PALAVRA DO ESPECIALISTA

Artigo: Traumatologia Facial nos esportes

Saiba um pouco mais sobre as fraturas da face em decorrência da prática esportiva

Artigo: Traumatologia Facial nos esportes Crédito: BANCO DE IMAGENS
Dr. Edson Carlos Z. Rosa.
Cirurgia da Face
Fisiologia Humana e Metabologia do Esporte
Desempenho e Performance Física
Instagram: @edsoncarlosrosa

Podemos dizer que o tema deste artigo se trata de um assunto importante, que vem se repetindo com frequência na mídia e nos demais veículos de comunicação, podendo apresentar um desfecho importante e complexo.
Trata-se dos traumas físicos na região da face (rosto), que sem sombra de dúvidas, configura um grave problema de saúde pública, pois frequentemente está associado a sequelas, como: desfiguração da face, perda de função local, problemas psicológicos, dentre outros, que na maioria das vezes, culminam para quadros clínicos de fraturas faciais (quebra dos ossos da face).
Dentre as etiologias das fraturas faciais, podemos citar: acidentes de trânsito, agressões físicas, quedas, acidentes de trabalho e acidentes decorrentes da prática esportiva, que nos dias atuais se destacam, pela frequência que vem ocorrendo. 
De maneira geral, os pacientes do gênero masculino e jovens são os mais acometidos pelo trauma facial, pois estão mais expostos à violência urbana, aos acidentes de trânsito e aos acidentes provindos da prática esportiva, principalmente em esportes de alto impacto.
Nós pesquisadores das ciências do esporte, sabemos muito bem que a prática de esportes promove inúmeros e incontáveis benefícios à saúde humana, porém em contrapartida, os esportes de alto impacto, apresentam-se como um dos principais fatores etiológicos de injúrias craniofaciais e dentárias.
Os traumatismos na região da face decorrentes da prática esportiva podem afetar com frequência diversas estrututuras, tais como a pele, os músculos, os nervos, os ossos e os dentes, no qual na maioria das vezes, causam injúrias (agressões) teciduais locais, tais como fraturas, luxações, dilacerações, rompimentos, dentre outros. 
Já em casos mais graves, pode provocar traumatismos crânio encefálicos (TCEs), que é um quadro de dano cerebral importante, colocando os pacientes em risco de morte. 
Na região da face (rosto) as lesões provenientes dos traumas nos esportes, podem levar a um número variado de sintomas locais, tais como: perda de sensibilidade na pele, cicatrizes, alteração na visão (fraturas que envolvam a órbita ocular), dificuldade na respiração, paralisia facial, má-oclusão dentária, dificuldade de abertura e fechamento da boca, perdas dentárias, dentre outros. 
Podemos dizer que os ossos da face mais afetados e suscetíveis aos traumatismos são: o osso nasal (nariz), a mandíbula, o osso zigomático (maçã do rosto), o arco zigomático, a maxila e as órbitas oculares (ossos em volta dos olhos).

COMO É REALIZADO O TRATAMENTO DOS TRAUMATISMOS ENVOLVENDO A REGIÃO DA FACE (ROSTO)?
Aqui ressaltamos que as técnicas de tratamento das fraturas da face são as mesmas empregadas para as fraturas de um braço ou de uma perna, onde alinhamos os segmentos ósseos (redução da fratura) e mantemos os mesmos em posição, o tempo que for necessário para sua total consolidação (estabilização). 
Esse procedimento pode levar em torno de quatro semanas ou mais, dependendo de vários fatores ligados a individualidade de cada caso, tais como: idade e condição imunológica do paciente, tipo e complexidade da fratura ocorrida, dentre outros. 
As fraturas consideradas simples são tratadas por redução fechada, o que implica a manipulação dos segmentos fraturados sem intervenções mais invasivas, ou seja, implica em técnicas de contenção e imobilização da fratura, porém sem necessidade de atos cirúrgicos para reposição dos ossos fraturados.
Já nos atendimentos emergenciais, para casos de suspeita de pacientes com fraturas dos ossos da face, o primeiro ato do cirurgião facial responsável, deverá ser baseado na conduta de busca de corpos estranhos presentes na face que possam eventualmente obstruir as vias aéreas superiores, colocando em risco a vida dos pacientes por asfixia. Em seguida, deverá ser instalada uma avaliação neurológica completa nos pacientes, para que dessa forma, seja excluída a presença de danos cerebrais decorrentes do traumatismo ocorrido na face e anexos, sendo posteriormente complementada com uma avaliação física, associada a exames complementares detalhados da região, visando o diagnóstico e prognóstico de eventuais fraturas na face e crânio (crânio-buco-maxilo-faciais), além de estruturas dentárias. 
Podemos dizer que eventualmente, as consequências das lesões traumáticas dos ossos faciais, podem evoluir para deformidades locais que não só prejudicam a aparência do paciente, como também a função dos respectivos órgãos, interferindo na capacidade de falar, engolir, mastigar, respirar ou de enxergar corretamente. Além desse fator, destacamos que o comprometimento estético da face, pode ser um fator desencadeante para graves perturbações psico-emocionais ou sociais, podendo ainda representar sérios problemas econômicos para o paciente.
Nesse caso, o tratamento das fraturas faciais decorrentes da prática esportiva, deverá ser realizado com uma abordagem técnica minuciosa e abrangente, tendo como alvo principal, a aparência estética do paciente, que deverá ser preservada ao máximo. Por esse motivo, a especialidade de cirurgia da face avançou muito nos últimos tempos, onde novas técnicas foram implementadas no intuito de promover um menor número possível de incisões cirúrgicas, bem como a preconização de incisões em locais estratégicos da face, onde as cicatrizes frequentemente ficam escondidas.
Ainda assim, preconizamos que uma maior atenção deve ser dada na prevenção dos traumas desportivos, pois estes são a terceira maior causa dos traumas faciais, destacando-se nestes casos as fraturas dos ossos do crânio, da face e dos dentes, bem como lesões de língua, lábios e bochechas. 
O traumatismo dental pode levar à perda dentária imediata (no momento do acidente) ou mediata (no decorrer do tratamento ou anos após, devido à reabsorção das raízes dentárias). 
As modalidades de maior risco são as de contato, ou de impacto, como: boxe, judô, karatê, jiu-jitsu, futebol, basquetebol, voleibol, handebol, mountain bike, motocross, dentre outras.  Nestes esportes, as chances do atleta sofrer contusões crânio-faciais durante a carreira variam de 30% a 60% aproximadamente, podendo ocorrer choques, cabeçadas, cotoveladas, traumatismos crânio-faciais, fraturas nasais, ferimentos, até mesmo quedas acidentais ou agressões físicas como socos e pontapés.

Dr. Edson Carlos Z. Rosa

Cirurgião, Fisiologista e Pesquisador em Ciências Médicas, Cirúrgicas e do Esporte

Diretor do Instituto de Medicina e Fisiologia do Esporte e Exercício (Metaboclinic Institute), Diretor Executivo do Centro Nacional de Ciências Cirúrgicas e Medicina Sistêmica (Cenccimes) / Diretor Executivo da União Brasileira de Médicos-Biocientistas (Unimédica) /  Presidente e Fundador da Ordem Nacional dos Cirurgiões Faciais (ONACIFA), Presidente e Fundador da Sociedade Brasileira de Medicina Humana (SOBRAMEH) e Ordem dos Doutores de Medicina do Brasil - ODMB, Doutor em Ciências Médicas e Cirúrgicas (h.c),

Pós-graduado em Clínica Medica - Medicina interna, Medicina e Fisiologia do Esporte/Exercício, Nutrologia e Nutromedicina, Fisiologia Humana Geral aplicada às Ciências da Saúde.

Escritor e Autor de Diversos Artigos na área de Medicina Geral, Medicina e Endocrinologia do Esporte, Cirurgia de Cabeça e Pescoço, Neurociência e Comportamento Humano.

Fundador-Gestor do e-Comitê Mundial de Médicos do Desporto e Exercício (Official World Group of Sports And Exercise Physicians), Fundador-Gestor Internacional de Cirurgiões Craniomaxilofaciais (The Official World Group of Craniomaxilofaciais Surgeons).

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