O diabetes tipo 2 é uma das doenças de longo prazo mais comuns e mais temidas – em todo o mundo. Ligada a diversas complicações, podendo causar inclusive doenças cardíacas, danos nos nervos, problemas oculares e problemas renais, o diabetes tipo 2 também aumenta os riscos de incapacidade e morte precoce. “Diabetes é um termo genérico para condições que envolvem níveis elevados de açúcar no sangue. Ela pode ocorrer devido a defeitos na secreção ou na ação do hormônio insulina, que é produzido no pâncreas, pelas chamadas células beta. A função principal da insulina é promover a entrada de glicose para as células do organismo de forma que ela possa ser utilizada em diversas atividades celulares. A falta da insulina ou um defeito na sua ação resulta, portanto, em acúmulo de glicose no sangue, o que chamamos de hiperglicemia. A condição, quando não controlada, pode trazer consequências negativas para a visão, rins, coração, nervos e membros inferiores, além de provocar desidratação, dificuldade de cicatrização e complicações respiratórias”, explica a médica nutróloga Dra. Marcella Garcez, diretora e professora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN).
“Se os exames laboratoriais mostrarem que uma pessoa tem pré-diabetes é sinal de que já existem alterações no metabolismo dos açúcares e que estratégias para retardar ou prevenir o aparecimento do diabetes tipo 2 são necessárias. É sempre importante lembrar que diabetes é doença crônica, que pode ser controlada, mas não tem cura”, acrescenta a médica nutróloga.
A médica explica que uma abordagem testada e aprovada leva em consideração uma dieta saudável de baixa caloria, combinada com pelo menos 150 minutos de atividade. Recomenda-se perder pelo menos 7% do peso corporal. O balanço energético negativo, com ingestão de menos calorias do que o corpo gasta, é uma estratégia interessante, segundo a nutróloga, mas é necessário avaliar também a qualidade nutrológica dos alimentos ingeridos. “De forma alguma 300kcal (calorias) de salada, vegetais e proteínas magras tem o mesmo efeito metabólico que 300kcal de algodão doce. Alimentos de calorias vazias, sem nutrientes, ricos em carboidratos simples, como os doces, aumentam o pico de insulina, que pode aumentar os riscos de desenvolver diabetes e doenças metabólicas”, afirma a Dra. Marcella. “A terapia com medicamentos utilizados para tratar diabetes, em doses apropriadas, também pode ser indicada por um médico”, acrescenta.
O melhor caminho é não medir esforços para prevenir ou retardar o diabetes. “A modificação intensiva do estilo de vida continua sendo a melhor maneira de reduzir o risco de desenvolver diabetes tipo 2. Pode ajudá-lo a evitar ou retardar o diabetes, obter benefícios adicionais associados à perda de peso e reduzir o risco de doenças cardíacas e derrames. Com relação às mudanças no estilo de vida, é necessário melhorar hábitos alimentares, incluir exercícios físicos, melhorar hábitos de sono, evitar alcoolismo e tabagismo. Na prevenção e tratamento da síndrome metabólica, o exercício físico é considerado de grande importância. Tal intervenção, comprovadamente, melhora a tolerância à glicose e reduz a resistência à insulina. A prática moderada tanto de exercícios aeróbicos como de força é indicada para todos, mais ainda para pré-diabéticos e portadores de síndromes metabólicas, desde que seja frequente e obedeça a uma periodicidade. Atividades de flexibilidade e relaxamento, associadas às de força e aeróbicas, também trazem impactos positivos. O mais importante é sair do sedentarismo”, explica a Dra. Marcella Garcez.
Com relação à dieta para a melhora da condição do pré-diabético, independente da prática de atividades físicas, o ideal é limitar o consumo de calorias, carboidratos simples como açúcares e farináceos refinados, gorduras, sal em excesso, alimentos ultraprocessados e bebidas alcoólicas. “É recomendado consumir mais carboidratos complexos, aqueles que têm maior quantidade de fibras, proteínas e gorduras saudáveis, nutrientes responsáveis por diminuir os picos de glicose no sangue; exemplos de alimentos com alta quantidade de fibras são frutas (como abacate, mamão, ameixa, melão e melancia), vegetais (agrião, alface, abóbora, aipo, aspargo e beterraba), grãos (arroz integral e aveia) e leguminosas (feijão e ervilha). Além disso, também é indicado ingerir micronutrientes, principalmente as vitaminas, minerais e substâncias com atividades antioxidantes, responsáveis por combater os radicais livres induzidos pelo excesso de açúcar no sangue. Eles estão presentes em frutas (uvas, laranjas, mamão, abacaxi e mirtilo), verduras (brócolis, couve e espinafre), temperos e especiarias (gengibre, açafrão, cominho, canela e pimenta do reino) e ervas (sálvia, alecrim, tomilho e manjericão)”, explica a médica. “Se você tem diabetes em sua família, ou tem pré-diabetes ou preocupações sobre o desenvolvimento de diabetes, converse com um médico nutrólogo sobre a melhor combinação de estratégias preventivas para você”, finaliza a médica.
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