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ARTIGO - PRINCIPAIS TIPOS DE ENXERTOS ÓSSEOS PARA A REGIÃO DO CRÂNIO E FACE

ENXERTOS ÓSSEOS NAS CIRURGIAS CRÂNIOMAXILOFACIAIS

ARTIGO - PRINCIPAIS TIPOS DE ENXERTOS ÓSSEOS PARA A REGIÃO DO CRÂNIO E FACE ENXERTOS ÓSSEOS NAS CIRURGIAS CRÂNIOMAXILOFACIAIS
Crédito: Banco de imagens

Existem diversos tipos de técnicas e de enxertos ósseos, sendo que os mesmos se dividem em 5 tipos, basicamente:

* Autógenos (retirados do próprio organismo);

* Aloplásticos (de origem sintética);

* Alógeno (doadores da mesma espécie);

* Xenógeno (doadores de espécie diferente, como exemplo, origem bovina);

* Engenharia genética (estimulam a formação óssea sem a necessidade de áreas doadoras).

Pesquisas ao longo dos anos demonstram que os melhores resultados são alcançados utilizando-se o osso autógeno, embora necessitem uma área doadora para sua obtenção, e consequentemente uma cirurgia um pouco mais extensa. Quando grandes volumes ósseos são necessários, geralmente opta-se por remover osso de áreas distantes da face, como por exemplo a calota craniana (crânio) e a crista do osso ilíaco (bacia). Estas cirurgias geralmente demandam internação hospitalar e anestesia geral. Em situações onde pequenas quantidades ósseas são requeridas, as cirurgias podem ser realizadas em consultório, sob anestesia local, podendo ser assistidas com técnicas de sedação endovenosa, o que reduz o grau de ansiedade do paciente e o desconforto cirúrgico. As áreas de remoção de pequenos enxertos ósseos podem também ser retiradas da linha obliqua da mandíbula, do mento (queixo) e da tuberosidade Maxilar, dentre outras. Os enxertos ósseos podem ser classificados, de acordo com o seu formato, em particulados ou em bloco. Os enxertos particulados serão bem indicados em situações em que áreas pequenas deverão ser preenchidas ou em cavidades (seio maxilar, cavidade orbital, etc). Normalmente, esses tipos de enxertos deverão ser recobertos por membranas ou telas metálicas, para que possam cicatrizar. Já os enxertos particulados, principalmente quando utilizados para preenchimento de cavidades podem ser obtidos de diversas formas, apresentando-se em enxertos particulados de origem bovina e também os sintetizados em laboratório (os mais utilizados atualmente). Os enxertos em forma de blocos deverão ser utilizados em regiões onde as perdas ósseas forem severas e necessitam se fixar ao leito receptor de uma forma rígida e estável, sendo nesses casos, utilizados os parafusos metálicos. Atualmente, novas tecnologias tem sido pesquisadas e o uso da engenharia genética tem nos permitido utilizar substancias capazes de induzir a formação óssea sem a necessidade de lançarmos mão de áreas doadoras. Para essa técnica, destacamos as proteínas ósseas morfogenéticas (RHBMPS), nas quais vem sendo utilizadas, com sucesso, em algumas situações específicas e sua comercialização já está regulamentada pela Agencia Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).

 

DIFERENTES TIPOS DE TÉCNICAS PARA OS ENXERTOS ÓSSEOS

 

1. TÉCNICA DE ESTIMULAÇÃO OSTEOGÊNICA

 

Como apenas células vivas podem produzir um novo osso, o sucesso de qualquer procedimento de enxerto ósseo depende do fato de haver formação óssea suficiente ou células osteogênicas na área. Em algumas situações, os tecidos saudáveis ao redor do local do enxerto irão conter um número suficiente de células formadoras de ossos, entretanto, em diversos cenários clínicos, o número de células formadoras de ossos nos tecidos próximos pode ser limitado. Assim sendo, áreas de cicatrização, cirurgias anteriores, infecções, espaços entre ossos ou até áreas previamente tratadas com radioterapia costumam ser deficientes de células formadoras de ossos, chamadas de Osteoblastos. Com a abordagem da Medicina Regenerativa, células formadoras de ossos podem ser adicionadas a um local de enxerto, no qual é feita a transferência de células formadoras de ossos com a utilização de medula óssea, podendo ser obtida por uma agulha, sem necessidade de cirurgia. A medula óssea pode ser injetada no local do enxerto ou misturada com outros componentes como um enxerto composto, onde tanto o transplante de uma porção óssea de um paciente quanto o transplante apenas da medula óssea, são referidos como auto-enxertos ou enxertos ósseos autógenos. Quando a medula óssea ou outros materiais de enxerto são injetados no paciente, define-se o método como sendo enxerto ósseo minimamente invasivo.  

 

2. ESTIMULAÇÃO OSTEOCONDUTORA

A técnica de osteocondução se refere à capacidade que alguns materiais tem para servirem de armação para as células ósseas se fixarem, migrarem, crescerem e se dividir. Podemos dizer que os materiais osteocondutores auxiliam as células ósseas para que possam preencher todos os espaços entre as extremidades ósseas, atuando como um espaçador, reduzindo a possibilidade dos tecidos crescerem ao redor do local do enxerto, porém não são tão eficazes como os enxertos autólogenos. Entretanto, quando usados de modo apropriado, esses materiais podem oferecer uma alternativa eficiente para vários pacientes. Isso pode evitar que muitos deles tenham que passar por uma cirurgia extra, necessária para transplantar o seu próprio osso. Há muitos materiais osteocondutores disponíveis e vários outros estão sendo desenvolvidos, incluindo osso humano processado (aloenxerto ósseo), colágeno purificado, diversas cerâmicas de fosfato de cálcio e polímeros sintéticos, sendo que alguns materiais são reabsorvidos pelo próprio organismo, enquanto outros podem permanecer no local do enxerto por muitos anos.

 

3. ESTIMULAÇÃO OSTEOINDUTORA

A indução da formação óssea (osteogênese), se refere à capacidade de muitas substâncias presentes no organismo de estimular as células-tronco primitivas ou células ósseas imaturas a crescerem e amadurecerem, formando tecido ósseo saudável. Podemos dizer que esse processo envolve diversos tipos de moléculas protéicas chamadas de “fatores de crescimento, sendo peptídeos” ou “citocinas”. Muitos desses fatores de crescimento estão presentes no osso humano normal e assim foram desenvolvidos métodos para processar osso humano e preparar matriz óssea, a qual retém os fatores normais de crescimento, porém com limitação ao risco de transmissão de doenças ou viroses. Esse método produz um aloenxerto ósseo processado, sendo idealizado para os cirurgiões poderem usar como um estímulo osteoindutor, representado por um grupo de proteínas chamadas proteínas morfogenéticas ósseas (BMPs, do original em inglês), as quais possuem um efeito poderoso na estimulação da formação óssea.  

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Na medida em que a ciência avança ao longo de tempo, inúmeras técnicas inovadoras surgirão, a partir de moléculas de fatores de crescimento já conhecidas e que provavelmente terão um relevante valor clínico no futuro. Podemos destacar aqui o Fator de Crescimento Epidérmico (EGF), Fator de Crescimento Derivado de Plaquetas (PDGF), Fator de Crescimento Fibroblástico (FGFs), Peptídeo Relacionado ao Hormônio da Paratireoide (PTHrp), Fator de Crescimento Similar à Insulina (IGFs) e Fator Transformador de Crescimento Beta (TGF-B). Muitos desses fatores estão sendo investigados enfaticamente e trarão em breve novidades promissoras para áreas cirúrgicas como a Cirurgia da Face (CCMF/CTBMF), Ortopedia, dentre outras.

Dr. Edson Carlos Z. Rosa

Cirurgião, Fisiologista e Pesquisador em Ciências Médicas, Cirúrgicas e do Esporte

Diretor do Instituto de Medicina e Fisiologia do Esporte e Exercício (Metaboclinic Institute), Diretor Executivo do Centro Nacional de Ciências Cirúrgicas e Medicina Sistêmica (Cenccimes) / Diretor Executivo da União Brasileira de Médicos-Biocientistas (Unimédica) /  Presidente e Fundador da Ordem Nacional dos Cirurgiões Faciais (ONACIFA), Presidente e Fundador da Sociedade Brasileira de Medicina Humana (SOBRAMEH) e Ordem dos Doutores de Medicina do Brasil - ODMB, Doutor em Ciências Médicas e Cirúrgicas (h.c),

Pós-graduado em Clínica Medica - Medicina interna, Medicina e Fisiologia do Esporte/Exercício, Nutrologia e Nutromedicina, Fisiologia Humana Geral aplicada às Ciências da Saúde.

Escritor e Autor de Diversos Artigos na área de Medicina Geral, Medicina e Endocrinologia do Esporte, Cirurgia de Cabeça e Pescoço, Neurociência e Comportamento Humano.

Fundador-Gestor do e-Comitê Mundial de Médicos do Desporto e Exercício (Official World Group of Sports And Exercise Physicians), Fundador-Gestor Internacional de Cirurgiões Craniomaxilofaciais (The Official World Group of Craniomaxilofaciais Surgeons).

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