PALAVRA DO ESPECIALISTA

Artigo - Medicina nutricional: bioquímica dos alimentos industrializados

Inicio hoje esse artigo, abordando um tema muito importante, relacionado a Ciência da Bromatolologia e Medicina Nutricional,  com uma frase simples para reflexão: 

“Quanto maior a durabilidade do produto industrializado, menor será a durabilidade da saúde humana.”

Artigo - Medicina nutricional: bioquímica dos alimentos industrializados Crédito: Banco de imagens

Os produtos industrializados ocupam uma parcela cada vez maior do mercado mundial de alimentos, devido a sua praticidade, pois já vêm prontos ou semi- prontos. Além disso, como a frase acima cita, os alimentos industrializados também possuem um prazo de validade bem maior do que os produtos "in natura", tornando fácil o seu armazenamento. Embora esse fato possa soar perfeito aos olhos de todos, ainda existe a força do ditado popular que diz: Quando a esmola é demais, o Santo desconfia!! Podemos dizer que tudo na vida, há uma parte boa e uma parte ruim, nesse caso, iremos analisar cientificamente os prós e os contras, mergulhando nas bases bioquímicas da Nutrição e Nutrologia.

BIOQUÍMICA NUTRICIONAL

Podemos iniciar essa parte do texto, já adiantando que para conseguir a praticidade e durabilidade dos produtos, os fabricantes se utilizam de milhares de aditivos químicos, que, na grande maioria das vezes, podem não fazer bem à saúde de quem os consome com freqüência. O nome de muitos desses produtos químicos vêm codificados, talvez para que o consumidor não se assuste ao ler estas informações do rótulo. Portanto, é uma questão de escolher entre o aspecto saudável dos alimentos "in natura", e a praticidade dos alimentos artificiais e/ou industrializados. Os produtos químicos encontrados com maior freqüência nos alimentos industrializados são:

• Corantes

• Aromatizantes

• Conservantes

• Antioxidantes

• Estabilizantes

• Acidulantes

Mas para que servem cada uma dessas substâncias contidas nos alimentos ?

Corantes

Como o próprio nome já diz, a função dos corantes é "colorir" os alimentos, fazendo com que os produtos industrializados tenham uma aparência mais parecida com os produtos naturais e mais agradável, portanto, aos olhos do consumidor, acabam sendo extremamente comuns, já que a cor e a aparência, tem um papel neurológico fundamental na aceitação dos produtos pelo consumidor. Um exemplo disso, pode ser uma gelatina de morango, que se por um acaso, fosse transparente não faria sucesso algum. Os corantes são encontrados na grande maioria dos produtos industrializados, como as massas, bolos, margarinas, sorvetes, bebidas, gelatinas, biscoitos, entre outros.

Aromatizantes

Os aromatizantes tem por função dar gosto e cheiro aos alimentos industrializados, realçando o sabor e o aroma. Assim como os corantes, os aromatizantes também fazem com que os alimentos industrializados se pareçam mais com os produtos naturais, pois como já foi dito, isso é essencial na aceitação neurológica do produto pelo consumidor. Informar que um salgadinho artificial de milho tem sabor e cheiro de presunto ou de churrasco faz com que ele seja mais aceitável, já que o cérebro do consumidor vai reconhecer naquele produto,  um sabor conhecido e eventualmente, uma fonte de prazer, causando a falsa impressão de que o produto não é tão artificial assim. Muitos alimentos não possuem em sua composição as frutas que as embalagens anunciam, mas apenas aromatizantes que lhes imitam o sabor e aroma. São encontrados em sopas, carnes enlatadas, biscoitos, bolos, sorvetes, entre outros.

Conservantes

Ao contrário dos corantes e aromatizantes, os chamados elementos conservantes, não possuem função de fazer com que os produtos industrializados pareçam ser o que na realidade não são. Sua meta é evitar a ação dos microorganismos que agem na deterioração dos alimentos, fazendo com que durem mais tempo sem estragar, portanto, aqui podemos dar votos de créditos a favor dos conservantes, pois são importantes para diminuir as chances de que algum indivíduo desenvolva algum tipo de intoxicação ou infecção. É possível reconhecer o uso de conservantes na composição dos produtos a partir da leitura dos rótulos das embalagens, onde são caracterizados pelos códigos P1 a P10. São encontrados em refrigerantes, concentrados de frutas, chocolates, sucos, queijos fundidos, margarinas, conservas vegetais, carnes, pães, farinhas e em milhares de outros alimentos industrializados.

Antioxidantes

Assim como os conservantes, os antioxidantes procuram manter os alimentos em boas condições de consumo por mais tempo. Eles tem sua principal aplicação em óleos e gorduras, impedindo ou retardando sua deterioração, evitando a formação de "ranço" por algum processo de oxidação.

Podem ser encontrados em sorvetes, leite em pó instantâneo, leite de côco, produtos de cacau, conservas de carne, cerveja, margarina, óleos e gorduras em geral, farinhas, polpa e suco de frutas, refrescos e refrigerantes.

Estabilizantes

São elementos utilizados nos alimentos,  para manter a aparência dos mesmos, tendo como principal função estabilizar as proteínas, sendo possível identificá-los nos rótulos das embalagens pelos códigos ET1 até ET29.

Acidulantes

São utilizados principalmente nas bebidas com função parecida com a dosaromatizantes. Os acidulantes podem modificar a doçura do açúcar, além de conseguir imitar o sabor de certas frutas e dar um sabor ácido ou agridoce nas bebidas. Também aparecem codificados nas embalagens, sendo reconhecidos pela letra H. São encontrados nos sucos de frutas e refrigerantes, entre outros.

Aditivos Alimentares

Os aditivos alimentares são largamente utilizados pela indústria alimentícia, sendo que aqui é importante ressaltar que "é a dose que faz o veneno". Na prática isso significa controlar o consumo de alimentos industrializados, diversificando ao máximo a dieta. Desse modo, dificultamos os riscos de nossos pacientes estarem acumulando altos níveis de uma determinada substância química no organismo. A dosagem de cada um dos aditivos considerada segura é determinada pela FAC e pela OMS - respectivamente. Aqui é importante ficarmos atentos para alguns nomes estranhos contidos nos rótulos dos produtos industrializados:

C: São corantes naturais (Cl) ou artificiais (C2).

F: Indica aromatizantes ou flavorizantes, que têm o papel de realçar, respectivamente, o odor e o sabor dos alimentos. Há naturais e artificiais.

EP: Sinónimo de espessante, cuja função é dar consistência ao alimento. Geralmente, é de origem vegetal.

U: É o umectante, que impede o ressecamento do alimento.

AU: São os anti-umectantes, que evitam a absorção de umidade.

ET: Indica a presença de estabilizantes para impedir que os diferentes ingredientes se separem. Os mais comuns são óleos naturais.

H: Sigla dos acidulantes, responsáveis por acentuar o sabor ácido do alimento industrializado. Alguns estão naturalmente presentes nas frutas.

D: Edulcorantes. Usados nos produtos dietéticos em substituição ao açúcar.

P: Significa a presença de conservantes.

A: São os antioxidantes presentes nos alimentos, que evitam a rancificação de produtos gordurosos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Atualmente com todo o avanço da tecnologia, cada vez mais observamos as constantes mudanças no cenário alimentar, para que sejam criadas formas e métodos de se tornar a alimentação prática, rápida e segura ao consumo humano.

Os produtos industrializados ocupam uma parcela cada vez maior do mercado mundial de alimentos, devido a sua praticidade, pois já vêm prontos ou semi- prontos.

Embora esse avanço seja positivo no contexto alimentar em termos de praticidade, precisamos ficar atentos aos novos métodos e padrões adotados pra alimentação humana, pois nem sempre expressam uma margem 100% segura.

O intuito desse artigo não é expressar a idéia de que todo alimento industrializado é um risco à saúde, até porque jamais conseguiremos de forma prática nos alimentar somente de produtos orgânicos in natura, porém devemos evitar o consumo de alguns componentes presentes em alguns alimentos que ainda carecem de maiores estudos cientificos e elucidações sobre o seu grau de segurança.

Dr. Edson Carlos Z. Rosa

Cirurgião, Fisiologista e Pesquisador em Ciências Médicas, Cirúrgicas e do Esporte

Diretor do Instituto de Medicina e Fisiologia do Esporte e Exercício (Metaboclinic Institute), Diretor Executivo do Centro Nacional de Ciências Cirúrgicas e Medicina Sistêmica (Cenccimes) / Diretor Executivo da União Brasileira de Médicos-Biocientistas (Unimédica) /  Presidente e Fundador da Ordem Nacional dos Cirurgiões Faciais (ONACIFA), Presidente e Fundador da Sociedade Brasileira de Medicina Humana (SOBRAMEH) e Ordem dos Doutores de Medicina do Brasil - ODMB, Doutor em Ciências Médicas e Cirúrgicas (h.c),

Pós-graduado em Clínica Medica - Medicina interna, Medicina e Fisiologia do Esporte/Exercício, Nutrologia e Nutromedicina, Fisiologia Humana Geral aplicada às Ciências da Saúde.

Escritor e Autor de Diversos Artigos na área de Medicina Geral, Medicina e Endocrinologia do Esporte, Cirurgia de Cabeça e Pescoço, Neurociência e Comportamento Humano.

Fundador-Gestor do e-Comitê Mundial de Médicos do Desporto e Exercício (Official World Group of Sports And Exercise Physicians), Fundador-Gestor Internacional de Cirurgiões Craniomaxilofaciais (The Official World Group of Craniomaxilofaciais Surgeons).

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