No entanto, queiramos ou não, existem processos como a atração ou a paixão mais obsessiva que muitas pessoas experimentam, em que a neurobioquímica delimita por si mesma um fascinante e complexo território que também define parte do que somos.
Desse modo, sabemos que temas como o amor, do ponto de vista romântico ou filosófico, é algo de que os poetas e escritores falam diariamente e que todos nós gostamos de mergulhar nesses universos literários onde se idealiza um sentimento que às vezes dá lugar a mais mistérios do que certezas. No entanto, existem diferenças entre os termos amor e paixão, pois são reações neurobioquímicas diferentes que ocorrem no cérebro humano. Diversos estudos sobre o assunto, revelam que de um modo geral, a humanidade parece fazer uso de três “tendências” cerebrais distintas:
- A primeira é aquela em que o impulso sexual guia grande parte de nossos comportamentos;
- A segunda se refere ao “amor romântico”, onde são geradas as relações de dependência e de alto custo emocional e pessoal.
- A terceira é aquela que forma um apego saudável, onde o casal constrói uma cumplicidade significativa da qual ambos os membros se beneficiam.
No entanto, como já mencionado no texto acima, diversas são as reações fisiológicas que ocorrem no cérebro humano, quando existe a aproximação entre duas pessoas (parceiros em potencial), que através da produção e inibição de inúmeras substancias neurobioquímicas, produzem os pensamentos, sentimentos e comportamentos típicos do contexto amoroso.
ASPECTOS NEUROFISIOLÓGICOS DO AMOR
Podemos dizer que o sentimento de Atração é o resultado de um conjunto de reações bioquímicas entre os neurotransmissores do cérebro que mediam todo o processo, culminando em outros sentimentos secundários, tais como euforia, felicidade, desejo, apego, obsessão, ciúmes, dentre outros. Por outro lado, vale destacar a individualidade de cada ser humano nesse quesito comportamental mediado pela atração, ou seja algumas pessoas possuem tendências de produzir determinados comportamentos e sentimentos nessa fase.
Algumas substancias envolvidas nesse processo inicial da Atração e dos demais desdobramentos da mesma são: Proteínas MHC, Dopamina, Norepinefrina, Serotonina, Feniletilamina,Ocitocina, Testosterona, dentre outros que iremos detalhar brevemente agora.
As Proteínas MHC na Neurobioquímica do Amor:
Essas substâncias possuem essa sigla por serem proteínas do complexo principal de histocompatibilidade (MHC) e atuam no sistema imunológico, participando da apresentação de antígenos aos linfócitos T, auxiliando o organismo a identificar o que é próprio dele e o que não faz parte do mesmo. No entanto, as mesmas também são responsáveis por liberar um odor individual inconsciente em cada organismo humano, sendo exatamente esse odor responsável por um dos mecanismos iniciais da Atração Humana.
A molécula de Dopamina na Neurobioquímica do Amor:
A dopamina é um neurotransmissor que atua em diversas regiões do cérebro, sendo que a sua ação influencia nossas emoções, aprendizado, humor e atenção.
Uma das principais características da dopamina está em sua ação no chamado sistema de recompensa, sendo que ao realizarmos determinadas atividades, como beijo, ato sexual, dentre outros, a área tegmental do cérebro recebe os estímulos e ocorre a liberação de dopamina em massa determinadas regiões do cérebro, dando a sensação de prazer. Outras regiões do cérebro, como o nucleus accumbens, também são estimuladas, gerando a sensação de prazer e recompensa, atuando como ato de motivação e no reforço positivo para as atividades que garantem a manutenção da vida e da espécie.
Se trata de uma substância química relacionada essencialmente com o prazer e a euforia. Há pessoas que, de repente, se tornam o objeto de todas as nossas motivações quase que instintivamente, pois estar com elas nos gera um prazer indiscutível, um bem-estar sensacional e uma atração às vezes cega, não é verdade?
A dopamina, por sua vez, é o neurotransmissor que também desempenha o papel de hormônio e que está associado a um sistema de recompensa muito poderoso, ao ponto de ter em nosso cérebro até 5 tipos de receptores de dopamina.
A molécula de Noradrenalina na Neurobioquímica do Amor:
A norepinefrina, também conhecida como noradrenalina, é um neurotransmissor que é liberado, principalmente quando estamos em uma situação de estresse ou perigo. Tem os mesmos efeitos que a adrenalina, mas principalmente a nível central; portanto, é considerado como um neurotransmissor.
Lembram da sensação de mãos suadas, falta de apetite e sono e perda da razão em absoluto ?
Esses sintomas são típicos da ação Norepinefrina, a qual estimula a produção de adrenalina. É ela quem faz com que o coração acelere, que a palma de nossas mãos suem, e que se ativem ao máximo todos os nossos neurônios noradrenérgicos.
O sistema da noradrenalina tem pouco mais de 1.500 neurônios em cada lado do cérebro, não é muito, mas quando ativados se “multiplicam”, por assim dizer, um sentimento transbordante de euforia, exuberância, de nervosismo excessivo ao ponto de desativar por exemplo, a sensação de fome ou a indução do sono. Lembram disso ??
A molécula de Feniletilamina na Neurobioquímica do Amor:
Feniletilamina ou beta-fenetilamina, também conhecida como "hormônio da paixão", é um neurotransmissor cuja molécula se parece muito com a anfetamina, e cuja produção no cérebro suspeita-se possa ser desencadeada por eventos simples como uma troca de olhares ou um aperto de mãos.
Como a própria palavra nos indica, estamos diante de um elemento que= compartilha muitas semelhanças com as anfetaminas e que, combinada com a dopamina e a serotonina, sintetiza a receita perfeita para um filme de amor. Como um fato curioso, se há um alimento famoso por conter feniletilamina, é o chocolate. No entanto, sua concentração não é tão elevada quanto em alguns tipos de queijos.
Este composto orgânico é como um dispositivo biológico que procura “intensificar” todas as nossas emoções. Digamos que a Feniletilamina, é quem constitui a autêntica química do amor para fazer os indivíduos sentirem felizes, realizados e motivados.
A molécula de Ocitocina na Neurobioquímica do Amor:
A ocitocina é um hormônio produzido no cérebro que age facilitando parto e a amamentação e regula as interações sociais, expressão das emoções e a libido, aumentando o prazer no contato íntimo.
A oxitocina é o hormônio que molda o amor em “letras maiúsculas”. Já não falamos da mera “paixão” ou da atração (onde as substâncias acima mencionadas intervêm mais); nos referimos à necessidade de cuidar do ser amado, de lhe proporcionar carinho, de acariciá-lo, de ser parte da pessoa amada em um compromisso a longo prazo.
Por outro lado, cabe destacar mais uma vez que a oxitocina está associada, acima de tudo, à geração de laços afetivos, e não apenas aos relacionados à maternidade ou à sexualidade. Sabe-se, por exemplo, que quanto maior é o contato físico humano, maior será a produção de oxitocina nosso cérebro.
A molécula de Serotonina na Neurobioquímica do Amor:
A serotonina é um neurotransmissor produzido a partir de um aminoácido, o triptofano, que pode estar relacionada com várias funções no organismo como regulação do sono e da temperatura corporal, promoção do bom humor e da sensação de bem estar e melhora das funções cognitivas.
Durante as fases iniciais do amor romântico, a liberação de serotonina pode diminuir, levando a sentimentos de euforia, obsessão e pensamentos constantes sobre o objeto de amor.
A molécula de Endorfina na Neurobioquímica do Amor:
A endorfina é um hormônio, assim como a noradrenalina, a acetilcolina e a dopamina, é uma substância química utilizada pelos neurônios na comunicação do sistema nervoso.
São neurotransmissores que atuam como analgésicos naturais e promovem sensações de prazer e alívio. “Durante a fase de paixão intensa, a liberação de endorfinas é aumentada, proporcionando uma sensação de felicidade, êxtase e bem-estar.
CONSIDERAÇÕES FINAIS:
A química do amor é autêntica por uma razão muito simples, cada emoção é impulsionada por um neurotransmissor particular, um componente químico que o cérebro irá liberar com base em um determinado conjunto de estímulos e fatores mais ou menos conscientes.
Essa é a maravilhosa maquina humana com todas as suas reações internas que determina aquilo que nos faz pensar, sentir, se comportar e agir.
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