ENTENDA TUDO SOBRE

Entenda tudo sobre: Infecção Urinária

Saiba tudo sobre a doença que pode acometer a bexiga, a uretra e os rins

Entenda tudo sobre: Infecção Urinária Exames de urina são fundamentais para detecção do tipo de micro-organismo que está causando a infecção e para guiar o tratamento
Crédito: BANCO DE IMAGENS
1 – O QUE É?
A infecção urinária baixa recorrente, também chamada de cistite de repetição, é o acometimento do trato urinário por micro-organismos, ou seja, por fungos, vírus ou bactérias – como a ‘Escherichia Coli’, por exemplo – causando inflamação. Esse problema pode aparecer em qualquer época do ano, porém, com uma incidência maior em períodos de temperaturas mais quentes, já que é normal as pessoas passarem mais tempo vestindo roupas de banho úmida durante o calor, quando estão na praia e na piscina. Embora pareça inofensiva, essa prática pode gerar dermatites na região da genitália, facilitando o surgimento e a proliferação de germes na via urinária. Essa infecção pode acometer a bexiga (cistite), a uretra (uretrite) e os rins (pielonefrite). 
De acordo com o urologista Flavio Trigo, que também é presidente da Sociedade Brasileira de Urologia de São Paulo (SBU), na mulher, as chances de contrair a bactéria são maiores, já que a uretra é curta, medindo em torno de quatro centímetros. Problemas como diabetes, alterações no PH vaginal por conta da gravidez e complicações ginecológicas, como corrimento e a vulvovaginite – inflamação da vulva e da vagina – contribuem para a colonização do germe na bexiga. 
Estimativas mostram que pelo menos 50% das mulheres podem apresentar, no mínimo, um episódio de infecção urinária durante a vida, seja a forma leve, moderada ou grave. 
Sobre esse ponto, o urologista Rafael Buta complementa: “No homem, a uretra tem em torno de 20cm e o menor comprimento da uretra feminina facilita a chegada dos micro-organismos até a bexiga. Outras razões que podem explicar isso são: fatores culturais: as mulheres tendem a prender mais a urina; e fatores hormonais: após a menopausa podem modificar o ambiente da vagina, facilitando a colonização por bactérias que causem infecção”, diz o especialista. 

2 – SINTOMAS E DIAGNÓSTICO 
Segundo o urologista Rafael Buta, os sintomas variam de acordo com o local afetado. A infecção urinária denominada baixa, na bexiga e uretra, resulta em ardência e dor para urinar, necessidade de ir mais vezes ao banheiro, sensação de esvaziamento incompleto da bexiga, incontinência urinária, dor na parte inferior do abdômen e raramente pode causar febre e sangramento na urina. “Já a infecção do trato urinário superior, nos rins e ureteres, gera dor lombar, febre, calafrios, sonolência e, geralmente, é um quadro mais grave que as infecções baixas, podendo levar à sepse (infecção generalizada), necessitando internação em terapia intensiva”, explica. 
Dr. Buta esclarece ainda, que o diagnóstico da infecção urinária é clínico, baseado na história dos sintomas do paciente. “Exames de urina são fundamentais para detecção do tipo de micro-organismo que está causando a infecção e para guiar o tratamento. No caso das infecções altas (pielonefrite), a tomografia é necessária para identificação de algum fator complicador, como abscessos e cálculos urinários”, ressalta o médico. 

3 – CAUSAS
“A principal causa é a contaminação ascendente, isto é, as bactérias chegam à bexiga pela uretra. Pode ocorrer também a contaminação por via hematogênica, quando as bactérias chegam ao trato urinário pela corrente sanguínea, proveniente de um foco infeccioso de algum outro local no organismo”, explana o urologista Rafael Buta. 
Buta enfatiza também, que não existe distinção quanto aos sintomas, diagnóstico e tratamento entre os tipos de infecção urinária que acometem os homens e as mulheres e a única diferença está nas causas. Infecção urinária no homem é muito mais incomum do que nas mulheres e, geralmente, está associada a alguma obstrução do trato urinário (hiperplasia prostática, estreitamento da uretra). 
“Quando ocorre no homem, é preciso investigar para saber se existe o comprometimento da próstata. Se a infecção atingir os rins, os sintomas são os mesmos, porém, a pessoa terá também febre e comprometimento do estado em geral”, aponta o urologista Flavio Trigo. 

4 – PREVENÇÃO E TRATAMENTO
Uma das recomendações da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) é que se faça a higiene da região genital da forma correta para reduzir a contaminação.
Dr. Buta afirma ainda, que é possível prevenir a infecção urinária através de bons hábitos miccionais, ou seja, não segurar a urina por muito tempo; beber entre dois e três litros de água por dia; ao urinar, sentar no assento sanitário para que haja correto relaxamento da musculatura pélvica e melhor esvaziamento da bexiga. “Já o tratamento é direcionado para o micro-organismo que causa a infecção, na maioria dos casos são bactérias tratadas com antibióticos”, diz o especialista.  
Se não tratada, o urologista Flavio Trigo esclarece que a infecção urinária baixa (cistite) pode evoluir para a pielonefrite, que gera complicações e cicatrizes do rim, podendo alterar a função renal. A recomendação é procurar um urologista para investigar a doença e realizar o melhor tratamento. “O que se sabe é que algumas vacinas específicas para combater a bactéria ‘Escherichia Coli’ são efetivas”, alerta o médico.
Segundo o Dr. Flavio, outra orientação importante é evitar roupas íntimas desenvolvidas com material sintético, pois podem ajudar na proliferação de bactérias e reduzem a ventilação na região. Já optar por tecidos de algodão é uma boa escolha por manter o local mais seco. 

5 – INFECÇÃO URINÁRIA E ALIMENTAÇÃO
De acordo com a nutricionista Michelle Mendes de Souza, uma alimentação rica em alimentos refinados, açúcar, embutidos, gorduras e pobre em fibras e antioxidantes pode favorecer a proliferação desse tipo de bactéria patogênica no organismo e, consequentemente, aumentar o risco de infecção.
“Para quem está sofrendo com crise de infecção urinária, é importante evitar doces, bolos, biscoitos, balas, chocolates, café e alimentos ricos em cafeína como chá verde, chá preto e chá mate. Evitar carnes processadas e embutidos como salsicha, calabresa, presunto, mortadela e bacon, além de bebidas alcóolicas, alimentos refinados e condimentados. Todos eles podem aumentar a irritação na bexiga e estimular a inflamação”, conta a nutri. 
 Por outro lado, Michelle deixa claro que o consumo de alimentos prebióticos reduz a atividade dos micro-organismos e aumenta a quantidade de bactérias benéficas como as bifidobactérias e os lactobacillus. 
“Alguns exemplos desses alimentos prebióticos são aqueles ricos em pectina como maçã, laranja, goiaba, ameixa, e também ricos em inulina como o alho e a cebola. Uma alimentação saudável e rica em antioxidantes e compostos bioativos como frutas, verduras, legumes e carboidratos de baixo índice glicêmico pode melhorar a microbiota intestinal e diminuir o risco de proliferação e aderência de micro-organismos causadores da infecção urinária. Muitos estudos apontam a fruta cranberry como eficaz no tratamento e prevenção da recorrência de infecção urinária devido a presença de proantocianidinas que impedem a adesão da bactéria patogênica às mucosas. Ela pode ser consumida na forma de suco, fruta inteira, desidratada ou cápsulas”, destaca a nutricionista. 

6 – INFECÇÃO URINÁRIA E ATIVIDADES FÍSICAS 
De acordo com o educador físico Wilker Lourenço Ribeiro, a infecção urinária está associada a uma baixa ingestão de líquidos, estilo de vida sedentário e baixos níveis de atividade física. 
“No entanto, atletas de alto rendimento possuem maior probabilidade de desenvolver a infecção urinária, uma vez que as vestimentas usadas por eles causam o aumento da temperatura na região genital, além de promover o aumento da umidade local, fatores primordiais para a proliferação de bactérias. Entretanto, a prática de atividade física é recomenda durante o tratamento da infecção urinária, uma vez que os treinos são capazes de diminuir o risco de infecção em relação ao comportamento sedentário. Além da atividade física, deve-se procurar aumentar a ingestão de líquidos, manter a região sempre limpa, aumentar o consumo de alimentos ricos em vitamina C e fazer o uso correto de medicamentos como antibióticos e analgésicos recomendados pelo médico”, explica o personal trainer. 
Já o urologista Rafael Buta argumenta que a atividade física pode exacerbar os sintomas da infecção. “Além disso, a infecção urinária pode causar um pouco de incontinência, gerando mais desconforto durante os treinos”, complementa o médico. 

7 – INFECÇÃO URINÁRIA EM CRIANÇAS
A seguir, confira algumas informações fornecidas pelo Dr. Flavio Trigo e pela SBU, sobre a infecção urinária recorrente nos pequenos: 

Meninas: As vulvovaginites podem ser uma das causas para o aparecimento da infecção urinária na criança. “É importante fazer exame clínico e, como prevenção, avaliar a vagina da menina. Os pais devem educar a filha, desde cedo, a ter hábitos de higiene e orientá-la sobre a forma correta de urinar, nunca em pé. Um problema muito comum é a forma inadequada de se limpar após a defecação, permitindo que as fezes tenham contato direto com o períneo e a vagina, contaminando a área e facilitando a infecção urinária baixa”, diz o especialista.

Meninos: No nascimento há a fimose fisiológica, que pode permanecer até os quatro anos. A patologia é caracterizada por dificuldade de expor a glande após a retração da pele que a recobre. Desta forma, pode acontecer uma balanopostite, que é uma inflamação desta região do pênis da criança, facilitando o aparecimento da infecção urinária.

8 – INFECÇÃO URINÁRIA EM GESTANTES
O ginecologista, obstetra e precursor do ‘Parto sem Medo’, Alberto Guimarães lembra que a infecção urinária é uma situação relativamente comum entre as gestantes, principalmente em função da anatomia das mulheres, já mencionada anteriormente. “A infecção urinária pode prejudicar o bebê, por ser um dos principais fatores que desencadeiam o trabalho de parto prematuro”, alerta o médico. 
Além disso, Dr. Guimarães comenta que durante a gravidez existe uma dificuldade maior de diagnosticar a doença, pois, muitas vezes, a mulher pode apresentar uma infecção sem os sintomas mais comuns que são: ardência na hora de fazer xixi, dor na relação sexual, sensação de peso na bexiga, na pelve, calafrios, entre outros. “Por isso, é essencial uma boa vigilância no pré-natal, no sentido de fazer exames periódicos mesmo sem a mulher estar apresentando algum sintoma. O diagnóstico geralmente é feito através de um exame simples com a cultura ou a urocultura – onde se pesquisa se existe alguma bactéria – e o antibiograma, um teste laboratorial, através do qual é possível avaliar quais medicamentos são eficazes no tratamento”, diz o ginecologista.  
“No caso das gestantes, tanto a baixa imunidade, quanto  as alterações anatômicas – como a pressão do útero na bexiga – podem favorecer as crises de infecção urinária. Por isso, as mulheres devem estar mais atentas já que essa patologia pode trazer problemas para a mãe e para o bebê caso não seja tratada adequadamente. Mulheres que possuem um histórico de infecções devem avisar seus médicos para que o monitoramento seja feito nesse período. A orientação alimentar é a mesma para gestantes, mas investir nas frutas cítricas e fontes de vitamina C pode ser uma ótima opção, além de beber bastante água”, aconselha a nutri Michelle Mendes. 
O personal trainer Wilker Lourenço Ribeiro destaca que para as gestantes portadoras dessa patologia são indicados apenas exercícios físicos de menor intensidade, sempre com a orientação de profissionais da área, a fim de não aumentar o desconforto da região urinária causado pela infecção e pressão do feto.

FONTES CONSULTADAS

Alberto Guimarães: Ginecologista, obstetra e precursor do ‘Parto sem Medo’, novo modelo de assistência à parturiente, que realça o parto natural. Formado pela Faculdade de Medicina de Teresópolis (RJ) e mestre pela Escola Paulista de Medicina (UNIFESP). 

Flavio Trigo: Urologista e presidente da Sociedade Brasileira de Urologia de São Paulo. Especialista em Incontinência Urinária do Hospital Sírio-Libanês e Hospital Oswaldo Cruz, em São Paulo. 

Michelle Mendes de Souza: Nutricionista – CRN/1:9150. Pós-graduada em Nutrição Clínica Funcional pela. Pós-graduada em Oncologia pelo Albert Einstein – Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa (SP). Nutricionista da Aliança – Instituto de Oncologia.

Rafael Buta: Graduação em Medicina na Universidade de Brasília. Especialista em Urologia pela Associação Médica Brasileira. Urologista no Hospital Universitário de Brasília. Membro titular da Sociedade Brasileira de Urologia e da American Urological Association. 

Wilker Lourenço Ribeiro: Profissional de Educação Física – 010580-G/GO. Especialista em Fisiologia do Exercício. Instrutor de musculação na Bodytech Marista.

Comentários