PALAVRA DO ESPECIALISTA

Artigo - Cirurgia bariátrica x Síndrome de dumping

Os principais sintomas da síndrome de dumping no pós-operatório das cirurgias bariátricas e em obesidade e emagrecimento.

Artigo - Cirurgia bariátrica x Síndrome de dumping Crédito: Banco de imagens

Iniciamos esse artigo, elucidando a presença de uma doença altamente prevalente na população humana e que se não tratada corretamente a tempo, caracteriza o principal fator de morbilidade e mortalidade que é a Obesidade.

A obesidade é uma doença universal, de prevalência crescente, e que vem adquirindo proporções epidêmicas, sendo um dos principais problemas de saúde pública da sociedade moderna. É a mais comum e dispendiosa morbidade nutricional nos Estados Unidos e, junto com o tabagismo, a principal causa de mortes precoces no mundo. 

A obesidade é influenciada por uma combinação de fatores, que normalmente resultam no consumo de maior aporte calórico, superior à demanda do que o corpo precisa.

Esses fatores podem incluir inatividade física, dieta, genes, estilo de vida, histórico étnico e socioeconômico, exposição a determinados produtos químicos, determinados quadros clínicos e a utilização de determinados medicamentos.

O principal tratamento para obesidade é mudar o estilo de vida, que inclui mudanças na dieta, prática de atividade física e alterações comportamentais. Alguns pacientes também podem precisar tomar medicamentos ou se submeter à cirurgia de perda de peso (cirurgia bariátrica). Sabemos que a perda de peso corporal inicial em torno de 10 %, já pode ajudar a reduzir o risco de gravidade de doenças crônicas relacionados à obesidade (síndrome metabólica), tais como: diabetes, hipertensão arterial e hipercolesterolemia (altos níveis sanguíneos de colesterol).

CIRURGIA BARIÁTRICA NO TRATAMENTO DA OBESIDADE

A Cirurgia Bariátrica também conhecida como Gastroplastia, consiste no procedimento cirúrgico que reúne um conjunto de técnicas de diminuição do estomago, cujo principal objetivo seja reduzir o peso de pacientes com obesidade mórbida, em que com o IMC (Índice de Massa Corporal) esteja muito elevado (IMC igual ou superior a 40 kg/m², que apresentem doenças associadas a obesidade como diabetes, hipertensão,  apneia do sono , tumores, dislipidemia e artropatias).

Os principais tipos de técnicas cirúrgicas para redução de estomago (cirurgia bariátrica) são:

1. Totalmente Restritivos - Causam restrição do estômago. Banda Gástrica Ajustável,

Cirurgia de Mason e Cirurgia de Sleeve;

2. Mistos e Predominantemente restritivos: Os desvios gástricos como o Bypass Gástrico

com e sem anel;

3. Mistos e Predominantemente disabsortivos: As derivações bileopancreáticas

(Duodenal Switch, Scopinaro);

4. Totalmente disabsortivo: Técnica de Bypass Jejuno-Ileal (essa cirurgia foi proibida por

complicações relacionadas à alça exclusa).

A técnica mais conhecida e estudada é a chamada Cirurgia de Bypass em Y de Roux, sendo que essa cirurgia inicia-se com uma  videolaparoscopia e na sequência, são realizados os procedimentos para redução gástrica, uma vez que o estômago, que tem capacidade para cerca de dois litros é seccionado com um grampeador cirúrgico de maneira a se obter um novo estômago com capacidade para apenas 15-30 ml.

Desse modo, uma alça intestinal é anastomosada ao novo estômago para permitir a saída e a absorção dos alimentos que é chamada anastomose gastrojejunal. O funcionamento da cirurgia é através da restrição da ingestão de alimentos, e em menor parte por  disabsorção, uma vez que cerca de 150 cm de intestino delgado são desviados (técnica mista - predominantemente restritiva).

Como as operações para obesidade têm como base as ressecções gástricas e reconstruções com alças jejunais das mais diversas formas, uma gama de complicações da cirurgia bariátrica se sobrepõe ao rol de complicações inerentes às gastrectomias para doenças dispépticas, conhecidas desde os primórdios do desenvolvimento cirúrgico para tais doenças como síndromes pós-gastrectomias: síndrome de alças aferente e eferente, síndrome do estômago pequeno e a síndrome de dumping.

SINDROME DE DUMPING

A síndrome de dumping é uma complicação gastrointestinal oriunda das cirurgias para tratamento da obesidade (Cirurgias Bariátricas), mas também pode surgir como conseqüência de lesões ao nervo vago, sendo que é o quadro mais comum das síndromes que sucedem a gastrectomia (remoção cirúrgica de partes do estomago).

A síndrome de Dumping caracteriza-se por um conjunto de sintomas vasomotores e gastrointestinais, associados ao esvaziamento gástrico rápido ou à exposição súbita do intestino delgado aos nutrientes.

MECANISMOS DE AÇÃO E PRINCIPAIS SINTOMAS CLÍNICOS DA SINDROME DE DUMPING

Fisiologicamente falando, podemos dizer que o quadro de Dumping se inicia com a presença súbita do conteúdo gástrico na porção proximal do intestino delgado, tendo como resposta fisiológica a liberação de bradicinina,  serotonina  e  enteroglucagon , juntamente com líquido extracelular, levando ao sintomas iniciais (necessidade de deitar, palpitação, hipotensão arterial, taquicardia, fadiga, tontura, sudorese, dor de cabeça, rubor, calor, sensação de saciedade, dor, plenitude epigástrica,  diarreia , náusea, vômito, cólica, inchaço, e borborigmo) em menos de 30 minutos, e dentro de 90 minutos a 3 horas, aos sintomas tardios (transpiração, tremor, dificuldade em concentrar-se, perda de consciência e fome) devido à alta secreção de insulina provocando a hipoglicemia.

Ela ocorre com mais frequência após técnicas combinadas, podendo apresentar sintomas gastrointestinais e autonômicos, manifestando-se precoce ou tardiamente. Os sintomas precoces envolvem o esvaziamento rápido do conteúdo hipoosmolar do estômago para o intestino delgado, sintomas gastrointestinais como náuseas, cólica e diarreia.

Já os sintomas vasomotores tardios, estão relacionados ao aumento dos níveis de insulina, seguidos por hipoglicemia reativa, embora outros hormônios, como  glucagon , possam estar envolvidos também nesse processo.

Assim sendo, a síndrome de dumping caracteriza-se por um conjunto de sintomas vasomotores e gastrointestinais, associados ao esvaziamento gástrico rápido ou a exposição súbita do intestino delgado aos nutrientes.

Nesse caso, para facilitar o entendimento, podemos classificar a Síndrome de Dumping em 2 estágios:

ESTÁGIO 1/ FASE DUMPING PRECOCE: A crise de dumping precoce, aparece ainda enquanto o paciente se alimenta, ou dentro dos primeiros 30 minutos após a ingestão, iniciando com uma sensação de plenitude, sendo acompanhada por calor e transpiração na parte superior do tórax, e em alguns casos, pode envolver todo o corpo. Esses sintomas, muitas vezes estão associados a um intenso estado de prostração, astenia e mal estar, chegando o paciente a um quadro de fraqueza leve a extrema. São queixas que aumentam a insegurança desses pacientes em relação ao tipo de alimento que podem ingerir, suscitando inclusive medo de se alimentar, podendo evoluir com distúrbios nutricionais.

ESTÁGIO 2/ FASE DUMPING TARDIA: A síndrome de dumping tardia e a hipoglicemia reativa pode ocorrer quando o paciente ingere alimentos de alta osmolaridade, sendo principalmente os carboidratos simples e industrializados, que ao serem digeridos, sofrem fermentação pelas bactérias locais no intestino e atraem água para a luz intestinal, levando à diarreia.

O Estágio de Dumping tardia, pode ser caracterizado pela hipoglicemia reativa (ou reacional) com sintomas bastante similares, só que mais tardiamente, em torno de 60-180 min após a refeição, em função da elevação rápida da glicemia que provoca uma resposta exacerbada de liberação de insulina, levando conseqüentemente à uma reação de hipoglicemia, chamada então hipoglicemia reativa, cujo os principais sintomas são similares ao da Fase Dumping Precoce, tais como: náuseas, sudorese, palpitações, tremores, cólicas, diarreia, náuseas e vômitos, etc.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A obesidade é uma doença universal, de prevalência crescente, e que vem adquirindo proporções epidêmicas, sendo um dos principais problemas de saúde pública da sociedade moderna. É a mais comum e dispendiosa morbidade nutricional nos Estados Unidos e, junto com o tabagismo, a principal causa de mortes precoces no mundo.

Por outro lado, sabemos que o principal tratamento para obesidade é a mudança do estilo de vida, que inclui mudanças na dieta, prática de atividade física e alterações comportamentais. Alguns pacientes também podem precisar tomar medicamentos ou se submeter à cirurgia de perda de peso (cirurgia bariátrica). A técnica mais conhecida e estudada é a chamada Cirurgia de Bypass em Y de Roux, onde são realizados os procedimentos para redução gástrica, uma vez que o estômago é seccionado com um grampeador cirúrgico de maneira a se obter um novo estômago com capacidade consideravelmente reduzida, o que culminará no emagrecimento.

Como as operações para obesidade têm como base as ressecções gástricas e reconstruções com alças jejunais das mais diversas formas, uma gama de complicações da cirurgia bariátrica se sobrepõe ao rol de complicações inerentes às gastrectomias para doenças dispépticas, conhecidas desde os primórdios do desenvolvimento cirúrgico para tais doenças como síndromes pós-gastrectomias: síndrome de alças aferente e eferente, síndrome do estômago pequeno e a síndrome de dumping.

A Síndrome de Dumping se inicia com a presença súbita do conteúdo gástrico na porção proximal do intestino delgado, tendo como resposta fisiológica a liberação de substâncias como a bradicinina,  serotonina  e  enteroglucagon , juntamente com líquido extracelular, levando ao sintomas iniciais (necessidade de deitar, palpitação, hipotensão arterial, taquicardia, fadiga, tontura, sudorese, dor de cabeça, rubor, calor, sensação de saciedade, dor, plenitude epigástrica,  diarreia , náusea, vômito, cólica, inchaço, e borborigmo). Quando os sintomas ocorrem em menos de 30 minutos, chamamos de Estágio 1, porém quando dura de 90 minutos a 3 horas, chamamos de sintomas tardios (transpiração, tremor, dificuldade em concentrar-se, perda de consciência e fome) devido à alta secreção de insulina provocando a hipoglicemia, que chamamos de Reativa, em função da elevação rápida da glicemia que provoca uma resposta exacerbada de liberação de insulina com a manifestação de vários sintomas já aqui mencionados.

Dr. Edson Carlos Z. Rosa

Cirurgião, Fisiologista e Pesquisador em Ciências Médicas, Cirúrgicas e do Esporte

Diretor do Instituto de Medicina e Fisiologia do Esporte e Exercício (Metaboclinic Institute), Diretor Executivo do Centro Nacional de Ciências Cirúrgicas e Medicina Sistêmica (Cenccimes) / Diretor Executivo da União Brasileira de Médicos-Biocientistas (Unimédica) /  Presidente e Fundador da Ordem Nacional dos Cirurgiões Faciais (ONACIFA), Presidente e Fundador da Sociedade Brasileira de Medicina Humana (SOBRAMEH) e Ordem dos Doutores de Medicina do Brasil - ODMB, Doutor em Ciências Médicas e Cirúrgicas (h.c),

Pós-graduado em Clínica Medica - Medicina interna, Medicina e Fisiologia do Esporte/Exercício, Nutrologia e Nutromedicina, Fisiologia Humana Geral aplicada às Ciências da Saúde.

Escritor e Autor de Diversos Artigos na área de Medicina Geral, Medicina e Endocrinologia do Esporte, Cirurgia de Cabeça e Pescoço, Neurociência e Comportamento Humano.

Fundador-Gestor do e-Comitê Mundial de Médicos do Desporto e Exercício (Official World Group of Sports And Exercise Physicians), Fundador-Gestor Internacional de Cirurgiões Craniomaxilofaciais (The Official World Group of Craniomaxilofaciais Surgeons).

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