SAÚDE

Artigo: Hormônio Muscular X Metabolismo Imunológico

O hormônio Irisina na modulação imunológica de pacientes em época de pandemia

Artigo: Hormônio Muscular X Metabolismo Imunológico Hormônio Muscular X Metabolismo Imunológico
Crédito: BANCO DE IMAGENS

Dr. Edson Carlos Z. Rosa

Cirurgia da Face

Fisiologia Humana Geral e do Esporte

Doutor em Ciências Médicas (h.c)

Pesquisador em Medicina Metabólica Humana com foco no esporte e exercício

Instagram: @doutoredsonrosa

Facebook: Dr. Edson Rosa

 

Em meio à pandemia de Covid-19, diversos foram os meios de pesquisa promovidos pela Ciência, em seus variados tipos, com o intuito de descobrir uma cura ou técnica terapêutica que pudesse solucionar esse caso de Saúde Pública Mundial.

Dentre as diversas pesquisas no campo das Ciências Médicas em Microbiologia, Fisiologia Geral, Endócrina e Imunológica, foi descoberto o mecanismo de ação de um importante hormônio produzido pelas células musculares em contração, denominado de Irisina que possui um importante papel na melhora da resposta imunológica de praticantes de atividades físicas e atletas.

 

FISIOLOGIA ENDÓCRINA – ESTRUTURA MOLECULAR DO HORMÔNIO IRISINA

O músculo esquelético é um órgão endócrino capaz de regular a homeostase de todo o organismo, sendo capaz de expressar moléculas denominadas de Miocinas (como por exemplo a Irisina), que têm atividade metabólica e função hormonal, cuja liberação está relacionada à contração da fibra muscular, sendo considerada um hormônio muscular.                                                                                                                                                     Desse modo, a Irisina consegue exercer a sua ação em locais distantes de onde foram produzidas, tendo um comportamento tipicamente hormonal.                                                                                                                                                     Sendo assim, vários receptores em diferentes áreas do corpo e com diferentes funções respondem a esse processo regulatório, como a saúde mental, o comportamento motor, a saúde articular, a resposta imunológica, a composição corporal etc.

A Irisina é um hormônio secretado como um produto da fibronectina tipo III com a proteína 5 (FNDC5) e é induzida pelo receptor y ativado por proliferador de peroxissoma (PPARy) e o coativador transcricional 1a (PGC-1) no músculo esquelético. 

O exercício e o gasto de energia induzem o regulador transcricional PGC-1 no músculo esquelético, o qual, por sua vez, conduz a produção da proteína de membrana FNDC5. O fator circulante Irisina ativa fatores termogênicos no tecido adiposo branco levando ao processo de browning, incluindo biogênese mitocondrial e a expressão da proteína desacopladora 1 (UCP1), levando à produção de calor mitocondrial e gasto de energia. Contudo, a Irisina também é conhecida pela capacidade moduladora do hormônio na atividade dos macrófagos (células de defesa do sistema imune), o que as confere potencial de propriedade anti-inflamatória e imunomoduladora, conforme veremos na pesquisa abaixo.

 

HORMÔNIO IRISINA COMO MOLÉCULA MODULADORA DO SISTEMA IMUNOLÓGICO NAS INFECÇÕES POR COVID-19

Numa recente pesquisa envolvendo o hormônio Irisina, que teve como base dados um conjunto de moléculas de RNA expressas em um tecido de gordura não infectadas pelo novo coronavírus, receberam doses de Irisina e por meio de técnicas de sequenciamento, os pesquisadores identificaram 14.857 genes expressos em uma linhagem de células sob a pele que ao serem tratadas com Irisina, observaram que a expressão de vários genes havia sido alterada, desse modo, em decorrência da pandemia, os pesquisadores decidiram investigar possíveis efeitos da Irisina em genes relacionados à replicação do novo coronavírus. 

Desse modo, a partir do cruzamento de dados, descobriram que o tratamento com a Irisina em células adiposas diminuiu a expressão de muitos genes reguladores do ACE2, que é um gene fundamental para a replicação do vírus em células humanas, visto que ACE2 codifica a proteína que o vírus precisa se ligar para invadi-las.

Apesar da fantástica e importante descoberta, ainda é preciso ressaltar que são dados preliminares, sendo ainda uma sugestão do potencial terapêutico do hormônio Irisina para casos de Covid-19, o que afirmam os pesquisadores, porém, os benefícios da Irisina já foram documentados consistentemente na melhora da homeostase bioquímica humana (equilíbrio das funções bioquímicas do organismo).

Dessa forma, os próximos passos da pesquisa, levarão a maior compreensão do papel da Irisina em fatores correspondentes à obesidade e também à possível relação com os casos de Covid-19, já que o grupo de pesquisadores irá analisar o efeito do hormônio em células infectadas com o novo Coronavírus.

 

FATOR DE OBESIDADE E A DOENÇA COVID-19

Os estudos apontam que a gordura serve como repositório do vírus da Covid-19. Ou seja, indivíduos obesos tem maior porcentagem de tecido adiposo no corpo que pessoas normais, o que ajuda a entender porque os obesos são grupo de risco para a doença, pois em relação à obesidade e a Covid-19 especificamente, os obesos têm maior porcentagem de massa gorda e menor porcentagem de massa magra, consequentemente apresentam baixa concentração de Irisina, sendo que a obesidade também promove outros tipos de doenças, como diabetes tipo 2, hipertensão e síndrome metabólica, estresse oxidativo, dentre outros.

Além disso, grande parte dos obesos são sedentários, têm baixa concentração de Irisina e, consequentemente, baixo gasto calórico diário, o que pode aumentar os riscos em relação ao novo Coronavírus.

 

EXERCÍCIOS FÍSICOS X INFECÇÕES POR COVID-19

Podemos dizer que quanto melhor for a condição física muscular dos pacientes, maior a sua concentração de Irisina, conhecida também como o ‘hormônio do esporte’.                        

A Irisina possui um mecanismo de ação que irá agir diretamente nos adipócitos (células de gordura do organismo) e consequentemente aumentando o seu gasto calórico.

Em resumo, a prática de exercícios físicos regulares aumenta a concentração plasmática de Irisina, acelerando o metabolismo, diminuindo a gordura corporal e, dessa forma, reduz o risco de mortalidade por Covid-19 e o desenvolvimento de várias outras doenças.

Podemos dizer que os exercícios aeróbicos de alta intensidade são os que mais liberam a produção desse hormônio, porém os exercícios anaeróbicos resistidos de musculação, também se mostraram bem interessantes em relação ao aumento da concentração plasmática do hormônio Irisina, uma vez que exigem um processo de contração muscular muito mais intenso.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em meio a uma turbulenta pandemia, na qual a infecção por Coronavírus acarreta na doença COVID-19, com variados quadros clínicos, podendo a mesma ter um quadro de evolução desfavorável, vem se mostrando importante qualquer meio de conduta que possa favorecer o fortalecimento do sistema imunológico.

É sabido no meio social, em geral, que a prática de atividades físicas regulares, sempre contribuiu para a manutenção da saúde, longevidade e qualidade de vida dos indivíduos. Com base nesse fato, recentes estudos científicos vieram reforçar de forma mais enfática a importância terapêutica da prática regular de atividades físicas para a melhora da resposta do sistema imunológico, uma vez que a atividade física acarreta diversas modificações no meio interno corporal, em âmbitos celulares, endocrinológicos, neurológicos, culminando em alterações positivas no sistema de defesa do organismo, com a descoberta e maior compreensão do hormônio Irisina, produzido pelas células musculares em contração, foi verificada uma provável  contribuição do mesmo para a diminuição das chances de indivíduos evoluírem para casos mais graves da COVID-19. 

Assim sendo, novos estudos serão realizados e os próximos passos da pesquisa levarão a maior compreensão do papel da Irisina em fatores correspondentes à obesidade e também à possível relação com os casos de Covid-19, já que o grupo de pesquisadores irá analisar o efeito do hormônio em células infectadas com o novo Coronavírus, porém ainda a afirmação verdadeira de que a prática de atividades físicas é compatível com um estilo de vida saudável se faz muito presente.

Dr. Edson Carlos Z. Rosa

Cirurgião, Fisiologista e Pesquisador em Ciências Médicas, Cirúrgicas e do Esporte

Diretor do Instituto de Medicina e Fisiologia do Esporte e Exercício (Metaboclinic Institute), Diretor Executivo do Centro Nacional de Ciências Cirúrgicas e Medicina Sistêmica (Cenccimes) / Diretor Executivo da União Brasileira de Médicos-Biocientistas (Unimédica) /  Presidente e Fundador da Ordem Nacional dos Cirurgiões Faciais (ONACIFA), Presidente e Fundador da Sociedade Brasileira de Medicina Humana (SOBRAMEH) e Ordem dos Doutores de Medicina do Brasil - ODMB, Doutor em Ciências Médicas e Cirúrgicas (h.c),

Pós-graduado em Clínica Medica - Medicina interna, Medicina e Fisiologia do Esporte/Exercício, Nutrologia e Nutromedicina, Fisiologia Humana Geral aplicada às Ciências da Saúde.

Escritor e Autor de Diversos Artigos na área de Medicina Geral, Medicina e Endocrinologia do Esporte, Cirurgia de Cabeça e Pescoço, Neurociência e Comportamento Humano.

Fundador-Gestor do e-Comitê Mundial de Médicos do Desporto e Exercício (Official World Group of Sports And Exercise Physicians), Fundador-Gestor Internacional de Cirurgiões Craniomaxilofaciais (The Official World Group of Craniomaxilofaciais Surgeons).

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