PALAVRA DO ESPECIALISTA

Artigo - Você já teve a sensação repentina de tonturas na academia ou na prática esportiva?

VERTIGEM POSICIONAL PAROXÍSTICA BENIGNA (VPPB)

A Vertigem Posicional Paroxística Benigna (VPPB) é a mais comum das vestibulopatias periféricas (doenças do laribinto presentes na região do ouvido interno). Pode ser considerada como uma forma comum de tontura vertiginosa, sendo responsável por quase metade dos pacientes com disfunção vestibular periférica.

Artigo - Você já teve a sensação repentina de tonturas na academia ou na prática esportiva? Crédito: Banco de imagens

A Vertigem Posicional Paroxística Benigna (VPPB) é a mais comum das vestibulopatias periféricas (doenças do laribinto presentes na região do ouvido interno). Pode ser considerada como uma forma comum de tontura vertiginosa, sendo responsável por quase metade dos pacientes com disfunção vestibular periférica.

Considerada uma condição de origem benigna, a VPPB costuma ser de simples resolução após a abordagem profissional correta e muitas vezes cursa com procedimentos específicos para o reposicionamento das partículas, conhecidas como Cristais de Carbonato de Cálcio, que se deslocam erroneamente para outras regiões anatômicas do ouvido interno, gerando uma irritação local e assim desencadeando os sintomas de vertigem.

Na tontura vertiginosa, o paciente irá relatar ilusão de movimento rotatório (sensação das coisas girando) em torno do ambiente ou vice-versa. Constantemente são confundidas com tontura inespecífica, desequilíbrio e pré-síncope.

A incidência desse quadro, varia entre 11 e 64 casos por 100 mil habitantes, sendo que a prevalência de VPPB aumenta com a idade e é cerca de sete vezes maior naqueles com mais de 60 anos, em comparação com aqueles com 18 a 39 anos, sendo rara na infância.

Estudos científicos, mostram que a VPPB foi mais comum em mulheres do que em homens, com uma relação relatada de 2 a 3 mulheres para cada homem.

A maioria dos casos de VPPB são idiopáticos (desconhecidos), mas pode ser ocasionado por traumatismo crânio-encefálico, insuficiência vertebrobasilar, pós-cirurgia otológica, hidropisia endolinfática, neurite vestibular ou doença de orelha média, dentre outros fatores.

FISIOPATOLOGIA DA VPPB – COMO ELA OCORRE NO ORGANISMO

A Vertigem Posicional Paroxística Benigna (VPPB) ocorre na região do labirinto, presente no ouvido interno, devido ao deslocamento dos cristais de carbonato de cálcio (otólitos) do utrículo para o canal semicircular (CSC) posterior, superior ou lateral (canalitíase) ou, mais raramente, aderem à cúpula desses canais (cupulolitíase).

Podemos dizer que o canal semicircular posterior (CSC) é o local mais comum de canalitíase, que ocorre quando a cabeça é direcionada na posição desencadeadora da vertigem, em que os detritos de carbonato de cálcio se movem com a endolinfa, movimentando a cúpula e aumentando o índice de disparo dos neurônios do CSC estimulado, ocorrendo os sintomas clássicos da doença.

PRINCIPAIS SINAIS E SINTOMAS DA VPPB

Pacientes com VPPB apresentam episódios recorrentes de vertigem rotatória que duram um minuto ou menos, de curta duração e forte intensidade, sendo desencadeados por movimentos rápidos da cabeça, como olhar para cima em pé ou sentado, deitar ou levantar da cama e rolar na cama.

Na posição ortostática (em pé), podem ocorrer ataques iniciados por movimentos brusco, que podem levar a quedas, ou em casos menos intensos o paciente pode referir tendência à queda para trás, além disso os sintomas podem estar associados a náuseas e vômitos.

Os principais sintomas da vertigem posicional paroxística benigna (VPPB) são:

  • Tontura ao levantar, deitar ou virar na cama;
  • Vertigem rotatória, com sensação de tudo estar rodando ao redor;
  • Tontura intensa ao movimentar a cabeça, como virar a cabeça para trás, lados ou para baixo;
  • Perda do equilíbrio;
  • Náuseas e vômitos;
  • Movimentos involuntários com os olhos, chamado  nistagmo.

A sensação de tontura geralmente é rápida e dura menos de 1 minuto, mas em alguns casos pode persistir acontecendo vários episódios durante semanas ou meses, prejudicando o dia-a-dia e dificultando as tarefas diárias cotidianas.

PRINCIPAIS ABORDAGENS DE TRATAMENTO PARA A VPPB

Para pacientes com VPPB existe um sinal clínico bastante freqüente e comumente observado pelos profissionais durante a abordagem ao paciente que é o Nistagmo (movimentos involuntários e repetitivos dos olhos).

Pacientes que possuem um quadro de VPPB de canal posterior, o tratamento consiste na realização de manobras de reposicionamento de partículas.

As manobras de Epley e de Semont são as mais usadas e têm o objetivo de movimentar os cristais de carbonato de cálcio até que eles retornem ao utrículo com eficácia próxima a 80%. As manobras de tratamento estimulam os detritos a migrar em direção comum dos canais anterior e posterior e assim a sair para a cavidade utricular.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como visto nesse artigo, a Vertigem Posicional Paroxística Benigna (VPPB) é um quadro bastante freqüente na população, porém gera sintomas bastante incômodos que podem ocorrer em qualquer hora do dia e em qualquer lugar.

Se trata de uma patologia envolvendo a região do labirinto, estrutura presente no ouvido interno, que devido ao deslocamento dos cristais de carbonato de cálcio (otólitos) do utrículo para o canal semicircular (CSC) posterior, superior ou lateral (canalitíase) ou, mais raramente, à cúpula (cupulolitíase), culminam nos sintomas de tonturas e vertigens, podendo estar associados à náuseas e vômitos.

A VPPB na maior parte das vezes é desencadeada por movimentos bruscos e repentinos da cabeça, principalmente durante a execução dos exercícios na academia e levantamento de pesos (treinamento resistido de musculação) nos quais muitas vezes ficamos submetidos à determinadas posturas durante alguns segundos, sendo suficientes para a geração dos sintomas, principalmente para os indivíduos mais suscetíveis a esse quadro.

Dr. Edson Carlos Z. Rosa

Cirurgião, Fisiologista e Pesquisador em Ciências Médicas, Cirúrgicas e do Esporte

Diretor do Instituto de Medicina e Fisiologia do Esporte e Exercício (Metaboclinic Institute), Diretor Executivo do Centro Nacional de Ciências Cirúrgicas e Medicina Sistêmica (Cenccimes) / Diretor Executivo da União Brasileira de Médicos-Biocientistas (Unimédica) /  Presidente e Fundador da Ordem Nacional dos Cirurgiões Faciais (ONACIFA), Presidente e Fundador da Sociedade Brasileira de Medicina Humana (SOBRAMEH) e Ordem dos Doutores de Medicina do Brasil - ODMB, Doutor em Ciências Médicas e Cirúrgicas (h.c),

Pós-graduado em Clínica Medica - Medicina interna, Medicina e Fisiologia do Esporte/Exercício, Nutrologia e Nutromedicina, Fisiologia Humana Geral aplicada às Ciências da Saúde.

Escritor e Autor de Diversos Artigos na área de Medicina Geral, Medicina e Endocrinologia do Esporte, Cirurgia de Cabeça e Pescoço, Neurociência e Comportamento Humano.

Fundador-Gestor do e-Comitê Mundial de Médicos do Desporto e Exercício (Official World Group of Sports And Exercise Physicians), Fundador-Gestor Internacional de Cirurgiões Craniomaxilofaciais (The Official World Group of Craniomaxilofaciais Surgeons).

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