NUTRIÇÃO & ESPORTE

Nutrição e Esporte: Ginástica Rítmica com Natália Gaudio

Conheça a trajetória de Natália Gaudio, a ginasta consagrada como a melhor do Brasil

Nutrição e Esporte: Ginástica Rítmica com Natália Gaudio Natália acredita que seus diferenciais sejam: controle emocional e concentração no momento da competição
Crédito: Ricardo Bufolin
Graça, leveza e beleza são adjetivos que definem perfeitamente a Ginástica Rítmica (GR), uma modalidade olímpica que possui infinitas possibilidades de movimentos corporais combinados aos elementos do balé e da dança teatral. Esses movimentos devem ser realizados fluentemente em harmonia e entrosamento com a música e com suas praticantes e devem ser coordenados com o manejo de aparelhos, como corda, arco, bola, maças e fitas. 
A GR é, na verdade, uma ramificação da ginástica tradicional e possui técnicas precisas que compõem um ambiente de expressão corporal contextualizada, inclusive, pelos sentimentos transmitidos através do corpo. Em nível de competições, individuais ou em conjunto, a ginástica é exercida apenas por mulheres, embora exista uma prática masculina originada no Japão. 
Esta modalidade pode ser iniciada, em média, aos seis anos e não há idade limite para treinar. Seus eventos são feitos sobre um tablado e seu tempo de realização é de um minuto e 30 segundos para as provas individuais e dois minutos e 30 segundos para as provas coletivas.
É função da GR desenvolver o corpo em sua totalidade, por meio dos movimentos naturais, aperfeiçoados pelo ritmo e pelas capacidades psicomotoras nos âmbitos físico, artístico e expressivo. Devido a essa combinação de características, a Ginástica Rítmica é, muitas vezes, chamada de ‘desporto-arte’.

A GINASTA
Nascida em Vitória, no Espírito Santo, a jovem Natália Azevedo Gaudio de apenas 26 anos, chamada de Nati pelos mais próximos, atualmente reside na cidade de Vila Velha e iniciou sua história com a Ginástica Rítmica ainda aos seis anos, na escola onde estudava. 
A capixaba ficou tão encantada ao ver suas amigas treinando para a modalidade, que logo quis praticar também e dois anos depois, participou de sua primeira competição, conquistando a sua primeira medalha de vice-campeã estadual. Aos nove, a jovem atleta foi chamada para treinar na seleção capixaba e a partir de então, aumentou os ritmos dos treinos e começou a participar de competições mais importantes. “Tive muito apoio da minha família para praticar a Ginástica Rítmica, meus pais e meus avós investiram bastante em minha carreira, para que eu pudesse evoluir como ginasta. Minha primeira treinadora, a professora Sonia Cristina, foi quem me levou para fazer o teste para a seleção capixaba. Na época, Monika Queiroz, que hoje é a minha treinadora, gostou tanto de mim, que me convocou para treinar com ela. Desde então, seguimos juntas e ela sempre me apoiando, me incentivando e acreditando no meu potencial”, lembra a ginasta. 
Em 2002, Natália participou do seu primeiro torneio nacional e, em 2004, foi vice-campeã brasileira na categoria infantil. Após dois anos, a jovem competiu no Pan-americano na categoria juvenil e conquistou duas medalhas de bronze. Também na categoria juvenil, foi medalhista no Torneio Internacional Memorial 78, na Bulgária, em 2º lugar geral; e campeã geral na Copa Internacional realizada em Bariloche, Argentina. “Da categoria juvenil à adulta, conquistei diversos títulos, alguns deles são: hexacampeã estadual; hepta campeã brasileira (uma vez na categoria juvenil e seis vezes na adulta); finalista nos jogos Pan-americanos de Guadalajara (México 2011) e dos Jogos Pan-americanos de Toronto (Canadá 2015); hexa campeã Sul-americana; duas medalhas de bronze no grand-prix Irina Deleanu Cup (Romênia – 2012); campeã no aparelho maças; vice-campeã geral nos Jogos Sul-americanos (Santiago - Chile 2014); duas vezes vice-campeã e 3º lugar geral no Meeting Internacional, além de conquistar medalha de ouro no aparelho maças”, conta. 
Apesar de ser jovem, Natália Gaudio já possui uma trajetória longa no esporte, com uma carreira que retrata sua paixão, talento e vocação para brilhar, merecendo total destaque na modalidade. Mas, engana-se quem pensa que suas conquistas pararam por aqui, entre as recentes vitórias está a que Natália considera a mais importante de sua carreira: a participação nos Jogos Olímpicos Rio 2016. Sem contar que em 2012, 2016 e 2018 ela ganhou o prêmio Brasil Olímpico por se consagrar a melhor ginasta do país e, por três vezes, também levou o prêmio de melhor ginasta do estado do Espírito Santo. “Além disso, fui campeã Panamericana 2016; 4° lugar no aparelho fita na Copa do Mundo de Portimão 2018; campeã dos Jogos Sulamericanos 2018, conquistei duas medalhas de bronze por aparelho no Panamericano 2017 e fui bronze geral no campeonato Panamericano de 2018. Em 2010, fui convocada para a seleção brasileira oficial individual da categoria adulta, onde permaneço até hoje, porém, desde a categoria juvenil já represento o  país em eventos internacionais. É importante dizer que devo ao esporte a pessoa que me tornei e agradeço pelas oportunidades incríveis, as experiências, os países que visitei, as pessoas e as culturas que tive a chance de conhecer. Essas portas se abriram e graças a Deus sigo aprendendo a cada dia, evoluindo como ser humano e como atleta. Toda disciplina, garra e força de vontade do esporte, levo para o meu dia a dia, em todas as outras atividades que realizo”, enfatiza. 

ROTINA E TREINOS
Como toda atleta de ponta, Natália possui uma rotina de treinos intensa. Diariamente, ela treina de quatro a cinco horas, de segunda a sábado, sempre no Ginásio do Governo do Estado, em Vitória/ES. Mas, em épocas que antecedem as competições, Natália chega a treinar até oito horas por dia, divididas em dois turnos, sendo quatro horas no período da manhã e quatro horas a tarde.
“Não pratico musculação e faço apenas preparação física com exercícios específicos para o fortalecimento das musculaturas que mais uso durante as performances. Faço também aula de balé, duas vezes na semana, quase sempre sozinha, mas, em alguns casos, pratico com minha equipe. O balé auxilia na limpeza dos movimentos da Ginástica Rítmica, ajuda a corrigir braços e pernas que precisam estar sempre muito estendidos, além de trabalhar a leveza e a delicadeza dos movimentos. Faço também fisioterapia, aproximadamente três vezes na semana, para me prevenir ou me recuperar de lesões. Antes das temporadas de competições, me preparo com treinos intensos e algumas vezes fazemos aclimatação para acostumar com o fuso e o clima do local da prova. Na maioria das vezes, as copas do mundo são na Europa, por isso faço vários intercâmbios de treinamento na Bulgária, país que é potência mundial na GR. Após as competições, sempre tenho um período de descanso e recuperação, para depois retornar aos treinos. Depende muito da época, mas temos, no mínimo, dois dias de folga e nesses dias de descanso, minha nutricionista prescreve uma alimentação mais leve, para compensar o fato do corpo estar parado, sem trabalhar”, explica.  
Atleta olímpica e melhor brasileira no Mundial de 2017, a ginasta conta que seu acompanhamento nutricional é feito pela nutricionista  Drielly Neves Daltoé, ex-atleta da Seleção de Ginástica Rítmica, e destaca que entre as exigências de seu esporte, as principais são: estar sempre magra e saudável, ter elegância, flexibilidade, disciplina e persistência. “Um dia antes e no próprio dia da competição, o cardápio é mais livre, posso comer, inclusive, mais carboidrato, para me alimentar bem e ter mais energia para competir com força total. Mas, no geral, faço cinco refeições diárias, evito gorduras, refrigerante, frituras e doces. Algumas vezes, é necessário também consumir suplementos alimentares para aguentar o ritmo intenso de treinos, tanto que na minha dieta, por exemplo, tem whey protein como opção, mas não consumo diariamente. Quando preciso baixar meu peso para as competições, basta apenas seguir minha dieta à risca, pois tenho facilidade para emagrecer”, diz. 
Natália revela que o preparo externo para as competições começa cerca de uma hora e 30 minutos antes de sair do hotel para ir ao ginásio, já que ela mesma faz a própria maquiagem e o cabelo. “Gosto bastante de me arrumar! Para mim, esse já é um momento de concentração e no ginásio, preciso de mais uma hora e 30 minutos para fazer o aquecimento. Nos dias das classificatórias costuma ser mais tranquilo, porque competimos uma vez ao dia com, no máximo, dois aparelhos. Mas, em algumas exceções, quando tem final geral, competimos com quatro aparelhos no mesmo dia, o que acaba sendo mais cansativo”, explica. 
Quanto aos seus diferenciais como atleta, Natália acredita que os principais sejam controle emocional e concentração no momento da competição. Segundo ela, muitas vezes o preparo psicológico é mais importante do que o físico durante as provas. “Meu amor é praticar a Ginástica Rítmica e poder representar tantas meninas que também amam a modalidade. Quero deixar um legado na ginástica do Brasil, para que se torne uma modalidade cada vez mais conhecida e valorizada”, enfatiza a campeã. Vale lembrar que a atleta conseguiu um feito inédito, em 2018, quando colocou a Seleção Individual pela primeira vez em uma final de Copa do Mundo.
Para quem quiser acompanhar a trajetória de Natália e suas próximas competições, elas já estão programadas: Copa do Mundo de Pesaro (Itália); Copa do Mundo de Sofia (Bulgária) e o Mundial em Baku (Azerbaijão). “Meus próximos grandes objetivos são: trazer uma medalha dos Jogos Pan-americanos e classificar o Brasil para as Olimpíadas de Tóquio. Para terminar, o recado que sempre deixo às pessoas que estão começando na  modalidade e para os meus fãs, é: nunca desistam de seus sonhos! Tudo é possível quando fazemos o que amamos. Sempre encontraremos muitos obstáculos e pedras no percurso, mas depois de vencê-los, sempre alcançamos a vitória”, finaliza a atleta.

SOBRE A ATLETA
Nome completo: Natália Azevedo Gaudio
Data de nascimento: 18/12/1992
Local de nascimento: Vitória/ES
Modalidade: Ginástica Rítmica
Categoria: Adulta
Peso: 57kg
Altura: 1,70m
Equipe: Escola de Campeãs
Patrocinadores: SAMP, Caixa, CBG, Bolsa Atleta Federal e Estadual.

PRINCIPAIS TÍTULOS: 
2018 – Bronze geral no Campeonato Panamericano
2018 – 4° lugar no aparelho fita na Copa do Mundo de Portimão 2018
2018 – Campeã dos Jogos Sulamericanos 
2017 – Duas medalhas de Bronze por aparelho no Panamericano
2016 – Atleta Olímpica Rio 2016
2016 – Campeã Panamericana 2016
2015, 2014, 2013, 2012 e 2011 – Finalista em Jogos Panamericanos 
2014 – Vice-campeã dos Jogos Sulamericanos 2014
Hexacampeã Brasileira 
Hexacampeã Sulamericana 
2012 – Duas medalhas de Bronzes por aparelho no Irina Deleanu Cup – Romênia

Redes Sociais:
Instagram: @natigaudio
Twitter: @natigaudio
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