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Artigo - Imunologia humana: choque térmico versus sistema imunológico

Com a chegada da estação verão e as altas temperaturas, estamos mais predispostos as diferenças bruscas de temperatura, o que na maioria das vezes pode configurar o quadro de Choque Térmico.

Artigo - Imunologia humana: choque térmico versus sistema imunológico Crédito: Banco de imagens

O choque térmico é compreendido como uma mudança brusca de temperatura que o corpo humano sofre passando de um ambiente muito frio para um muito quente ou vice-versa.

Caracterizado por uma mudança brusca da temperatura corporal, ele é assimilado pelo organismo humano, que nessa situação perde sua capacidade fisiológica de se auto-regular, como um grande estresse e pode predispor sintomas como oscilação de pressão, vertigem, náuseas e, em casos mais sérios, até perda da consciência (síncope) e ainda chances de ocorrer uma paralisia facial temporária, AVC (Acidente Vascular Cerebral) ou um problema cardíaco, como um IAM (infarto agudo do miocárdio).

A INFLUÊNCIA DA MUDANÇA BRUSCAS DE TEMPERATURAS NO ORGANISMO HUMANO

Em primeiro lugar, devemos esclarecer que os humanos são seres homeotermos, ou seja, são capazes de regular a sua própria temperatura interna que é mantida constantemente em torno dos 37 graus Celsius. Nesse caso, qualquer alteração da temperatura corporal, irá culminar em estímulos na região do hipotálamo anterior (centro neurológico de controle da temperatura corporal humana), que desencadeará diversas reações do organismo para manutenção da temperatura padrão. Com isso, podemos dizer que a passagem repentina de baixa temperatura (frio) para altas temperaturas no calor, como quando se sai do carro refrigerado e recebe um golpe de ar quente em pleno sol forte, por exemplo, as artérias e vasos sanguíneos do organismo humano que estão mais estreitados em vasoconstrição, se dilatam rapidamente o que chamamos de vasodilatação aguda e com isso a pressão arterial cai, desencadeando uma hipotensão repentina, com sintomas de tontura, rubor facial, batimentos rápidos e sudorese (transpiração em excesso), que também pode levar a sintomas de desidratação, como fraqueza, dores de cabeça, convulsões e até desmaios.

Numa situação contrária, isto é, da entrada do calor para o frio, ocorre uma rápida vasoconstrição (diminuição do calibre arterial e venoso), seguida de um esforço da circulação (pós carga por resistência vascular periférica), ocorrendo uma elevação perigosa da pressão arterial, que em pessoas de idade mais avançada, ou com exames alterados, doenças prévias e maus hábitos de saúde pode causar angina pectoris(dores no peito), arritmias cardíacas e, em casos mais graves, insuficiência cardíaca e acidente vascular periférico. 

Destacamos ainda que com as mudanças bruscas de temperaturas altas para as baixas, podem ocorrer sintomas neurológicos involuntários como os tremores, que são estratégias do organismo de gerar energia e se aquecer (através da produção de catecolaminas moduladas pelo SNS); resfriamento das mãos, pés e rosto, pois o corpo prioriza a perfusão sanguínea dos órgãos vitais; respiração ofegante (pelo aumento do volume corrente), já que os níveis de oxigênio no sangue precisam se elevar para produzir energia; arrepios, para que os pêlos aumentarem a quantidade de ar entre eles e diminuir a perda de calor para o ambiente.

CHOQUE TÉRMICO E SISTEMA IMUNOLÓGICO

Como já mencionado nesse artigo, inúmeras são as alterações causadas no organismo humano em decorrência das mudanças bruscas e repentinas da temperatura e no sistema imunológico humano não é diferente, pois o choque térmico tem uma influência significativa, uma vez que ao estar exposto à bruscas variações de temperaturas, a mucosa ciliada presente nas vias aéreas superiores (cavidade nasal, oral, faringe) e inferiores (traquéia, brônquios e bronquíolos), podem ficar temporariamente paralisadas ou terem seu nível de funcionamento alterado parcialmente, favorecendo a instalação e disseminação de microorganismos patogênicos, podendo culminar em infecções, inflamações e quadros alérgicos freqüentes em pacientes com maior predisposição.

CONTROLE DA TEMPERATURA CORPORAL E PRÁTICA ESPORTIVA

Os exercícios físicos têm sido preconizados para a promoção da saúde e o tratamento não farmacológico das mais diversas doenças cardiovasculares. A prática regular de exercícios resulta em melhora na composição corporal e capacidade física, além de diminuição da resistência à insulina e da hipertensão arterial, melhorando assim a qualidade de vida. Durante o exercício físico, o calor é subproduto do próprio metabolismo, aumentando a temperatura corporal. Entretanto, o corpo humano precisa manter a temperatura estável, em torno de 37ºC, utilizando-se de mecanismos neurais e cardiovasculares.

O centro neural regulador da temperatura está localizado no hipotálamo anterior e recebe informação sobre a temperatura ambiente de termorreceptores da pele, e sobre a temperatura interna, dos termorreceptores no próprio hipotálamo anterior. A seguir, o hipotálamo organiza respostas apropriadas de geração ou dissipação de calor, as quais vão envolver a redistribuição arteriovenosa do sangue.

Assim sendo, indivíduos que apresentem comorbidades cardiovasculares como diabetes tipo II, hipercolesterolemia e hipertensão arterial podem apresentar os mecanismos de termorregulação prejudicados, o que inspira maiores cuidados na prática esportiva em relação às bruscas oscilações de temperatura.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os seres humanos são classificados como homeotermos, ou seja, são capazes de regular a sua própria temperatura interna que é mantida constantemente em torno dos 37 graus celsius. Assim sendo, qualquer alteração que possa se diferenciar dessa temperatura média corporal, irá culminar em estímulos na região do hipotálamo anterior (centro neurológico de controle da temperatura corporal humana), que desencadeará diversas reações do organismo para manutenção da temperatura padrão.

Os exercícios físicos em ambientes muito quentes ou frios geram uma sobrecarga fisiológica corporal, pois o organismo além de se preocupar com o exercício terá que regular a perda ou ganho de calor, pois a troca de calor poderá ser de várias maneiras, dentre elas: Condução – contato de uma superfície com a outra; ex: a mão quente que pega um copo frio; Convecção - o movimento de um gás ou líquido tira o calor de uma região; Radiação – é a principal forma de troca de calor durante o repouso; raios infravermelhos (termograma); Evaporação – é a principal forma de troca de calor durante o exercício.

O suor nada mais é do que um mecanismo de defesa do organismo, pois junto com moléculas de água nosso corpo libera calor para o meio externo. O aumento da umidade dificulta a transpiração e, por isso, há que se tomar muito cuidado com a prática de atividades físicas em ambientes muito úmidos.

O hipotálamo é a região do cérebro que contém o centro regulador da temperatura; controla os termoreceptores centrais (informam sobre a temperatura do sangue) e periféricos (informam sobre a temperatura da pele). O choque térmico tem uma influência significativa no sistema Imunológico humano, uma vez que ao estar exposto às bruscas variações de temperaturas, a mucosa ciliada presente nas vias aéreas superiores (cavidade nasal, oral, faringe) e inferiores (traquéia, brônquios e bronquíolos), podem ficar temporariamente paralisadas ou terem seu nível de funcionamento alterado parcialmente, favorecendo a instalação e disseminação de microorganismos patogênicos, podendo culminar em infecções, inflamações e quadros alérgicos freqüentes em pacientes com maior predisposição.

Dr. Edson Carlos Z. Rosa

Cirurgião, Fisiologista e Pesquisador em Ciências Médicas, Cirúrgicas e do Esporte

Diretor do Instituto de Medicina e Fisiologia do Esporte e Exercício (Metaboclinic Institute), Diretor Executivo do Centro Nacional de Ciências Cirúrgicas e Medicina Sistêmica (Cenccimes) / Diretor Executivo da União Brasileira de Médicos-Biocientistas (Unimédica) /  Presidente e Fundador da Ordem Nacional dos Cirurgiões Faciais (ONACIFA), Presidente e Fundador da Sociedade Brasileira de Medicina Humana (SOBRAMEH) e Ordem dos Doutores de Medicina do Brasil - ODMB, Doutor em Ciências Médicas e Cirúrgicas (h.c),

Pós-graduado em Clínica Medica - Medicina interna, Medicina e Fisiologia do Esporte/Exercício, Nutrologia e Nutromedicina, Fisiologia Humana Geral aplicada às Ciências da Saúde.

Escritor e Autor de Diversos Artigos na área de Medicina Geral, Medicina e Endocrinologia do Esporte, Cirurgia de Cabeça e Pescoço, Neurociência e Comportamento Humano.

Fundador-Gestor do e-Comitê Mundial de Médicos do Desporto e Exercício (Official World Group of Sports And Exercise Physicians), Fundador-Gestor Internacional de Cirurgiões Craniomaxilofaciais (The Official World Group of Craniomaxilofaciais Surgeons).

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