PALAVRA DO ESPECIALISTA

Artigo - Fraturas craniomaxilofacias na prática clínica: principais tipos de fraturas e agentes etiológicos do trauma

Podemos dizer que os eventos traumáticos na região de crânio e face, constituem uma condição desafiadora, sendo representada por injúrias locais e em grande parte das vezes, fraturas nos ossos do crânio e da face, cujo o tratamento inclui um planejamento cirúrgico complexo e um tempo de recuperação extenso.

Artigo - Fraturas craniomaxilofacias na prática clínica: principais tipos de fraturas e agentes etiológicos do trauma Crédito: Banco de imagens

Na literatura cientifica sobre o tema, temos dados importantes sobre a etiologia e a prevalências dos traumas craniofacias, sendo que acidentes de automobilismo, quedas, violência e a prática de esportes estão até hoje entre os mais citados.

Um estudo recente relatou que os esportes representaram entre 3% e 29% de todas as lesões faciais e entre 10% e 42% de todas as fraturas faciais e dependendo das condições do esporte, de 60% a 90% dessas lesões ocorrem em participantes do sexo masculino entre 10 e 29 anos, o que justifica a preocupação com o tema.

Assim sendo, em destaque ao âmbito esportivo, podemos dizer que essas lesões podem ocorrer devido ao impacto direto contra uma parte do corpo de outro jogador ou atleta adversário (cabeça, punho, cotovelo), contra um equipamento esportivo (bola, disco, trave, guidão) ou, ainda, contra o próprio solo (tatame de luta, piso de ginásio). Além disso, também pode ocorre um acidente envolvendo o ambiente da prática esportiva (árvore em uma pista, borda da piscina, parede externa no beisebol, dentre outros.

Frequentemente, observamos que os traumas de maior prevalência no esporte estão associados às fraturas do Osso Zigomático, dos Processos Alveolares Maxilares, do Osso Nasal, da Mandíbula e da Órbita Ocular, sendo que os padrões destas lesões variam muito de acordo com o esporte praticado, porém podemos destacar as modalidades de futebol, futebol americano, hóquei, beisebol e basquete que se mostram mais prevalentes, em casos relacionados à fratura de ossos faciais, devido à natureza de contato desses esportes e às altas energias sustentadas durante os impactos.

No entanto, a maioria dos estudos, apontam como principal fator etiológico para os traumas faciais a agressão física, predominantemente no sexo masculino, porém observamos que a violência contra a mulher vem aumentando, sendo um problema social e de saúde pública, consistindo num fenômeno mundial que não respeita fronteiras de classe social, raça/etnia, religião, idade e grau de escolaridade. Independentemente do status da mulher.

Mas que tipos de fraturas dos Ossos do Crânio e da Face) podem ocorrer com maior frequência ?

São inúmeros os tipos e graus de fraturas que podem acometer a região Crâniomaxilofacial, dentre elas destacamos a seguir abaixo:

TIPOS DE FRATURAS CRANIOMAXILOFACIAS (OSSOS DO CRÂNIO E FACE)

• Fratura do Osso Mandíbular: A face é constituída por um conjunto de ossos que se articulam entre si, apresentando um único osso móvel, que é a mandíbula. As fraturas de mandíbula apresentam cerca de 2/3 das fraturas faciais, sendo o tratamento cruento (redução cirúrgica) o mais indicado para a maior parte dos casos.

  • Fraturas Naso-orbito-etmoidais (NOE) As fraturas fronto-naso-órbito-etmoidais (FNOE) envolvem o centro superior e médio da face e são injúrias de difícil diagnóstico e terapêutica. Fraturas do complexo frontal geralmente envolvem várias estruturas da face e requerem uma programada e adequada técnica cirúrgica para reconstrução, sendo geralmente  acometidas estruturas como a parede anterior e posterior do osso frontal e seio frontal.
  • Fraturas do Complexo Zigomático Maxilar: Fraturas no complexo zigomático maxilar (CZM) podem levar a significantes alterações estéticas e funcionais, pois o seu posicionamento apresenta papel importante no contorno facial, além do posicionamento do globo ocular que é dependente, dentre outros fatores, do contorno da proeminência do zigoma.
  • Fraturas Nasais: Os ossos nasais são os ossos faciais mais frequentemente fraturados em virtude de sualocalização e protrusão. Dependendo do mecanismo da lesão, podem ocorrer fraturas domaxilar, órbita ou placa cribriforme e lesão dos ductos nasolacrimais. As complicações incluem deformidades estéticas e obstrução funcional.
  • Fraturas do tipo Lefort: Fraturas Le Fort é uma classificação utilizada para nomear as fraturas comuns à região da face média dos seres humanos, podendo ser do tipo I, II e III, que varia conforme a região do terço médio facial que é localizada a fratura. Podemos dizer que a mais complexa dessas Fraturas é a Lefort III, também conhecida como Disjunção (separação) Crânio-Facial e que frequentemente pode estar associada a Traumatismo Cranio Encefálico (TCE).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como visto acima nesse breve artigo sobre o tema, os eventos traumáticos na região de crânio e face, constituem uma condição desafiadora, sendo representada por injúrias locais e em grande parte das vezes, fraturas nos ossos do crânio e da face, cujo o tratamento inclui um planejamento cirúrgico complexo e um tempo de recuperação extenso.

Os traumas faciais acometem, preferencialmente, homens adultos, jovens sendo mais decorrentes de violência interpessoal, acidentes automobilísticos e também no contexto esportivo. A faixa etária que costuma ser mais atingida varia entre de 21 a 40 anos,principalmente por essa população estar mais exposta aos fatores de risco para o trauma,sendo as regiões anatômicas do crânio e face mais acometidas são o Osso Mandíbular e os Ossos Nasais.

O consumo de bebidas alcoólicas e/ou drogas se mostra como um fator associado a todas as categorias que ocasionaram traumatismos, porém os traumas faciais que cursam para fraturas da região, também estão associados a prática esportiva em suas mais diversas modalidades, exigindo sempre grande preparo técnico e experiência do Cirurgião.

Dr. Edson Carlos Z. Rosa

Cirurgião, Fisiologista e Pesquisador em Ciências Médicas, Cirúrgicas e do Esporte

Diretor do Instituto de Medicina e Fisiologia do Esporte e Exercício (Metaboclinic Institute), Diretor Executivo do Centro Nacional de Ciências Cirúrgicas e Medicina Sistêmica (Cenccimes) / Diretor Executivo da União Brasileira de Médicos-Biocientistas (Unimédica) /  Presidente e Fundador da Ordem Nacional dos Cirurgiões Faciais (ONACIFA), Presidente e Fundador da Sociedade Brasileira de Medicina Humana (SOBRAMEH) e Ordem dos Doutores de Medicina do Brasil - ODMB, Doutor em Ciências Médicas e Cirúrgicas (h.c),

Pós-graduado em Clínica Medica - Medicina interna, Medicina e Fisiologia do Esporte/Exercício, Nutrologia e Nutromedicina, Fisiologia Humana Geral aplicada às Ciências da Saúde.

Escritor e Autor de Diversos Artigos na área de Medicina Geral, Medicina e Endocrinologia do Esporte, Cirurgia de Cabeça e Pescoço, Neurociência e Comportamento Humano.

Fundador-Gestor do e-Comitê Mundial de Médicos do Desporto e Exercício (Official World Group of Sports And Exercise Physicians), Fundador-Gestor Internacional de Cirurgiões Craniomaxilofaciais (The Official World Group of Craniomaxilofaciais Surgeons).

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