Exercícios com muitas repetições seguidos por atividades de alto impacto podem favorecer o aparecimento da incontinência em pessoas que já possuem pré-disposição a condição. Perda de urina não é normal durante o treino físico ou exercícios mais pesados, alerta especialista.
Abusar dos exercícios físicos e praticar atividades em excesso podem contribuir negativamente para o aparecimento de algumas condições, como a incontinência urinária de esforço, em mulheres que já possuem essa pré-disposição, segundo estudo realizado pela Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte.
"A incontinência de esforço ocorre quando a pessoa passa a perder urina durante alguma atividade, por exemplo, quando a pessoa tosse, ri, faz exercícios físicos. É involuntário. Na maioria dos casos, a pessoa tem os sintomas, mas não procura ajuda por achar normal alguma perda de urina durante o treino ou exercício mais pesado. Quando isso acontece, deve-se buscar orientação de um profissional de saúde para identificar a causa da perda da urina, já que nenhuma perda involuntária de urina é normal", explica o urologista Gustavo Wanderley, presidente da Sociedade Brasileira de Urologia-PE.
Exercícios de alto impacto, como o crossfit, comum nas academias, quando realizados de forma intensa e com grande frequência, pode favorecer o aparecimento da incontinência, principalmente em mulheres que já possuem uma pré-disposição - e muitas vezes não sabem disso.
Segundo o especialista, alguns fatores de risco como, tabagismo, obesidade, sedentarismo e até a gravidez, principalmente o parto normal, podem influenciar também no aparecimento da incontinência por esforço. Condição essa que pode se tornar evidente durante a prática de atividades físicas de alto impacto.
Incontinência de esforço nas mulheres
Estima-se que 20% das mulheres no mundo sofrem de incontinência urinária e, depois da menopausa, esse número dobra, segundo dados da International Continence Society (ICS).
Os exercícios realizados com peso e em séries com muitas repetições podem sobrecarregar os músculos que sustentam a parte de baixo do abdômen. Isso ocorre porque o impacto repetitivo é transmitido ao assoalho pélvico e pode comprometer os ligamentos e a musculatura, causando fadiga destes músculos e dos que envolve a uretra.
Incontinência de esforço nos homens
Nos homens, a incontinência urinária de esforço (IUE) geralmente ocorre após a cirurgia de retirada da próstata após o câncer. O procedimento pode afetar o funcionamento do esfíncter - músculo responsável pelo controle da urina e que envolve a uretra - causando perda involuntária de urina.
Tratamentos no Brasil
O tratamento eficaz da incontinência urinária por esforço é basicamente cirúrgico, mas exercícios físicos, que podem ser recomendados pelos próprios instrutores das academias, e assistência fisioterapêutica ajudam a reforçar a musculatura do assoalho pélvico.
Para as mulheres, quando indicado o tratamento cirúrgico, a cirurgia de Sling - em que se coloca um suporte para restabelecer e reforçar os ligamentos que sustentam a uretra - é a técnica que produz melhores resultados - eficácia superior a 90%.
Já os homens que sofrem com a condição também podem optar pelos Slings, em casos de incontinência leve e moderada, ou realizar a implantação de um Esfíncter Artificial. "O esfíncter artificial é um recurso que apresenta mais de 90% de satisfação para homens com incontinência decorrente de cirurgia prostática", explica o urologista Gustavo Wanderley.
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