PALAVRA DO ESPECIALISTA

Artigo: Hormônio Ocitocina

A influência deste hormônio no metabolismo humano e na performance física

Artigo: Hormônio Ocitocina O hormônio ocitocina apresenta diversos mecanismos de ação psico-neurológicos
Crédito: BANCO DE IMAGENS
Dr. Edson Carlos Z. Rosa.
Cirurgia da Face.
Fisiologia Humana e Metabologia do Esporte
Desempenho e Performance Física
Instagram: @edsoncarlosrosa

Muito se ouve falar da ação protagonista das moléculas de hormônios no organismo humano, conduzindo o metabolismo em seus mais diversos fins em busca da homeostase (equilíbrio interno).
Atualmente, observamos na literatura científica inúmeros novos estudos evidenciando a estreita relação entre fisiologia endócrina humana, fisiologia do esporte e exercício, neurologia e psiquiatria, uma vez que possuímos receptores hormonais em todas as partes do organismo.
Dessa forma, observamos a íntima associação entre todas essas áreas, em que recentemente, inúmeros estudos, vem destacando um hormônio produzido em uma região neurológica, chamado de ocitocina.
A ocitocina ou oxitocina é um hormônio produzido no hipotálamo, em áreas específicas denominadas núcleos paraventricular e supraóptico, e estocado no lobo posterior da glândula hipófise, de onde é liberado para a corrente sanguínea, tendo como principais funções no metabolismo humano: promoção das contrações musculares uterinas, redução do sangramento durante o parto e estimulação e libertação do leite materno no sexo feminino.
Ainda assim, esse hormônio, possui outras funções, como: atuar no desenvolvimento do apego e empatia entre pessoas; na produção de parte do prazer no orgasmo humano, além de modular a sensibilidade ao medo.
Semelhantemente outros hormônios produzidos pela neurohipófise, a ocitocina é um peptídeo de nove aminoácidos, no qual denominamos de nonapeptídeo, tendo um mecanismo de ação periférica e central (neurológico) com atividades mediadas por receptores específicos de oxitocina (denominados de Oxtr), sendo esses, pertecentes a rodopsina e acoplados à proteína G, que são expressos por neurônios em diversas partes do cérebro e medula espinhal e ainda em outras regiões do cérebro, tais como: amídalas cerebrais,  núcleo ventromedial, septo, núcleo accumbens e tronco cerebral.
Estudos científicos realizados sobre esse hormônio, revelam que liberações de ocitocina ocorrem no interior das amídalas e do septo cerebral, regiões do sistema límbico, esse estando fortemente relacionado ao controle de emoções, incluindo o comportamento alimentar.

MECANISMOS PSICO-NEUROLÓGICOS DA OCITOCINA NA AFETIVIDADE HUMANA E BEM-ESTAR SOCIAL
O hormônio ocitocina apresenta diversos mecanismos de ação psico-neurológicos, atuando fortemente no padrão emocional dos seres humanos, exercendo efeitos positivos nos comportamentos pró-sociais, na facilitação da confiança e do apego entre indivíduos. Nesse caso, a ocitocina, quando liberada no SNC e corrente sanguínea, atuará diminuindo os níveis de cortisol (conhecido como hormônio do estresse e com ação antagônica a ocitocina), estimulando o prazer e bem-estar.
Podemos observar que no início dos relacionamentos humanos, os níveis de ocitocina na corrente sanguínea dobram e vão se mantendo estáveis entre os primeiros meses de namoro, porém eventualmente no término do relacionamento, os níveis tendem a baixar, essa seria uma explicação plausível que costumamos adotar para explicar o fato do hormônio ser conhecido como o ‘hormônio do amor’.
Existe consenso entre a comunidade científica de que a ocitocina modula o medo, ou seja, tem a capacidade fisiológica de ativar circuitos neurológicos inibitórios do medo, dentro da amídala cerebral, dessa forma, poderá inibir parcialmente as respostas dos indivíduos a sensação de medo.
Como dito anteriormente, a ocitocina é um hormônio que possui importantes efeitos neuropsíquicos no organismo humano, tanto masculino, quanto feminino, tais como:
Estimulação a sociabilidade entre seres humanos;
Facilitação para formação de laços de amizade e estreitamento de ligações sentimentais.
Melhora o humor e reduz a ansiedade.

MECANISMOS FISIOLÓGICOS DA OCITOCINA NA PERFORMANCE FÍSICA HUMANA
É sabido na comunidade científica que todas as funções do corpo humano em estado de repouso ou em exercício físico, são permanentemente controladas por dois grandes sistemas que atuam de forma integrada, garantindo a manutenção da vida humana, que é o sistema nervoso e o sistema hormonal.
A ocitocina, exerce atividade metabólica em diversos mecanismos neurológicos e periféricos no organismo humano, repercutindo em determinadas vias bioquímicas que irão influenciar indiretamente o metabolismo energético, podendo trazer significativa melhora no desempenho físico, durante a prática esportiva.
Esse fato é sustentado, uma vez que a priori, uma das funções da ocitocina, seria de fisiologicamente inibir a ação de hormônios catabólicos glicocorticoides (como cortisol e hidrocortisona), contribuindo para a manutenção da massa muscular e eventualmente, redução da sarcopenia músculo-esquelética. Além disso, a ocitocina demonstra possuir efeitos vasodilatadores, contribuindo para eventual aumento da perfusão sanguínea e do calibre arterial, melhorando o aporte e a velocidade do transporte de nutrientes aos músculos, o que poderá sugerir uma melhor resposta anabólica local. 
Alguns estudos, apontaram efeitos positivos da ocitocina na estimulação de hormônios com perfil anabólico, como IG1-1 (fator de crescimento semelhante a insulina, um importante agente para a proliferação de células satélites musculares), agindo como um dos protagonistas na reparação das fibras musculares micro-lesionadas, induzidas pelo treinamento resistido, por exemplo.
Entre os efeitos periféricos da ocitocina, com repercussão na saúde humana e desempenho físico, podemos citar:
Vasodilatação, aumentando o diâmetro das artérias, inclusive as coronarianas, podendo prevenir eventuais isquemias ou estenoses e assim, reduzindo a pressão arterial sistêmica (PAS);
Aumento do suprimento sanguíneo para a pele, podendo acelerar a cicatrização de lesões;
Melhora no desempenho sexual, melhorando libido e prazer durante o orgasmo, em homens e mulheres;
Estímulo ao relaxamento muscular com diminuição da dor, efeitos potencialmente benéficos em pessoas com patologias crônicas, como fibromialgias, cefaleias e enxaquecas;
Alguns estudos apontaram potencial efeito na estimulação de fatores como IGF-1, e consequentemente, inibição de hormônios catabólicos glicocorticoides (como cortisol, hidrocortisona) reduzindo, assim, a sarcopenia músculo-esquelética.
Favorece o parto, estimulando contrações na musculatura uterinas das mulheres gestantes, além de contribuir para a melhora da ejeção do leite materno. 

Embora alguns estudos apontem efeitos positivos da ocitocina em determinadas vias que regulam efeitos anti-catabólicos no metabolismo humano, podemos dizer que os efeitos sobre o desempenho físico nos esportes, ainda não são bem esclarecidos pela literatura científica, carecendo de mais evidências para elucidar melhor essa questão.

SINAIS E SINTOMAS DA DEFICIÊNCIA DE OCITOCINA NO ORGANISMO HUMANO
Alguns sinais clínicos e sintomas específicos podem estar relacionados a eventuais deficiências de ocitocina, tais como:
isolamento social e emocional, humor triste e depressivo, irritabilidade, sensibilidade aumentada ao estresse, dificuldade em manifestar as emoções, palidez cutânea, olhos secos, pele ressecada, tensão muscular, distúrbios do sono, aumento da sensibilidade à dor, dores musculares e ‘pontos’ dolorosos no corpo.
Para finalizar, destaco que alguns fatores melhoram a produção e ação do hormônio no organismo humano, como por exemplo: contato físico, abraços, massagens, barulho, leitura, música, intercursos sexuais, atividade física regular, alimentação balanceada, momentos de diversão e relaxamento.
De modo similar, existem fatores que reduzem a produção e ação da ocitocina no organismo, tais como: solidão, ansiedade, depressão, estresse crônico, deficiências hormonais (estradiol, testosterona e hormônio do crescimento), envelhecimento, sedentarismo, hábitos irregulares (fumo, consumo de álcool, refrigerantes, doces, consumo de carboidratos em excesso na alimentação).

Dr. Edson Carlos Z. Rosa

Cirurgião, Fisiologista e Pesquisador em Ciências Médicas, Cirúrgicas e do Esporte

Diretor do Instituto de Medicina e Fisiologia do Esporte e Exercício (Metaboclinic Institute), Diretor Executivo do Centro Nacional de Ciências Cirúrgicas e Medicina Sistêmica (Cenccimes) / Diretor Executivo da União Brasileira de Médicos-Biocientistas (Unimédica) /  Presidente e Fundador da Ordem Nacional dos Cirurgiões Faciais (ONACIFA), Presidente e Fundador da Sociedade Brasileira de Medicina Humana (SOBRAMEH) e Ordem dos Doutores de Medicina do Brasil - ODMB, Doutor em Ciências Médicas e Cirúrgicas (h.c),

Pós-graduado em Clínica Medica - Medicina interna, Medicina e Fisiologia do Esporte/Exercício, Nutrologia e Nutromedicina, Fisiologia Humana Geral aplicada às Ciências da Saúde.

Escritor e Autor de Diversos Artigos na área de Medicina Geral, Medicina e Endocrinologia do Esporte, Cirurgia de Cabeça e Pescoço, Neurociência e Comportamento Humano.

Fundador-Gestor do e-Comitê Mundial de Médicos do Desporto e Exercício (Official World Group of Sports And Exercise Physicians), Fundador-Gestor Internacional de Cirurgiões Craniomaxilofaciais (The Official World Group of Craniomaxilofaciais Surgeons).

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