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ARTIGO - MEDICINA COMPORTAMENTAL X TEMPERATURA CLIMÁTICA

Por que as emoções e o comportamento humano variam conforme as diferentes estações do ano ?

MEDICINA COMPORTAMENTAL X TEMPERATURA CLIMÁTICA Por que as emoções e o comportamento humano variam conforme as diferentes estações do ano ?
Crédito: Banco de imagens

NEUROFISIOLOGIA HUMANA APLICADA À TERMORREGULAÇÃO

Inúmeros estudos científicos evidenciaram que alterações emocionais e comportamentais em humanos, estão relacionadas a exposição à luz do sol (Raios UV), por estimulo na produção de alguns neuro-hormonios tais como; serotonina, dopamina e melatonina, (substâncias responsáveis pelo bom humor, regulação do ciclo do sono, energia e motivação. Esse fato se confirma pela constatação de que em países onde a incidência do sol é menor, o número de casos de pessoas com depressão é maior, enquanto que em países tropicais, o povo costuma ser mais bem-humorado, receptivo e com mais energia. Já é sabido no meio científico, que algumas pessoas, poderão desenvolver durante as baixas temperaturas de inverno, uma alteração comportamental, denominada de Transtorno Afetivo Sazonal (TAS), que é um tipo de transtorno depressivo que pode ocorrer em determinadas épocas do ano nas quais há ausência de sol, porém possui características distintas da doença depressão, que poderá ocorrer em qualquer época do ano. O Transtorno Afetivo Sazonal (TAS), pode incluir sintomas semelhantes a depressão, como isolamento, tristeza, negativismo e falta de ânimo, no entanto, indivíduos que desenvolvem este transtorno, tendem a se recuperar quando expostas novamente ao sol e períodos quentes. Além disso, os raios UV solares, são responsáveis pela produção de colecalciferol (forma ativa da vitamina D), tendo uma forte relação com a saúde neurológica, inclusive, influenciando positivamente a produção de níveis adequados de serotonina (5HT) neuronal. Pesquisadores estudaram mais de mil idosos, checando os níveis de vitamina D no sangue e realizando testes neuropsicológicos, sendo que aqueles que tinham níveis suficientes de vitamina D séricos (presentes no sangue), sintetizados pela luz solar, tiveram um melhor desempenho nos testes cognitivos. Entretanto, aqueles que tinham níveis deficientes ou insuficientes da vitamina, apresentavam menor capacidade de raciocínio e de percepção. Estudou-se também a relação entre a exposição à luz do sol e funções cognitivas como memória, concentração e orientação temporal. As pessoas com depressão que não se expunham muito ao sol tinham uma probabilidade maior de desenvolver prejuízos cognitivos como déficit da memória, isso ocorre porque a luz solar aumenta a perfusão cerebral (fluxo sanguíneo no cérebro), estando relacionado com as funções cognitivas e maior disponibilidade de neurotransmissores como serotonina, dopamina, endorfina, responsáveis pelo prazer, euforia, bem estar e equilíbrio.

MECANISMO DE AÇÃO FISIOLÓGICO PARA REGULAÇÃO DE TEMPERTURA

A capacidade de regular a temperatura corporal, característica especial dos animais homeotérmicos, é exercida pelo hipotálamo. Este é informado da temperatura corporal, não só por termorreceptores periféricos, mas principalmente por neurônios que funcionam como termorreceptores. A termorregulação está associada à homeostase da temperatura corporal do organismo, e o controle da temperatura é exercido através de mecanismos do SNA Simpático. Os seres humanos são homeotérmicos, ou seja, mesmo sob grandes variações de temperatura ambiental, a nossa temperatura central (interna) sofre variação mínima. A temperatura ideal do corpo humano é de 36,5 à 37 graus Celsius. Podemos dizer que existe um ponto de ajuste interno, no qual o corpo estabelece como sendo o ideal, pois temos receptores, que são sensores que percebem as variações da temperatura, comparam isso com o ponto de ajuste hipotalâmico e ativam vias efetoras para corrigir os parâmetros. 

O hipotálamo funciona como um termostato capaz de detectar as variações de temperatura do sangue que por ele passa e ativar os mecanismos de perda ou de conservação do calor necessários à manutenção da temperatura normal.

Existem no hipotálamo dois centros frequentemente denominados:

- Centro da perda do calor, situado no hipotálamo anterior (ou pré-óptico):

Estimulações nesse desencadeiam fenômenos de vasodilatação periférica e

sudorese, que resultam em perda de calor

- Centro da conservação do calor, situado no hipotálamo posterior:

Estimulações nessa região, resultam em vasoconstrição periférica, tremores

musculares (calafrios) e até mesmo liberação do hormônio tireoidiano, que

aumentam o metabolismo o qual gera calor.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como dito anteriormente, diversos estudos nos mostram que a temperatura ambiente tem fortes correlações com a quantidade de produção de diversos e neurotransmissores, dentre eles a serotonina, uma importante substância química do cérebro que regula a ansiedade, a felicidade e o humor em geral. Desse modo, podemos evidenciar algumas alterações psicoemocionais decorrentes do convívio com as temperaturas típicas das estações do ano, na qual destacamos a Depressão Sazonal, que poderá ocorrer em determinadas estações do ano, sendo mais comum no inverno e no outono. Acredita-se que nesses períodos em que há pouca luz solar, a produção de serotonina no cérebro é prejudicada, reduzindo a quantidade desse hormônio que é conhecido por regular o humor das pessoas, trazendo sintomas como compulsões alimentares (maior desejo de comer, principalmente alimentos calóricos), aumento de peso, necessidade de se isolamento, excesso de sono, desmotivação e falta de energia. Ainda assim , ressalto que necessitamos de maiores estudos de cunho cientifico conclusivos para podemos esclarecer melhor essas questões envolvendo a relação entre Comportamento Humano e as diferentes temperaturas climáticas.

Dr. Edson Carlos Z. Rosa

Cirurgião, Fisiologista e Pesquisador em Ciências Médicas, Cirúrgicas e do Esporte

Diretor do Instituto de Medicina e Fisiologia do Esporte e Exercício (Metaboclinic Institute), Diretor Executivo do Centro Nacional de Ciências Cirúrgicas e Medicina Sistêmica (Cenccimes) / Diretor Executivo da União Brasileira de Médicos-Biocientistas (Unimédica) /  Presidente e Fundador da Ordem Nacional dos Cirurgiões Faciais (ONACIFA), Presidente e Fundador da Sociedade Brasileira de Medicina Humana (SOBRAMEH) e Ordem dos Doutores de Medicina do Brasil - ODMB, Doutor em Ciências Médicas e Cirúrgicas (h.c),

Pós-graduado em Clínica Medica - Medicina interna, Medicina e Fisiologia do Esporte/Exercício, Nutrologia e Nutromedicina, Fisiologia Humana Geral aplicada às Ciências da Saúde.

Escritor e Autor de Diversos Artigos na área de Medicina Geral, Medicina e Endocrinologia do Esporte, Cirurgia de Cabeça e Pescoço, Neurociência e Comportamento Humano.

Fundador-Gestor do e-Comitê Mundial de Médicos do Desporto e Exercício (Official World Group of Sports And Exercise Physicians), Fundador-Gestor Internacional de Cirurgiões Craniomaxilofaciais (The Official World Group of Craniomaxilofaciais Surgeons).

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