SAÚDE E SUPLEMENTAÇÃO INFANTIL

Pneumologista infantil tira dúvidas sobre o tratamento da Asma

Segundo dados do Ministério da Saúde, a doença afeta 6,4 milhões de pessoas no país

Pneumologista infantil tira dúvidas sobre o tratamento da Asma  A asma é uma ação inflamatória crônica das vias aéreas que causa obstrução do fluxo de ar, dificultando a respiração.
Crédito: BANCO DE IMAGENS
Números divulgados recentemente pela Organização Mundial de Saúde (OMS) estimam que 235 milhões de pessoas sofram de asma. No Brasil, cerca de 20% das crianças têm a doença, que é extremante incomoda, principalmente na infância, já que pode limitá-la a realizar atividades básicas do dia a dia.
 
Por ser uma doença muitas vezes imperceptível no começo, os pais ficam com muitas dúvidas. Para auxiliá-los, a Dra. Jessica Ventura, pneumologista infantil do Hospital e Maternidade Brasil, dá um panorama sobre a asma.
 
A asma é uma ação inflamatória crônica das vias aéreas que causa obstrução do fluxo de ar, dificultando a respiração. A doença é caracterizada por episódios recorrentes de chiado, falta de ar, aperto no peito e tosse, particularmente à noite e pela manhã, ao acordar. 
 
As crises acontecem quando ocorre a inflamação dos brônquios, responsáveis por levar oxigênio aos pulmões, que pode ser desencadeada por diversos fatores, como alergias, contato com produtos químicos, infecções virais, inalação de ar frio (associado às mudanças climáticas), inalação de fumaça de tabaco e de poluentes atmosféricos, excesso de exercícios físicos, alimentos e até mesmo aspectos emocionais. 
 
Como a doença não tem cura, a especialista ressalta a importância dos pacientes seguirem o tratamento à risca, o que faz com que a maioria das pessoas com asma possam levar uma vida normal. “Os sintomas das crianças tendem a melhorar ao longo do tempo, principalmente com o amadurecimento de suas vias respiratórias, fazendo com que as crises diminuam ou desapareçam ainda na adolescência”, observa. 
 
A especialista, Dra. Jessica Ventura,  tira as principais dúvidas dos pais sobre o tema:
 
  • A asma é diferente quando surge ainda na idade pediátrica?
Sim. A asma que se inicia na idade pediátrica em geral está associada a quadros alérgicos como rinite e problemas de pele. Por outro lado, quando surge na idade adulta, não costuma ter associação com alergia, mas com infecções respiratórias. 
 
  • Ela é mais preocupante neste período?
A asma infantil é mais preocupante, pois suas vias respiratórias tem um calibre menor, quando comparada aos adultos, portanto qualquer inflamação pode ser mais prejudicial e impedir a passagem de ar. Por isso mesmo costuma causar mais hospitalizações e visitas à emergência do que a asma em adultos. Contudo, a asma na infância tem uma maior porcentagem de melhora (e até fica assintomática a partir da adolescência) do que quando se inicia na idade adulta.
 
  • Quais os sintomas que os pais podem perceber?
Dificuldade para respirar, tosse frequente, chiado no peito, respiração encurtada, cansaço constante (sobretudo durante exercícios), dor no peito (principalmente em crianças menores), tosse ou chiado após atividade física e tosse noturna na ausência de infecção de vias aéreas. 
 
Alguns sintomas indicam ainda um aumento na gravidade: lábios e rosto de cor azulados, nível diminuído de agilidade, sonolência grave, confusão; durante uma crise de asma pulsação rápida, ansiedade grave devido à deficiência respiratória, sudorese.
 
  • Como é feito o tratamento? Quais os exames? Há cura?
Essa doença não tem cura. Porém, os sintomas das crianças tendem a melhorar ao longo do tempo, principalmente com o amadurecimento de suas vias respiratórias, fazendo com que as crises diminuam ou desapareçam na adolescência. 
 
Como não há uma cura o autogerenciamento e tratamentos apropriados são importantes, fazendo com que a maioria das pessoas com asma possam levar uma vida normal. 
 
O tratamento compreende em controlar o ambiente, a fim de evitar os fatores desencadeantes e fazer uso de medicações de acordo com a gravidade dos sintomas.
 
  • O que fazer para ajudar no alívio de sintomas? A limpeza do ambiente ajuda? 
O alívio de sintomas é considerado o principal fator de prevenção. Os pais devem tomar medidas para reduzir a exposição a fatores que provocam sintomas, como mofo, pelos de animais, insetos, ácaros e poeira domiciliar. Além disso, evitar cheiros fortes e fumaça que irritam as vias aéreas. 
 
É importante também manter o controle de doenças relacionadas, como refluxo gastresofágico, rinites, sinusites alérgicas e infecções em geral.
 
  • Atividade física é recomendada?
Um asmático pode e deve praticar esportes, mas a doença precisa estar controlada. A atividade pode prevenir crises e fortalecer o coração e pulmões. A participação regular em programas de atividades físicas pode aumentar a tolerância ao exercício, reduzir o broncoespasmo e melhorar a qualidade de vida. Além disso, os exercícios ajudam no controle do peso, já que a obesidade está muito associada à piora da asma.
 
  • E nos caso de pais fumantes?
Os efeitos da fumaça do tabaco sobre o sistema respiratório das crianças são bem estabelecidos. Mães e pais que fumam no mesmo ambiente em que se encontram seus filhos praticamente dobram a probabilidade de eles apresentarem infecção respiratória grave e chiado, necessitando internação ou atendimento médico. 
 
O tabagismo passivo é o fator de risco mais bem documentado para a manifestação de doenças respiratórias. A exposição involuntária à fumaça de tabaco aumenta a prevalência, a incidência e a morbidade da asma na infância.
 
  • Quais são os medicamentos utilizados geralmente? 
Corticoides inalatórios associados ou não a broncodilatadores de longa ação: são medicações que tratam a causa básica da asma, diminuindo a inflamação das vias aéreas;
 
Modificadores de leucotrieno: medicamentos orais que interferem no processo inflamatório dos pulmões e, na maioria das vezes, são usados em associação com os corticoides inalatórios.;
 
Broncodilatadores de curta duração: servem para aliviar rapidamente os sintomas na crise, mas não tratam a inflamação e, portanto, não previnem as crises.

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