ENTENDA TUDO SOBRE

Entenda tudo sobre: Diverticulite

Conheça a inflamação que se desenvolve na parede do cólon e causa desconforto

Entenda tudo sobre: Diverticulite Crédito: BANCO DE IMAGENS
1 - O QUE É?
Você anda sentindo desconforto abdominal? Cuidado pode ser diverticulite. Para entender esta síndrome, temos que conhecer os divertículos, que são pequenas saculações (pequenos saquinhos) que se desenvolvem na parede do cólon. 
De acordo com o Dr. Jorge Henrique Reina, Proctologista do Hospital São Luiz Morumbi, as saculações atingem o cólon sigmoide ou a metade esquerda do intestino grosso, mas podem envolver todo o órgão. “A diverticulose é caracterizada pela presença de saculações. Já a diverticulite é quando há inflamação dos pequenos sacos”, destaca o especialista.
A médica gastroenterologista Elaine Moreira, membro da Federação Brasileira de Gastroenterologia, complementa dizendo que os divertículos podem ser congênitos ou adquiridos. “Os congênitos são formados por todas as camadas da parede intestinal e os adquiridos, somente pela herniação da mucosa do intestino, por pulsão”, detalha.

2 - CONHECENDO OS TIPOS 
Segundo a Dra. Elaine Moreira, as doenças diverticulares são divididas em:
Diverticulose: conjunto de divertículos no cólon, porém sem presença de sintomas.
Doença diverticular dos cólons: quando existe presença de divertículos e o paciente apresenta sintomas, pois existe pequeno grau de inflamação.
Diverticulite: inflamação e/ou infecção dos divertículos e seus sinais e sintomas são mais intensos e incomodativos.

3 - O QUE CAUSA? E QUEM PODE TER?
Antes da diverticulite, vêm os divertículos, decorrente de uma dieta pobre em fibras, que de acordo com a gastroenterologista Elaine Moreira, faz com que o bolo fecal se torne menor e mais seco (constipação intestinal), elevando a pressão dentro dos cólons e aumentando a tensão da parede intestinal. “Já a diverticulite ocorre quando há acúmulo de fezes nos divertículos associado a bactérias intestinais, que irão desencadear processo inflamatório e infeccioso”, esclarece a médica.
Esta síndrome pode atingir qualquer faixa, porém segundo o Dr. Reina, às chances de ser atingido pela diverticulite são maiores após os 45 anos. 

4 - QUAIS SÃO OS SINTOMAS?
A diverticulite pode causar grande desconforto para o portador e o proctologista Jorge Henrique Reina, destaca os sinais que devemos nos atentar:
Dor: pode permanecer inalterada durante a evolução da doença ou manifestar nos períodos agudos de exacerbações. Localizada em fossa ilíaca, esquerda ou hipogástrio, é intensa nos processos agudos, tornando-se branda com a cronicidade da doença. Em casos raros, quando o sigmoide é alongado, a dor pode estar localizada na fossa ilíaca direita, simulando quadro de apendicite.
Constipação: frequente e vem acompanhada de distensão abdominal.
Hemorragia: considerada grave e, em alguns casos, há presença de sangue vivo misturado às fezes.
Febre: presente nas fases de inflamação aguda, nas perfurações ou abscessos.
Náuseas e vômitos: apenas em casos raros, na vigência de peritonite ou infecções mais agressivas.

5 - COMO É FEITO O DIAGNÓSTICO?
Ao notar um dos sintomas é necessário buscar ajuda de especialista e somente ele indicará o diagnóstico correto. Nossos profissionais, esclarecem que é necessário submeter o paciente à uma série de exames, como: tomografia do abdome; pesquisa de sangue oculto nas fezes; realização de exame de colonoscopia, que geralmente é indicado após a segunda crise aguda; análise de clister opaco ou enema opaco e realização de tomografia computadorizada.


6 - COMBATENDO A DOENÇA
Para a Dra. Elaine Moreira, o tratamento geralmente consiste em dieta adequada e, ocasionalmente, medicações para controle da dor, cólicas e alterações no hábito intestinal. 
O proctologista Jorge Henrique revela que em casos leves, o paciente pode ser conduzido sem hospitalização, mas essa é uma decisão que só poderá ser feita pelo médico. O tratamento é baseado em antibióticos orais ou venosos, restrição dietética e algumas vezes uso de emolientes fecais. “Nos casos que existe indicação cirúrgica pode ser realizada uma cirurgia robótica minimamente invasiva que tem como objetivo a máxima preservação da anatomia, com a mínima agressão ao organismo e os benefícios incluem: melhor resultado estético; menos dor pós-operatória; menor taxa de complicações; recuperação mais rápida; alta hospitalar precoce; retorno rápido às atividades habituais e maior conforto ao paciente”, complementa o especialista.
Para os pacientes mais jovens, sem diabetes, hipertensão ou obesidade e com sintomas brandos, o gastroenterologista Juliano Antunes, explica que o tratamento pode ser feito em casa, mas com avaliação periódica. “É indicado o uso de antibióticos e dietas mais leves, ou seja, alimentos mais bem cozidos e com baixo teor de gorduras e sódio. O uso de fibras nesta fase é permitido, associado a uma boa hidratação oral. As fibras, além de melhorarem o funcionamento intestinal, tem função prebiótica, ou seja, melhoram a composição da flora ou microbiota intestinal que, nestes pacientes, pode estar comprometida devido ao uso de antibióticos”, conclui o gastro.

7 - ALIMENTAÇÃO X DIVERTICULITE
Falando em alimentação, qual é a relação entre a diverticulite e o que consumimos no dia a dia? 
Sabe-se que um dos causadores do distúrbio é a dieta pobre em fibras, além disso, a forma que nos alimentamos está fortemente ligada com a patologia. Dr. Antunes ressalta que a diverticulose, mesmo decorrendo de um processo de envelhecimento da parede intestinal, pode ser evitada com uma série de cuidados, sobretudo alimentares. “Uma alimentação equilibrada que preconiza fibras alimentares de forma regular e em quantidades suficientes por dia, pode retardar ou mesmo abortar o surgimento dos divertículos. A hidratação é fundamental, pois dietas ricas em fibras e pobres em líquidos podem cursar com distensão abdominal por gases e constipação, fatores que poderiam inclusive precipitar o surgimento de divertículos”, detalha. 
O gastroenterologista Juliano Antunes, esclarece que a ingestão de sementes sempre foi proibida em pacientes com diverticulite e muitas vezes, até mesmo, naqueles com diverticulose. “Acreditava-se que estas pequenas sementes, por não serem digeridas pelo trato digestivo, poderiam entrar num destes divertículos e ocasionar ou piorar a inflamação. Novos estudos mostram tratar-se de um mito. Pacientes que têm diverticulite ou diverticulose podem ingerir sementes. As sementes são fontes de fibras e micronutrientes que contribuem para o bom funcionamento intestinal. O incentivo a uma efetiva mastigação deve ser feito nestes pacientes para um maior aproveitamento destas fibras”, completa.  

8 - SEGUINDO A DIETA 
Para aqueles que estão sofrendo com crises de diverticulite com muitas dores, cólicas, desconforto e inflamação, a nutricionista Carina Müller recomenda uma dieta pobre em fibras, durante a crise de inflamação aguda. Desta forma, são bem-vindos alimentos como purê de batata sem leite e sem manteiga, arroz branco bem cozido, legumes cozidos e amassados, sopa batida e coada, lembrando de mastigar muito bem todos os alimentos.
Mas, quem já sofreu com a enfermidade e deseja se prevenir, ainda segundo a nutri Carina, a dieta ideal é rica em fibras. Neste caso, a alimentação deve ter muitas frutas, legumes, verduras, grãos integrais e leguminosas. Além de uma ingesta de água de pelo menos dois litros por dia. “Alguns exemplos de alimentos ricos em fibras são maçã, mamão, pera, manga, ameixa, abacate. Verduras cruas ou cozidas como alfaces, rúcula, agrião, couve, escarola, acelga, mostarda. Legumes como berinjela, cenoura, quiabo, vagem, aspargos, batata doce, cará, inhame. Grãos integrais como aveia, arroz integral, trigo em grão orgânico, cevadinha em grão, trigo sarraceno. Leguminosas como todos os tipos de feijões, lentilha, grão de bico, ervilha. Lembrando de sempre deixar de molho em água por pelo menos 12 horas antes de cozinhar e trocar a água quantas vezes for possível”, detalha Carina que acrescenta que a dieta deve conter todos estes alimentos citados em abundância e menores quantidades de proteínas animais como carnes vermelhas e carboidratos simples.
Além disso, a nutricionista deixa um alerta. “Alguns alimentos devem ser abolidos, pois podem causar constipação intestinal, favorecendo a inflamação e irritação da parede intestinal, bem como reações alérgicas que alteram a permeabilidade do intestino e geram inúmeros sintomas. Tais como: leite e derivados (iogurtes, queijos, e requeijão); açúcar (biscoitos, bolos, sorvetes, doces prontos, balas); chocolates com leite e açúcar, farinha de trigo branca refinada, aditivos químicos presentes nos alimentos industrializados (corantes, conservantes, estabilizantes, adoçantes, flavorizantes); embutidos (presunto, salame, salsicha, mortadela, peito de peru, calabresa); alimentos que contenham glutamato monossódico (temperos e molhos prontos artificiais) e alto teor de sódio (congelados prontos e salgadinhos)”, conclui a nutricionista Carina Müller.

9 - PRÁTICA ESPORTIVA + ALIMENTAÇÃO = PREVENÇÃO
Sabemos que a prática esportiva é sinônimo de saúde e quando o assunto é diverticulite, além da alimentação o paciente deve realizar atividades físicas. “Em resumo, uma alimentação equilibrada e individualizada de acordo com as necessidades nutricionais de cada indivíduo associada à prática regular de exercícios físicos, são fatores que previnem o surgimento de divertículos e, consequentemente, da diverticulite. Hidratação, fibras alimentares (incluindo as sementes), boas fontes de proteínas e de carboidratos complexos são indicados. Dietas ricas em gorduras saturadas, alimentos processados (carboidratos simples), sódio em excesso e sedentarismo são fatores que devem ser banidos”, finaliza o Dr. Antunes. 

FONTES CONSULTADAS:
Dr. Juliano Antunes Machado: Médico gastroenterologista, clínico e especialista em Nutrição Clínica. www.drjulianoantunes.com.br. CRM-MG 38045
Dr. Jorge Henrique Reina: Médico proctologista pela Universidade Metropolitana de Santos. Membro titular da Sociedade Brasileira de Coloproctologia e da Sociedade Americana de Cirurgiões do Cólon e do Reto. Atualmente, trabalha no Hospital São Luiz Morumbi e no Hospital Albert Einstein. CRM-SP 120978
Dra. Elaine Moreira: Médica gastroenterologista do Instituto EndoVitta e membro da Federação Brasileira de Gastroenterologia. CRM-SP 109612 
Carina Müller: Nutricionista clínica, Personal Diet e consultora gastronômica e nutricional.  CRN 47604

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