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Artigo - Cirurgia de cabeça e pescoço: pelveglossomandibulectomia (PGM)- A Cirurgia de Remoção Tumoral

A pelveglossomandibulectomia (PGM) é um procedimento cirúrgico complexo utilizado no tratamento de neoplasias extensas da cavidade oral e orofaringe, envolvendo a remoção da mandíbula, língua e estruturas adjacentes. Este artigo aborda a definição, indicações, técnicas cirúrgicas, complicações e resultados associados à PGM, contribuindo para uma compreensão aprofundada desse procedimento na prática clínica

Artigo - Cirurgia de cabeça e pescoço: pelveglossomandibulectomia (PGM)- A Cirurgia de Remoção Tumoral Crédito: Banco de imagens

A cirurgia de cabeça e pescoço abrange uma variedade de procedimentos destinados ao tratamento de neoplasias malignas e benignas, bem como outras patologias complexas. Entre esses procedimentos, a pelveglossomandibulectomia (PGM) destaca-se pela sua complexidade e pela abrangência das estruturas anatômicas envolvidas. Este artigo tem como objetivo descrever detalhadamente o que é a PGM, suas indicações, técnicas cirúrgicas, possíveis complicações e os resultados pós-operatórios, com base em uma revisão da literatura e na experiência clínica.

A PGM é um procedimento cirúrgico que envolve a ressecção em bloco da hemimandíbula, metade da língua (hemiglossectomia) e estruturas adjacentes, incluindo tecidos moles e linfonodos cervicais, dependendo da extensão da doença. Este procedimento é indicado principalmente para pacientes com carcinoma espinocelular avançado da cavidade oral, especialmente quando a doença invade múltiplas estruturas, tornando necessário um tratamento cirúrgico agressivo para alcançar margens livres de tumor.

Indicações Específicas

1. Carcinoma Espinocelular Avançado: Lesões T3 ou T4 que envolvem múltiplas estruturas anatômicas.

2. Recorrência Tumoral: Casos em que houve recidiva após tratamento inicial com cirurgia ou radioterapia.

3. Invasão Óssea e de Tecidos Moles: Tumores que demonstram invasão substancial da mandíbula e tecidos circundantes.

4. Linfadenopatia Metastática: Presença de metástases nos linfonodos cervicais.

Técnicas Cirúrgicas

A PGM requer um planejamento cirúrgico meticuloso e a colaboração de uma equipe multidisciplinar. As etapas principais do procedimento incluem:

Pré-operatório

1. Avaliação Clínica e Radiológica: Exames de imagem, como tomografia computadorizada (TC) e ressonância magnética (RM), são essenciais para o planejamento cirúrgico detalhado.

2. Planejamento de Reconstrução: Avaliação das opções de reconstrução mandibular e de tecidos moles, frequentemente utilizando enxertos ósseos e retalhos microcirúrgicos.

Operatório

1. Acesso Cirúrgico: Incisões cervicais amplas para permitir exposição adequada das estruturas envolvidas.

2. Ressecção Tumoral: Remoção em bloco da hemimandíbula, metade da língua e tecidos moles adjacentes.

3. Dissecção Linfonodal: Linfadenectomia cervical seletiva ou radical, conforme a extensão da doença.

4. Reconstrução: Uso de retalhos livres (ex: fíbula livre) para reconstrução óssea e retalhos locais ou microcirúrgicos para cobertura de tecidos moles.

Pós-operatório

1. Cuidados Intensivos: Monitoramento em unidade de terapia intensiva nas primeiras 24-48 horas.

2. Reabilitação Funcional: Fonoaudiologia e fisioterapia para reabilitação da deglutição e fala.

3. Monitoramento de Complicações: Vigilância para detectar complicações precoces e tardias, como infecções, deiscências de sutura e fístulas.

Complicações

A PGM, sendo um procedimento de grande porte, está associada a diversas complicações potenciais, que incluem:

1. Complicações Intraoperatórias

• Hemorragia significativa

• Lesão de nervos cranianos

2. Complicações Pós-operatórias Imediatas

• Infecção

• Deiscência de sutura

• Fístulas oro-cutâneas

3. Complicações Tardias

• Disfunção de fala e deglutição

• Necrose de retalhos

• Reações adversas à radioterapia adjuvante

Resultados e Prognóstico

Os resultados da PGM variam conforme a extensão da doença, a técnica cirúrgica utilizada e a condição geral do paciente. Em geral, a PGM pode proporcionar controle local da doença e melhora na qualidade de vida dos pacientes selecionados. Estudos mostram que a sobrevivência a longo prazo é significativamente melhor em pacientes que alcançam margens cirúrgicas livres de tumor. No entanto, a taxa de complicações e a necessidade de reabilitação intensiva são altas.

Sobrevivência e Controle Local

1. Taxa de Sobrevivência: Estudos indicam uma taxa de sobrevivência em 5 anos variando de 30% a 50% para pacientes submetidos à PGM com margens livres.

2. Controle Local: A obtenção de margens cirúrgicas negativas é crucial para o controle local da doença e redução do risco de recidiva.

Qualidade de Vida

1. Reabilitação Funcional: Programas de reabilitação intensiva são essenciais para melhorar a qualidade de vida dos pacientes, focando na recuperação da deglutição, fala e função mastigatória.

2. Apoio Psicossocial: Intervenções de apoio psicológico e social são importantes devido ao impacto significativo na imagem corporal e nas funções sociais dos pacientes.

Conclusão

A pelveglossomandibulectomia (PGM) é uma opção terapêutica viável para o manejo de neoplasias avançadas da cavidade oral e orofaringe. Apesar de associada a altas taxas de complicações e necessidade de reabilitação extensa, a PGM pode proporcionar controle local da doença e melhoria na qualidade de vida de pacientes selecionados. O sucesso do procedimento depende de um planejamento cirúrgico detalhado, execução precisa e cuidados pós-operatórios abrangentes. Estudos futuros devem focar em técnicas cirúrgicas aprimoradas e abordagens de reabilitação para otimizar os resultados e a qualidade de vida dos pacientes submetidos a esta cirurgia.

Dr. Edson Carlos Z. Rosa

Cirurgião, Fisiologista e Pesquisador em Ciências Médicas, Cirúrgicas e do Esporte

Diretor do Instituto de Medicina e Fisiologia do Esporte e Exercício (Metaboclinic Institute), Diretor Executivo do Centro Nacional de Ciências Cirúrgicas e Medicina Sistêmica (Cenccimes) / Diretor Executivo da União Brasileira de Médicos-Biocientistas (Unimédica) /  Presidente e Fundador da Ordem Nacional dos Cirurgiões Faciais (ONACIFA), Presidente e Fundador da Sociedade Brasileira de Medicina Humana (SOBRAMEH) e Ordem dos Doutores de Medicina do Brasil - ODMB, Doutor em Ciências Médicas e Cirúrgicas (h.c),

Pós-graduado em Clínica Medica - Medicina interna, Medicina e Fisiologia do Esporte/Exercício, Nutrologia e Nutromedicina, Fisiologia Humana Geral aplicada às Ciências da Saúde.

Escritor e Autor de Diversos Artigos na área de Medicina Geral, Medicina e Endocrinologia do Esporte, Cirurgia de Cabeça e Pescoço, Neurociência e Comportamento Humano.

Fundador-Gestor do e-Comitê Mundial de Médicos do Desporto e Exercício (Official World Group of Sports And Exercise Physicians), Fundador-Gestor Internacional de Cirurgiões Craniomaxilofaciais (The Official World Group of Craniomaxilofaciais Surgeons).

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