ESPORTES & EXERCÍCIOS

Interrupções nos treinos: Quais são os efeitos no condicionamento dos atletas?

De acordo com especialista, o retorno precisa ser gradativo, planejado e montado de acordo com o nível mais baixo de condicionamento que o atleta atingiu

Interrupções nos treinos: Quais são os efeitos no condicionamento dos atletas? Interrupções nos treinos: Quais são os efeitos no condicionamento dos atletas?
Crédito: BANCO DE IMAGENS

Com a pandemia de Covid-19 e as consequentes medidas de segurança e isolamento, vimos no último ano diversos espaços para prática de esportes, como academias e parques, serem fechados. A medida, que variou entre as regiões do país, interrompeu a rotina habitual de atletas, profissionais ou não, além do adiamento de competições, incluindo as Olímpiadas de Tóquio. No final de 2020, houve o relaxamento das medidas e esportistas puderam voltar, ainda que seguindo algumas regras para evitar contaminação, à programação normal.  

Porém, com o agravamento da pandemia no Brasil, novamente foi necessária a adoção de medidas mais restritivas e, mais uma vez, o fechamento de parques e academias impossibilita as atividades físicas de costume. Por exemplo, o futebol, paixão brasileira, teve 15 campeonatos estaduais de futebol interrompidos, sendo 10 pausados e 5 que sequer tiveram início em 2021. Todas essas pausas geram uma dúvida: quais os efeitos da interrupção nos treinos para atletas?  

Dr. Pedro Baches Jorge, ortopedista especialista em joelho e Medicina do Esporte da Clínica SO.U, explica que essas pausas, afetam o condicionamento físico dos atletas. "O atleta que está no auge, ou próximo dele, deixa de estar, tendo diminuição da performance normal. E essa perda no desempenho, pode, ainda, levar ao maior número de lesões. Ou seja, o comprometimento é de dois modos: queda de performance e o aumento no risco de novas lesões no decorrer dos treinos, principalmente se não houver cuidado com o retorno gradativo". O médico diz também que é possível o surgimento de dores crônicas. "Uma dor, que antes não existia, que seria causada por um desequilíbrio muscular, pode aparecer".  

E é preciso ter cuidado no retorno aos treinos e competições. De acordo com o especialista, precisa ser gradativo, planejado e montado de acordo com o nível mais baixo de condicionamento que o atleta atingiu. "Então, cada um tem de ser visto de maneira individual. E o treino, tanto na parte nutricional, de força muscular e de condicionamento aeróbico, tem de ser olhado individualmente e de forma gradativa em todos os aspectos, para evitar lesões".  

É importante, ainda, mesmo enquanto as academias e parques estão fechados, que atletas, profissionais ou não, mantenham-se ativos, para que essa perda no condicionamento seja menor. "Quem tiver condição de manter um pouco de treinamento cardiovascular, ou na piscina do prédio, ou correndo em volta do quarteirão em momento que a cidade tiver mais vazia, com cuidado, de máscara e protegido, deve fazer pelo menos um mínimo, para manutenção dentro do que conseguir. E o reforço da musculatura, mesmo dentro de casa, com exercícios funcionais, deve ser tentado, principalmente do abdome, pélvis, glúteos e membros inferiores. Assim, evita-se uma queda tão grande no condicionamento e diminui o risco de lesões no retorno", finaliza o médico.  

 

Fonte: Dr. Pedro Baches Jorge - Possui graduação em Medicina pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. É especialista em Cirurgia do Joelho e Oncologia Ortopédica, Medicina Esportiva e Artroscopia, além de responsável pelo Núcleo de Medicina do Joelho da Clínica SOU. Dr. Pedro é Mestre e Doutorando em Ortopedia pela Santa Casa de São Paulo e também membro de seu Grupo de Trauma Esportivo. Participa ainda do corpo clínico e é membro cofundador do Núcleo de Medicina Esportiva do Hospital Sírio Libanês, Diretor científico da Sociedade Brasileira de Artroscopia e Trauma do Esporte (SBRATE) e membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia do Joelho.  

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