Fisiologia do sono x Exercícios físicos

 A fisiologia do sono estuda detalhadamente as funções do sono humano, destacando a importância do mesmo para o equilíbrio metabólico corporal, elucidando ainda, os eventuais distúrbios que possam ocorrer no sono, podendo acarretar uma alteração na qualidade de vida dos seres humanos. Podemos definir o sono como um estado transitório e reversível, que se alterna com a vigília (estado desperto/ acordado). Trata-se de um processo ativo envolvendo múltiplos e complexos mecanismos fisiológicos e comportamentais em vários sistemas e regiões do sistema nervoso central (SNC). São identificados no sono dois estados distintos: o sono mais lento, ou sono não REM, e o sono com atividade cerebral mais rápida, ou sono REM (Rapid Eye Moviment, do inglês, movimentos rápidos dos olhos). O sono não REM é dividido em três fases ou estágios, segundo a progressão da sua profundidade. Já o sono REM caracteriza-se pela atividade cerebral de baixa amplitude e mais rápida, por episódios de movimentos oculares rápidos e de relaxamento muscular máximo. Além disso, este estágio também se caracteriza por ser a fase onde ocorrem os sonhos.

Em um indivíduo normal, o sono não REM e o sono REM alternam-se ciclicamente ao longo da noite, repetindo-se  a cada 70 a 110 minutos, com 4 a 6 ciclos por noite, podendo ocorrer alterações nos estágios de sono durante a noite, devido alguns vários fatores, como: idade, ritmo circadiano, temperatura ambiente, ingestão de drogas ou ainda por determinadas patologias (doenças). Mesmo assim, podemos dizer que o sono não REM concentra-se na primeira parte da noite, enquanto o sono REM predomina na segunda parte.

O sono não REM (“Non-Rapid Eye Movements”), também pode ser denominado sono sincronizado, pelo fato da existência de um potencial elétrico rítmico inibitório-excitatório, gerado por neurônios talâmicos e corticais, formando ondas sincronizadas de alta amplitude e baixa frequência, podendo nessa fase de sono, ser subdividida em quatro estágios conforme o aumento de sua profundidade:

- Estágio 1: É a fase de sonolência, onde o indivíduo começa a sentir as primeiras sensações do sono. Nessa fase a pessoa pode ser facilmente despertada, aqui produzimos ondas cerebrais denominadas Alfa.

- Estágio 2: Dura em média de 5 a 15 minutos. No estágio 2 a atividade cardíaca é reduzida, relaxam-se os músculos e a temperatura do corpo cai. É bem mais difícil de despertar o indivíduo, sendo produzidas nessa fase, ondas cerebrais Teta.

- Estágio 3: Muito semelhante com o estágio 4, diferencia-se apenas em relação ao nível de profundidade do sono, que é um pouco menor, sendo produzidas nessa fase, ondas cerebrais Delta.

- Estágio 4: Dura cerca de 40 minutos. É a fase onde o sono é muito profundo, nessa fase é que ocorre a liberação hormonal, com a participação de diversos hormônios no intuito de induzir a recuperação muscular e tecidual, renovação celular de DNA, dentre outras.

A fisiologia do sono humano, nos mostra diversas funções atribuídas ao sono, sendo a principal função dentre tantas, à recuperação do organismo de um possível déficit energético estabelecido durante a vigília. Já em relação a fase de sono REM, podemos mencionar algumas outras funções como: manutenção do equilíbrio geral do organismo e neurobioquimico do Sistema Nervoso Central (homeostase), preservação da cognição (consolidação da memória), regulação da temperatura corporal, entre outras.

Ao relacionarmos a prática de exercícios físicos com um sono fisiológico adequado, percebemos que um fator é altamente dependente do outro, ou seja, para otimizarmos as reações esperadas frente ao treinamento físico, necessitamos de um sono fisiológico reparador, pois através do sono teremos a maior e mais intensa repercussão bioquímica corporal, com o estimulo de diversos hormônios anabólicos, tais como o hormônio do crescimento (GH), testosterona, insulina e diminuição de hormônios catabólicos como cortisol, adrenalina. Observamos também, a produção de fatores de crescimento (somatomedina C/IGF-1), células satélites, etc.

A ativação de sinalizadores bioquímicos celulares e as diversas substancias produzidas durante o sono fisiológico, levam a uma repercussão direta em diversos órgãos do corpo humano como pele, unha, cabelo, cérebro, músculos, coração, tecido gorduroso, sistema linfático, dentre outros. Sendo assim, podemos afirmar que a associação de exercícios físicos, dieta equilibrada e sono adequado, formam o estimulo ideal para os resultados almejados na composição corporal de praticantes de atividades físicas, principalmente do treinamento resistido de musculação, haja a vista que o estimulo da contração muscular nas sessões de treinamento, somado a produção hormonal natural (endógena) nas fases de sono adequado, contribui para o ganho da hipertrofia muscular e perda do percentual de gordura corporal, lembrando que cada paciente, tem o seu tempo ideal de sono, variando conforme a idade, porem a média deverá ser em torno de 6 a 8 horas de sono diário.