PALAVRA DO ESPECIALISTA

Artigo: Monitoramento da Carga Interna de Treinamento

Sono e Sintomas de Infecções Respiratórias

Artigo: Monitoramento da Carga Interna de Treinamento O desequilíbrio dessa variável pode apresentar sensibilidade a condição clínica (acometimento por infecções das vias aéreas superiores)
Crédito: BANCO DE IMAGENS
Prof. Dr. Rodrigo Dias 
Doutor (PhD) em Ciências do Movimento Humano pela Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP) - Núcleo de Biodinâmica e Linha de Pesquisa em Fisiologia e Treinamento Desportivo; Mestre em Educação Física pela UNIMEP - Núcleo de Performance Humana e Linha de Pesquisa em Imunologia do Exercício, Metabolismo e Nutrição; Docente do Curso de Bacharelado em Educação Física da Associação de Ensino Superior do Piauí (AESPI); Docente dos Cursos de Pós Graduação da Universidade Estácio de Sá (UNESA), da Faculdade de Educação Física de Sorocaba (FEFISO), da UNIMEP, da Universidade Cidade São Paulo (UNICID), do Centro Universitário de Itajubá (FEFI) e do Centro Universitário (UNINOVAFAPI).

Prof. Ms. André Luís Rodrigues Santos 
Mestre em Ciências do Movimento Humano pela Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP) - Núcleo de Fisiologia e Saúde das Comunidades e Linha de Pesquisa em Fisiologia e Treinamento Desportivo; Especialista em Fisiologia e Treinamento Desportivo pela Universidade Federal do Piauí (UFPI); Coordenador e Docente do Curso de Bacharelado em Educação Física da Associação de Ensino Superior do Piauí (AESPI).

O sono é uma importante variável associada as adaptações ao treinamento. O desequilíbrio dessa variável pode apresentar sensibilidade a condição clínica (acometimento por infecções das vias aéreas superiores), podendo conjuntamente, minimizar a adaptação aguda/crônica ao esforço. Porém, o monitoramento conjunto dessas variáveis, é consistentemente negligenciado.
As adaptações biológicas ao treinamento são decorrentes da percepção as próprias cargas de esforço (carga externa = dose de treinamento). Entretanto, apesar de indivíduos serem submetidos ao mesmo treinamento, as respostas (carga interna = percepção), podem ser extremamente distintas/particulares. Nesse sentido, é importante salientar que o monitoramento da carga interna é uma ferramenta primordial para a própria organização do treinamento (adaptação aguda/crônica = resposta ao treinamento). 

INDICADORES DA CARGA INTERNA
Dentre os indicadores, citam-se a carga, monotonia e training strain, sendo os mesmos, demonstrados em unidades arbitrárias (u.a.). A carga é determinada pelo produto entre o score da percepção subjetiva de intensidade de esforço e a minutagem das sessões (incluindo aquecimento, desaquecimento e intervalos entre esforços), sendo que, valores elevados (acima de 3000-4000 u.a.), podem estar associados ao aumento de lesões/infecções. A monotonia é um índice de variabilidade das cargas de treino (média da carga semanal dividida pelo desvio padrão das cargas diárias), sendo que, altos níveis dessa variável (acima de 2 u.a.) associados a períodos de cargas elevadas (3000-4000 u.a.), apresentam potencial para induzir queda do desempenho e aumento de lesões/infecções. O training strain é uma variável que indica a magnitude e distribuição das cargas de treino (somatório das cargas multiplicado pela monotonia do período avaliado), sendo que, o elevado nível desse indicador (acima 6000 u.a.), adicionalmente apresenta potencial para induzir queda do desempenho e aumento de lesões/infecções. Tais indicadores devem ser interpretados de forma conjugada. Assim, é disponibilizado e discutido os dados de um indivíduo no que tange o comportamento dos referidos indicadores da carga interna bem como a associação com as infecções e o tempo de sono.

MONITORAMENTO DOS INDICADORES DA CARGA INTERNA
O monitoramento ocorreu ao longo de 16 semanas, sendo que, no final da semana 14, o indivíduo apresentou sintomas de infecções das vias aéreas superiores (coriza e garganta inflamada, porém, sem febre ou dor corporal). Ademais, o tempo de sono diário médio (que oscilou entre 7,8 a 6,4 horas com média de 7,15 horas da semana 1 a 13), foi de 5,6 horas na própria semana 14 e 6,4 na semana precedente a sintomatologia, ou seja, na semana 13. Assim, adotou-se como estratégia na semana seguinte, ou seja, na semana 15, diminuir o volume realizado em relação ao programado em 40% (gerando uma diminuição da carga semanal e do training strain de 3014 u.a. para 1737 u.a. e 3804 u.a. para 2322 u.a. da semana 14 para a 15, respectivamente) com manutenção da intensidade programada.
Como o indivíduo ainda apresentava sintomatologia (somente coriza) no início da semana 16 (associado a um tempo de sono diário médio de 6,2 horas ao longo da semana 15), a decisão tomada foi diminuir o volume realizado em relação ao programado em 21% (gerando uma diminuição da carga semanal e do training strain de 1737 u.a. para 1328 u.a. e 2322 u.a. para 1846 u.a. da semana 15 para a 16, respectivamente) com manutenção da intensidade programada. A assintomatologia foi observada ao final da semana 16 em associação ao restabelecimento do tempo médio de sono, ou seja, 7,4 horas. Importante ressaltar que, os valores de monotonia foram baixos ao longo de todo o período monitorado (inferiores a 2 u.a.).

PALAVRA DOS ESPECIALISTAS
A utilização de gráficos no monitoramento das respostas (carga interna = percepção) ao esforço (carga externa = dose de treinamento) via planilhas eletrônicas, permite a visualização do padrão de alternância e distribuição dos indicadores (carga, monotonia e training strain bem como sono e infecções), fornecendo subsídios para o ótimo equilíbrio entre magnitude e distribuição das cargas para a organização do treinamento (adaptação aguda/crônica = resposta ao treinamento).

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