ESPORTES & EXERCÍCIOS

Desenvolver a inteligência emocional é parte essencial do trabalho de qualquer treinador

Comandar um esportista ou uma equipe não é uma tarefa das mais fáceis. Afinal, a responsabilidade do técnico é tanta que o seu trabalho levará à glória ou à derrota

Desenvolver a inteligência emocional é parte essencial do trabalho de qualquer treinador Treinador mental, Lincoln Nunes
Crédito: foto: MF Assessoria

Comandar um esportista (ou uma equipe) não é uma tarefa das mais fáceis. Afinal, a responsabilidade do técnico é tanta que o seu trabalho levará à glória ou à derrota. Normalmente, o técnico é uma figura de respeito e admiração para o esportista. Daí se assume de grande importância que esta pessoa saiba utilizar a inteligência emocional para seus atletas na busca dos melhores resultados.

 

Além de desenvolver uma relação profissional, a parceria entre líderes e jogadores deve também partir para o lado pessoal, pois tal relação envolve sentimentos e questão emocional de todos os envolvidos. Neste contexto, o treinador mental Lincoln Nunes explica que nesse trabalho “é fundamental que se proponha as atividades certas para a melhoria de um atleta, ou em esportes coletivos, de vários esportistas. Isso requer organização tática e está intimamente ligada à questão emocional. O técnico aspira tanto pelo sucesso profissional do atleta e o seu próprio, por isso o ideal é que os envolvidos estejam em simbiose evolutiva, pois ambos querem crescer”, acrescenta.

 

Lidar com a derrota também requer uma atitude diferenciada da liderança. E nem sempre isso acontece, pontua Lincoln: “Isso fica evidente a partir do momento em que eles acabam trazendo seus problemas e anseios para dentro do treino, em forma de xingamentos, silêncios constrangedores, e por vezes ofensas”, observa Lincoln. Nesses casos, o técnico pode ser um excepcional profissional na parte técnica, mas não desenvolve nem no atleta e nem em si mesmo a gestão de suas emoções, o que é algo preocupante: “Ele às vezes não tem clareza sobre os valores, virtudes e princípios que o atleta tem. Para lidar com o aspecto comportamental do desportista é preciso estudo e prática. Aquele que busca isso está um passo à frente na sua profissão”, destaca.

 

Diante disso, Lincoln explica: “A frustração do técnico contamina não só a ele, mas também o atleta. Em alguns casos, a reação diante de uma derrota é até paternal, afinal, o líder quer o sucesso do seu pupilo como o de um filho. Porém, ele precisa entender que isso afeta a performance do atleta e aprender a gerenciar melhor suas emoções”, completa. “Mas, do contrário, os treinadores acabam levando suas crenças limitantes para os treinos e competições. E isso os levam a falar coisas negativas por acharem que eles ainda não estão prontos, ou que lhes falta mais prática ou talento, e isso poderá impactar negativamente a busca pelos resultados, levando a um abalo emocional e, logo, à derrota”, finaliza.

 

Por outro lado, para o treinador mental, quem tem conseguido exercer um trabalho intelectual junto aos esportistas é o técnico da seleção brasileira de futebol, Tite: “Na partida contra a Colômbia, por exemplo, o time estava perdendo por 1 a 0 quando conseguiu o empate. Os adversários não concordaram com a avaliação do árbitro de vídeo e ficaram revoltados. Logo, eles começaram uma caçada violenta a Neymar cometendo diversas faltas. A equipe brasileira vira o jogo no último instante. Ao final do jogo, Casemiro, que fez o gol, disse: ‘o Mr. (forma como Tite é chamado) sempre fala com a gente sobre ser mentalmente forte’. O Brasil de fato não caiu em provocações e buscou o gol o tempo todo do jogo. A vitória naquela partida mostrou que essas técnicas deram o efeito esperado”, finaliza.

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