Endométrio é o tecido que reveste o útero internamente, cresce e descama todo mês. E a cada ciclo menstrual isso se repete. Se a mulher engravidar ele permanece durante a gestação, caso contrário é eliminado no sangue menstrual. Porém, esse revestimento, por razões não totalmente esclarecidas, pode se implantar em outros órgãos: ovários, tubas, intestinos, bexiga, peritônio e, até mesmo, no próprio útero. Quando isso acontece dá-se o nome de endometriose, ou seja, endométrio fora do seu local habitual.
A endometriose é uma doença enigmática e recebe classificações que procuram identificar a localização das lesões, o grau de comprometimento dos órgãos e a sua severidade. Embora muitos especialistas utilizem a classificação da American Fertility Society que divide a doença em mínima, leve, moderada e severa, recentes avanços na pesquisa da doença recomendam uma nova classificação em três diferentes tipos: superficial ou peritoneal, ovariana e infiltrativa profunda.
“Todos os tipos e graus de endometriose podem influenciar a fertilidade”, destaca o ginecologista e obstetra Dr. Domingos Mantelli Borges Filho. O tratamento da endometriose profunda é sempre cirúrgico, feito por videolaparoscopia.
Embora a endometriose não possa ser prevenida, algumas medidas podem minimizar o futuro evolutivo da doença como: o diagnóstico precoce, uma dieta balanceada rica em vegetais sem agrotóxicos, pois estes prejudicam a imunidade e pobre em proteína animal, porque algumas delas contêm hormônios femininos, como o estradiol, que pode estimular o desenvolvimento da endometriose, e estímulo para a prática da atividade física.
As cirurgias para a cura da endometriose podem ser eficazes sem a retirada do útero ou ovários. As intervenções podem ser realizadas com técnicas conservadoras sem prejudicar o futuro reprodutivo da mulher. Também é possível restaurar a anatomia do aparelho reprodutor quando ele estiver deformado pela doença. Vale destacar que estudos mostram que em mulheres com endometriose e que não conseguem engravidar, a melhor alternativa é a fertilização in vitro, pois a doença não afeta as taxas de gravidez quando esse método é escolhido.
“O estresse afeta o sistema imunológico e, com isso, o organismo fica mais suscetível a permitir que o endométrio se desloque para fora do útero, gerando a endometriose”, conta o ginecologista e obstetra Dr. Domingos Mantelli. Além de causar cólicas intensas, dores durante a relação sexual, inchaço e desconforto abdominal e alterações intestinais, a endometriose, quando diagnosticada tardiamente ou negligenciada, pode levar à infertilidade.
“Para tratar a endometriose usamos anticoncepcionais e até a suspensão da menstruação. Os casos mais sérios são tratados com cirurgias por laparoscopia ou mesmo robótica”, explica Mantelli. Manter a saúde emocional em dia, com exercícios físicos, dieta equilibrada e boas noites de sono, ajudam a evitar a endometriose. A gravidez também é uma das medidas que ajudam a prevenir o problema que atinge 15% das mulheres em idade fértil.
Fonte: Dr. Domingos Mantelli, ginecologista e obstetra - autor do livro “Gestação: mitos e verdades sob o olhar do obstetra”. Formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro (UNISA) e residência médica na área de Ginecologia e Obstetrícia pela mesma instituição. Dr. Domingos Mantelli tem pós-graduação em Ultrassonografia Ginecológica e Obstétrica, e em Medicina Legal e Perícias Médicas.
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