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Entenda tudo sobre: Doença de Crohn

Conheça tudo sobre a inflamação crônica causada pelo sistema imunológico do organismo que atinge uma das regiões do aparelho digestivo e vai da boca até o ânus

Entenda tudo sobre: Doença de Crohn Crédito: BANCO DE IMAGENS
1 – O QUE É?
A doença de Crohn é uma inflamação crônica, multifatorial do trato gastrointestinal, causada pelo sistema imunológico do organismo que atinge uma das regiões do aparelho digestivo, da boca ao ânus, com mais frequência no intestino delgado e grosso. 
Segundo o Dr. Alexander de Sá Rolim, cirurgião do aparelho digestivo e proctologista especialista em doença inflamatória intestinal da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, anualmente, a cada 100 mil pessoas, 15 são diagnosticadas com a enfermidade e cerca de metade precisará de cirurgia no prazo de 10 anos. 

2 – QUAIS SÃO OS SINTOMAS?
O surgimento é mais comum no início da adolescência até os 30 anos, embora possa ocorrer em qualquer idade.  Apesar de ser desencadeada pelo sistema imunológico, a Doença de Crohn não é considerada autoimune, ou seja, não é o próprio corpo que ativa esse sistema de defesa. “Ainda não há uma causa definida e ela pode ser provocada pela combinação de fatores ambientais, imunidade e bactérias em pessoas predispostas geneticamente”, conta o Dr. Alexandre.
 De acordo com a Dra. Marta Brenner Machado, médica gastroenterologista e presidente da ABCD.  Não se conhece a exata causa das DII (doença inflamatória intestinal). Acredita-se ser de origem multifatorial como fatores genéticos, microbiota intestinal, uso abuso de antibióticos na infância, dieta rica em gorduras, carboidratos, além de conservantes e agrotóxicos e do estresse emocional que baixa a imunidade de qualquer doença.
Os sintomas mais comuns são diarreia, dor e cólica abdominal, náuseas e vômitos, febre moderada, sensação de distensão abdominal piorada com as refeições, fraqueza e cansaço, perda de apetite e peso que podem provocar atraso de desenvolvimento e crescimento em adolescentes. “Além disso, é importante a pessoa ficar atenta ao surgimento de sangue, muco ou pus nas fezes, junto com episódios de diarreia e buscar ajuda médica”, reforça o médico, Dr. Alexander.
De acordo com a Associação Brasileira de Colite Ulcerativa e Doença de Crohn (ABCD) os sintomas podem variar de leve à grave, mas em geral, as pessoas com doença de Crohn podem ter vida ativa e produtiva com o correto tratamento e acompanhamento médico seriado.

3 – EXISTE TRATAMENTO?
De acordo com o especialista Dr. Alexander de Sá Rolim, o tratamento depende da localização no sistema digestivo, grau da doença, complicações e resposta aos tratamentos anteriores, podendo incluir medicação, complementos nutricionais, cirurgia ou a combinação das três.
“Apesar de ser a última opção, a intervenção cirúrgica pode ser necessária para resolver um acúmulo de pus e obstrução do canal intestinal. Já o tratamento terapêutico irá parar o processo inflamatório do intestino, promover a cicatrização da mucosa e corrigir as deficiências nutricionais, melhorando a qualidade de vida e aliviando os sintomas. Mas, infelizmente, ainda não existe a cura para doença de Crohn”, explica o especialista, Dr. Alexander de Sá Rolim.
 Para a Dra. Marta Brenner Machado, a cirurgia pode ser necessária quando o tratamento clínico é ineficiente no controle dos sintomas ou quando há uma complicação tal como obstrução intestinal, perfuração ou fístulas. “A cirurgia pode permitir ao paciente permanecer livre de sintomas, mas não objetiva a cura, já que a recidiva é muito frequente no próprio local ou nas proximidades de onde ela foi realizada (anastomose). Na retocolite ulcerativa a eliminação cirúrgica de todo o cólon e do reto (proctocolectomia total) pode proporcionar uma melhora definitiva. Na maioria dos casos deve-se realizar uma abertura artificial do íleo na parede abdominal (ileostomia), pela qual o excremento sai e é coletado em uma bolsa aderida à pele, porém sendo uma doença sistêmica, muitas vezes manifestações extra intestinais persistem”, detalhe a médica.

4 – DIETA COMO PREVENÇÃO E TRATAMENTO
De acordo com a médica Dra. Marta Brenner Machado, a boa nutrição é essencial em qualquer enfermidade crônica, mas especialmente nas doenças em que se observam redução do apetite, diarreia e às vezes má absorção de alimentos, fatores que prejudicam a assimilação de fluídos, nutrientes, vitaminas e minerais pelo corpo.  
“Apesar da alimentação não ser a causa dessas doenças, é fato que as comidas suaves e brandas interferem menos que as comidas condimentadas ou ricas em gorduras, quando a doença está na fase ativa. Assim recomenda-se restrição ao leite em pacientes com intolerância a lactose e dieta saudável livre de conservantes, transgênicos e alimentos industrializados”, afirma a médica.

5 – A DOENÇA PODE ACARRETAR OUTRAS PATOLOGIAS? 
De acordo com a Associação Brasileira de Colite Ulcerativa e Doença de Crohn, além de ter sintomas no trato intestinal, algumas pessoas podem apresentar uma variedade de outros sintomas associados as doenças em outras partes do corpo, esses sintomas são chamados de manifestações extra intestinais e podem ser evidentes nos olhos, com vermelhidão, dor e coceira; na boca com aftas; nas articulações com inchaços e dor; na  pele com alergias leves, formação de úlceras dolorosas e irritações, eritema nodoso e pioderma; nos ossos (osteoporose), nos rins com cálculos pedras), e no fígado (colangite esclerosante, hepatite auto imune, hidradenite, sacroileite).

6 - A DOENÇA DE CROHN E A COLITE ULCERATIVA PODEM ESTAR RELACIONADAS?
De acordo com a ABCD, a colite ulcerativa difere da doença de Crohn, pois ela afeta apenas o cólon. A inflamação é máxima no reto e estende-se até o cólon de modo contínuo, sem nenhuma área de intestino normal poupada. Já a doença de Crohn, pode afetar qualquer área do trato gastrointestinal, incluindo o intestino delgado e pode haver áreas de intestino normal entre as áreas de intestino doente, as chamadas áreas ‘poupadas’.
 A colite ulcerativa afeta apenas a camada mais superficial do cólon, enquanto a doença de Crohn pode afetar toda a espessura da parede intestinal. A colite ulcerativa e a doença de Crohn são diferentes do cólon espástico ou síndrome do cólon irritável, que é um distúrbio de motilidade do trato gastrointestinal. A síndrome do cólon irritável não tem nenhuma relação com a colite ulcerativa ou doença de Crohn. Ambas podem ter os mesmos sintomas, porém a localização anatômica com envolvimento do delgado e fístulas colaboram para o diagnóstico de Crohn.

7 - É POSSÍVEL DESENVOLVER UM CÂNCER? 
Em primeiro lugar deve-se saber que o câncer do cólon e reto é frequente na população geral. Estudos mostram que pessoas com colite ulcerativa que atinja todo o cólon e por períodos não menores que 8 a 10 anos correm um risco significativo de desenvolver câncer, porém atualmente acredita-se que com o controle rigoroso farmacológico do processo inflamatório com a ‘cura da mucosa’, este risco fica igual ao da população em geral.
De acordo com a ABCD, alguns pacientes possuem maior risco quando possuem existe histórico familiar de câncer ou colangite esclerosante primária como manifestação extra intestinal. 
Apesar de estudos em pessoas com doença de Crohn do cólon não serem numerosos ou completos, muitos pesquisadores acreditam que o risco de câncer nesses pacientes é menor que na colite ulcerativa, embora maior que na população em geral especialmente em áreas de estenoses. 
Em ambos os casos, o risco de câncer parece estar associado a doença de longa duração e cicatrizada mucosa que acometa o cólon em sua totalidade. Mesmo que a doença esteja inativa, é conveniente realizar colonoscopia em intervalos regulares de acordo com cada paciente e sua localização anatômica.

FONTES CONSULTADAS:
ABCD – Associação Brasileira de Colite Ulcerativa e Doença de Crohn.

Marta Brenner Machado – Médica Gastroenterologista e Presidente da ABCD.

Dr. Alexander de Sá Rolim - Cirurgião do aparelho digestivo e Proctologista especialista em doença inflamatória intestinal da rede de Hospitais São Camilo de São Paulo.



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