimentos saudáveis, certo? Pois bem, não devemos pensar que essa exposição só começa na introdução alimentar aos seis meses.
Na verdade, a partir do último trimestre da gravidez a criança já pode até sentir o gosto dos alimentos ingeridos pela mãe. Através do líquido amniótico, são capazes até mesmo de fazer caretas quando não gostam de algum sabor.
Sendo assim, precisamos ter em mente que cuidar da alimentação durante a gravidez é importante não só para evitar doenças e ajudar no desenvolvimento físico do bebê, mas também para começar a estimular a criança a conhecer os sabores e ter contato com os alimentos, mesmo que de uma forma indireta.
O mesmo acontece na fase da amamentação, o leite materno não é sempre igual, alguns alimentos ingeridos pela mãe podem sim alterar, ainda que minimamente, o sabor do leitinho.
Embora não seja possível dizer com exatidão quais são os alimentos que causam essas alterações no sabor do leite para indicar às mães, podemos afirmar que o recomendado é sempre buscar um equilíbrio, evitar açúcares e gorduras e manter um cardápio variado de alimentos saudáveis.
Concluímos, então, que manter a alimentação da mãe saudável e balanceada pode contribuir, inclusive, para que posteriormente o bebê tenha uma aceitação melhor dos alimentos sólidos, afinal, mesmo que indiretamente ele já teve contato com determinados sabores.
Além disso, não é só o bebê que se beneficia quando a mãe mantém uma boa nutrição. Tanto na amamentação, quanto na gestação, a mãe terá um gasto energético maior para suprir as necessidades dela e do bebê. É indiscutível a importância de uma boa alimentação para que a mãe também se mantenha saudável.
Sendo assim, podemos dizer que a mãe tem dupla responsabilidade com o que ela ingere, já que este será um fator tão importante na saúde do bebê e na dela mesma, o que não quer dizer necessariamente que ela precise comer por dois, como muitas pessoas acreditam.
A qualidade da alimentação da mãe é mais importante que a quantidade, mas é normal ela sentir mais fome. Para ter certeza das proporções indicadas para cada fase, tanto da gestação quanto da amamentação, o recomendado é consultar um nutricionista.
É importante acompanhar o ganho de peso na gravidez e manter os exames em dia, assim, carências nutricionais podem ser identificadas e se for necessário o nutricionista pode indicar uma suplementação. Cada caso é um caso, e por isso o acompanhamento profissional é sempre o melhor caminho.
A mãe deve evitar seguir dietas muito restritivas. Para um bom desenvolvimento do bebê o organismo precisará de carboidratos de boa qualidade, cálcio, ferro, o famoso ácido fólico, proteínas e outras tantas vitaminas que só podem ser encontradas em alimentos como carnes e ovos bem cozidos; peixes; grãos; vegetais como couve, espinafre, brócolis; legumes; gorduras de boa qualidade; e leite e seus derivados. Ou seja, uma alimentação bem variada.
No geral, os mesmos hábitos alimentares que a mãe construir na gestação ela pode manter na amamentação. No entanto, deve-se observar que algumas substâncias que a lactante consome podem passar para o bebê e causar até mesmo as terríveis cólicas.
No geral, deve-se evitar alimentos ricos em gorduras saturadas (frituras, manteiga, gordura vegetal), açúcares em excesso, cafeína, bebidas alcoólicas e refrigerantes.
Na amamentação é preciso confiar na observação, alguns alimentos como brócolis, feijão, repolho, cebola e leite de vaca são mais propensos a causar cólicas, mas isso não é regra. Então vale a pena observar e confiar nos seus instintos. 
Mãe e filho estão intimamente ligados pela alimentação, desde o dia da concepção até a criança desmamar. Na verdade, até o final dos mil primeiros dias do bebê toda a alimentação da mãe influencia diretamente e indiretamente na construção de bons hábitos alimentares no filho, é importante ter essa consciência.
Uma boa alimentação é um dos principais elementos para que o bebê esbanje saúde pela vida toda.

Camila Garcia

Nutricionista

CRN  - 34782

Formada em nutrição pela PUC-Campinas e pós-graduada em saúde e nutrição infantil pela Unifesp.
“Acredito no poder da alimentação infantil como essência de um mundo mais leve e saudável”

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