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Pet: A importância da proteína para os Pets


Pet: A importância da proteína para os Pets A deficiência de proteínas na dieta de um cão faz com que ele entre em catabolismo
Crédito: BANCO DE IMAGENS
Bruna Morales
CRMV SP 26.313
Veterinária especializada em Medicina Funcional e Nutrição Animal

Os dentes longos e afiados e o estômago muito ácido não deixam dúvidas, os cachorros são carnívoros e devido a convivência próxima com o homem vêm sendo também considerados onívoros, já os gatos são estritamente carnívoros.
 Da mesma forma como acontece com nós seres humanos, que temos a dentição preparada para triturar, mastigar e cortar alimentos, a dentição dos cães e gatos também está preparada para cortar, arrancar e despedaçar alimentos. Eles não têm dentes molares, que servem especificamente para triturar vegetais e a princípio, não recomendamos não oferecer uma dieta para esses animais isenta de carnes.

Animal onívoro: são os animais que se alimentam de vegetais e animais. 

Animal carnívoro: animais que se alimentam, principalmente, de carne de outros animais. São predadores, pois atacam e matam suas presas para poder se alimentar da carne delas. 

 Ou seja, a proteína é uma necessidade vital para cães e gatos. Na natureza selvagem, um cão ou um gato caçará animais e os comerá, caso ele coma vegetais, será junto com as vísceras do animal que ele estiver devorando. Não veremos nunca um cachorro ou gato selvagem comendo cenouras em uma horta.
Por essa razão, o ideal é que tanto o cão quanto o gato, se alimentem de proteína de origem animal. Dá-se o nome de proteína, seja ela vegetal ou animal, a uma macromolécula formada por dez átomos: cinco de hidrogênio (H), dois de carbono (C), dois de oxigênio (O) e um de nitrogênio (N) e o que caracteriza a riqueza de uma fonte proteica são os aminoácidos essenciais que a compõem e são estes aminoácidos que, tanto o cão como o gato, não podem sintetizar. 
 Os organismos dos animais, não utilizam a proteína em si, mas as enzimas do estômago ‘quebram’ essa proteína liberando os aminoácidos, estes sim são assimiláveis pelo intestino para exercer inúmeras funções  no corpo do animal.
A proteína está presente em todas as células do organismo e a importância desse nutriente já está em seu próprio nome que vem do grego proteios, que significa “em primeiro lugar”. 
Não é para menos que a proteína acumula diversas funções, como a de renovar e constituir as estruturas dos órgãos internos (osso, pele e músculos), veicular e transportar determinadas moléculas, constituir os hormônios que regulam o funcionamento dos mais diversos órgãos do corpo e os anticorpos responsáveis pelo combate às doenças.
As proteínas são formadas por aminoácidos – um total de 23 – que combinados entre si formam todas as proteínas nutricionais que existem. 
Os cães como também os gatos precisam de proteínas em sua alimentação para obter os aminoácidos que seus organismos não conseguem sintetizar para um ótimo rendimento metabólico.
  
CONHECENDO OS AMINOÁCIDOS 
Para facilitar o entendimento, os essenciais estão assinalados com asterisco:
Alanina, Arginina*, Asparagina, Ácido Aspártico, Carnitina, Cisteína, Cistina*, Glicina, Ácido Glutâmico, Glutamina, Histidina*, Isoleucina*, Leucina*, Lisina*, Metionina*, Prolina, Ornitina, Fenilalanina*, Treonina*, Taurina, Triptofano*, Tirosina* e Valina*. 
(Obs.: Taurina é essencial para felinos).
Dos 23 aminoácidos já mencionados, 12 são tidos como essenciais, ou seja, ao contrário dos outros 11 (não essenciais) não são sintetizados no corpo deles, mas precisam ser obtidos diariamente através dos alimentos ou suplementos.
Todos os aminoácidos essenciais e não essenciais, são nutricionalmente independentes uns dos outros, com exceção da Cistina e Tirosina, que podem ser formados através da Metionina e Fenilalanina.
Alguns aminoácidos receberam a classificação de não essenciais, mas isso não significa que não sejam importantes na dieta diária do nosso pet, a ausência de apenas um deles, mesmo que seja por pouco tempo, poderá afetar de modo negativo a síntese proteica, prejudicando o sensível equilíbrio que o organismo precisa para manter sua integridade. Ou seja, a ausência ou insuficiência de determinado aminoácido prejudicará a eficácia e função dos outros.
Estudos confirmam que proteínas de origem animal apresentam maior variação em composição química, qualidade e digestibilidade que as de origem vegetal. (CARCIOFI, A. A. Fontes de proteína e carboidratos para cães e gatos. Revista Brasileira de Zootecnia, v.37, suplemento especial p.28-41, 2008.)
Em relação aos ingredientes proteeicos, Neirink et al. (1991), trabalhando com três fontes proteicas de origem animal in natura (pulmão, vísceras e carne moída) e o farelo de soja para cães, relataram menor coeficiente de digestibilidade para o farelo de soja. Segundo os autores, a menor digestibilidade pode estar relacionada com a maior quantidade de fibras do farelo de soja. 
A utilização de ingredientes de origem vegetal com maior concentração de fibras, de farinhas de subprodutos de origem animal mal processadas e com alto teor de matéria mineral na formulação da dieta podem estar relacionados com estes resultados, já que segundo Case et al. (1998) e Burrows et al. (1982) a digestibilidade de um alimento para animais diminui com a presença de níveis elevados de fibras dietéticas, cinzas, fitatos e proteínas de baixa qualidade. 
As fibras insolúveis estimulam os movimentos peristálticos, provocando o aumento da taxa de passagem da digesta e a diminuição da digestibilidade dos nutrientes (Burrows et al., 1982), gerando maior resíduo fecal. 
Quando você vai oferecer uma alimentação natural ao seu animal de estimação, contendo ou não ingredientes de origem animal, é muito importante consultar um médico veterinário especialista em nutrição e fazer o acompanhamento sério e rigoroso. 
 A deficiência de proteínas na dieta de um cão por exemplo, faz com que ele entre em catabolismo, ou seja, passe a degradar as proteínas dos próprios músculos (inclusive o músculo cardíaco) para suprir sua necessidade.
 Apesar de não ser a minha linha de trabalho, existem alguns especialistas que defendem que: “Do ponto de vista conceitual, um cão poderia receber uma dieta compatível com a nossa ideia de dieta vegetariana, desde que ela fosse complementada com aditivos que lhes proporcionassem os nutrientes que uma dieta exclusivamente à base de matérias-primas de origem vegetal não lhes proporciona”.
 Para que se tenha sucesso em qualquer variação na alimentação sobretudo, se a mudança for drástica, é fundamental que um veterinário seja consultado e que o especialista prepare um planejamento alimentar para o animal.

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