ENTENDA TUDO SOBRE

Entenda tudo sobre: Prisão de Ventre

Conheça detalhes sobre a Constipação Intestinal Crônica

Entenda tudo sobre: Prisão de Ventre Prisão de Ventre
Crédito: BANCO DE IMAGENS

1 – O QUE É?

A prisão de ventre é um problema muito comum, que pode gerar incômodos, mal-estar e atrapalhar o dia a dia das pessoas. Segundo o gastroenterologista Henrique Perobelli Schleinstein, ‘prisão de ventre’ é a expressão leiga para a Constipação Intestinal Crônica (CIC). Diversas definições se aplicam à mesma patologia, dentre elas: evacuação de fezes ressecadas, volumosas ou dolorosas, fezes fragmentadas ou em síbalos, sensação de evacuação incompleta, diminuição da frequência de evacuação e até insatisfação ao final da evacuação.  

De acordo com o gastroenterologista Rodrigo Aires de Castro, a prisão de ventre é a dificuldade para evacuar que se mantém de maneira persistente, com uma frequência evacuatória de menos de três vezes na semana e/ou com fezes ressecadas e sensação de que não esvaziou completamente o intestino. A faixa de normalidade varia de três vezes ao dia a três vezes na semana, com fezes de consistência normal, pastosa e bem formada.  

“No resultado de um exame laboratorial, como a dosagem da glicose, na referência do método vem escrito que varia de 60 a 100mg/dL, ou seja, qualquer valor nesse intervalo é considerado normal”, explica Dr. Aires.  

 

2 – SINTOMAS E DIAGNÓSTICO

Com relação aos sintomas, o gastroenterologista Rodrigo Aires reforça – conforme dito anteriormente – que para caracterizar a prisão de ventre é preciso que a pessoa tenha duas ou menos evacuações por semana, com fezes ressecadas, com dificuldade para eliminá-las, ficando o indivíduo com uma sensação de evacuação incompleta, além de excesso de gases, distensão abdominal, cólicas, desconforto abdominal, entre outros.  

“O primeiro passo para obter o diagnóstico é consultar um especialista que irá conduzir uma investigação criteriosa sobre a alimentação, hábitos de vida, história familiar, doenças concomitantes e uso de medicações, bem como solicitará exames de acordo com as suspeitas levantadas durante a consulta”, esclarece Dr. Aires.  

 

3 – CAUSAS

De modo geral, a prisão de ventre é classificada de três maneiras: Primária, quando está relacionada às doenças próprias do intestino; Secundária, quando decorre de outras doenças ou condições que acometem o paciente; Idiopática, quando não se detecta uma causa específica.  

“Geralmente, a prisão de ventre decorre de mais de um fator ao mesmo tempo, necessitando de uma avaliação criteriosa, mas vou citar algumas causas: baixa ingestão de fibras e de água; baixa atividade física; síndrome do intestino irritável; Diabetes Mellitus descompensado; hipotireoidismo; uso de medicamentos; doenças neurológicas; depressão, ansiedade e outras condições psicológicas e psiquiátricas; gestação, pré-menopausa e puerpério”, explana o gastro Rodrigo Aires.  

Ele conta ainda, que as mulheres sofrem muito mais com esse problema e isso pode ser explicado tanto por causas orgânicas, quanto dietéticas e comportamentais. As variações hormonais têm um papel significativo na obstipação, por isso a prisão de ventre pode piorar na gestação ou na pré-menopausa. Muitas mulheres também tendem a beber menos água no dia a dia e a não obedecer ao ‘chamado intestinal’ quando estão fora de casa, adiando o momento de evacuar por horas ou até mesmo por dias, em viagens, por exemplo.

“A prisão de ventre é mais comum em pacientes idosos, acima de 65 anos, por causas que variam desde a diminuição dos movimentos intestinais, ingestão de alimentos pobres em fibras (muitas vezes por perda de unidades dentárias), baixa ingestão de água, presença de anormalidades anatômicas, doenças neurológicas, metabólicas e psicológicas e até mesmo pelo uso de medicações”, ressalta Dr. Aires.  

O gastroenterologista Henrique Perobelli lembra também, que quadros de estresse ou outras emoções podem desencadear a prisão de ventre, pois existe uma comunicação direta entre o cérebro e o sistema digestório e, muitas vezes, o órgão de choque do organismo é o próprio tubo digestivo. “Isso pode desencadear no indivíduo episódios de constipação e mesmo diarreia, trata-se da Síndrome do Intestino Irritável, uma doença que precisa ser diagnosticada por médicos e merece tratamento específico, adequações dietéticas e psicoterapia, passando por medicamentos, laxantes e medicamentos ansiolíticos”, diz Dr. Perobelli.  

 

4 – TRATAMENTO

Segundo o gastroenterologista Henrique Perobelli, há várias formas de tratamento a depender do mecanismo causal da CIC. Existem pessoas que têm inércia colônica, uma doença que diminui os movimentos peristálticos do intestino e deve ser tratada com medicamentos procinéticos. Se a falha alimentar é a responsável pela CIC, existem suplementos alimentares à base de fibras. Laxantes são prescritos quando apenas a dieta não faz um efeito benéfico para o organismo. Há, também, doenças próprias da parte final do intestino, mais precisamente na parte anorretal como o anismus. Esta patologia altera o reflexo de relaxamento muscular, impedindo uma evacuação normal e é tratada com fisioterapia e reeducação do assoalho pélvico.

“A CIC pode causar hemorroidas e prolapso retal pela força crônica de evacuar, levando a casos mais severos, a estiramento e atrofia da inervação pudenda e incontinência fecal em pacientes que sofrem cronicamente da doença.  A presença de hérnias abdominais tem relação com tossidores crônicos e CIC de longa data”, explica Dr. Henrique Perobelli.

Sobre o tratamento, Dr. Rodrigo Aires complementa: “De modo geral, aumentamos a ingestão de fibras (solúveis e insolúveis), água e estimulamos o paciente a realizar atividades físicas. Dependendo do resultado da investigação, podemos utilizar tratamentos específicos que variam desde o uso de medicamentos até procedimentos cirúrgicos”.  

 

5 – ALIMENTAÇÃO  

De acordo com o nutricionista e educador físico Leone Gonçalves, em geral, alimentos ultraprocessados, industrializados, com muito açúcar e gorduras ruins adicionadas costumam causar prisão de ventre, a depender da sensibilidade dos intestinos e da condição do organismo de cada pessoa. Alimentos ricos em açúcar, como refrigerantes, bolos, doces, bolachas recheadas e chocolates; alimentos ricos em gorduras, como frituras, empanados; fast food e comidas prontas congeladas, como lasanhas ou pizzas; leite e derivados integrais, que são ricos em gorduras, assim como carnes processadas, como linguiça, bacon, salsicha e presunto estão no topo da lista dos alimentos que causam a prisão de ventre, porque geralmente são pobres em fibras, de baixíssimo valor nutricional e de mais difícil digestão.  

Gonçalves orienta que entre os principais grupos de alimentos que ajudam a combater o problema estão os legumes crus e folhosos, como repolho, alface ou couve; frutas com casca, pois a casca é rica em fibras; cereais integrais como trigo, aveia e arroz; feijão preto, branco, marrom, lentilha e grão de bico; gérmen e farelo de trigo, de aveia; frutos secos, como as passas; sementes como linhaça, chia, abóbora, gergelim e probióticos, como iogurtes, kefir e kombucha, que ajudam a regular a microbiota intestinal.

“Os alimentos crus e integrais apresentam uma quantidade muito maior de fibras do que os alimentos cozidos e industrializados, por isso melhoram o trânsito intestinal. Além disso, beber bastante água também ajuda no combate à prisão de ventre, porque a água hidrata as fibras, fazendo com que a passagem das fezes pelo intestino seja facilitada”, explica Leone Gonçalves.  

 

6- EXERCÍCIOS FÍSICOS

Para finalizar, o nutricionista e educador físico fala sobre a importância das atividades físicas no combate ao problema. “A caminhada é o exercício mais recomendado para lidar com a prisão de ventre, por aumentar a taxa de respiração e metabolismo. De 10 a 15 minutos, três vezes ao dia, e você já terá ótimos resultados para sua saúde. A corrida melhora ainda mais seu metabolismo, devendo, na maioria dos casos com este propósito, ser realizada por 10 minutos por dia, três vezes por semana. Além destes, natação, dança, yoga e alongamento são muito eficazes para ajudar contra a prisão de ventre, pois trabalham a região core, do abdômen e ajudam a fortalecer o corpo de uma forma geral, principalmente alongamentos de pernas e da região abdominal. Podem ajudar muito no tratamento de prisão de ventre e até no tratamento contra gases”, conclui Leone Gonçalves.  

 

FONTES CONSULTADAS

 

Henrique Perobelli Schleinstein: Gastroenterologista. Coordenador do Serviço de Endoscopia, Coloproctologia e Fisiologia Anorretal do Hospital São Camilo Pompeia. Graduação em medicina pela Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, residência médica em cirurgia geral pela PUC-SP e em coloproctologia pelo Hospital Sírio Libanês, além de mestrado em Ciências da Saúde pelo Hospital Sírio Libanês/CAPES. É especialista em fisiologia anorretal pela FMUSP e fellow no Hospital St´Marks, em Londres e na Cleveland Clinic Florida.

 

Leone Gonçalves: Educador Físico com licenciatura e bacharelado pela Universidade Leonardo da Vinci. Nutricionista graduado pela Universidade de Salvador (UNIFACS). Graduando em Biomedicina pela Faculdade Maurício de Nassau. Especialista em Nutrição Esportiva pelo Instituto de Pesquisas e Gestão em Saúde (IPGS). Sócio diretor da Leve&Fit. Proprietário da clínica Dr. Leone Gonçalves.  

 

Rodrigo Aires de Castro: Gastroenterologista. Especialista do Hospital Anchieta de Brasília. Membro titular da Federação Brasileira de Gastroenterologia. Membro titular da Sociedade Brasileira de Endoscopia. Preceptor do programa de residência médica em Endoscopia Digestiva da SES-DF. Presidente do Capítulo DF da Sociedade Brasileira de Endoscopia. Sócio da Gastroclass - Gastroenterologia e Endoscopia Digestiva.  

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