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Pet: Diabetes em cães

Você sabia que seu cão pode ter diabetes? Entenda a doença e aprenda a cuidar do seu pet.

Pet: Diabetes em cães É importante ressaltar que a dieta é sempre complementar e não substitui o controle farmacológico.
Crédito: BANCO DE IMAGENS

O diabetes mellitus é uma das endocrinopatias mais comuns entre cães e caracterizada por uma hiperglicemia, que se não tratada corretamente pode ser fatal.

O problema ocorre por deficiência absoluta ou relativa de insulina, alterando o metabolismo de carboidratos, lipídeos e proteínas, podendo existir complicações como catarata, infecções recorrentes, pancreatite e cetoacidose. Os sinais clássicos detectados são de: poliúria (urinar em excesso), polidpsia (sede em excesso), polifagia fome em excesso e perda de peso.

A deficiência relativa ou absoluta de insulina resulta numa diminuição da utilização de glicose, aminoácidos e ácidos graxos pelos tecidos periféricos, como: fígado, músculos e adipócitos, bem como um discreto aumento na neoglicogênese hepática. Esta glicose oriunda da dieta e da neoglicogênese hepática acumula-se na circulação, causando a hiperglicemia (NELSON, 1992).

Cães com diabetes mellitus comumente situam-se na faixa etária entre 4 e 14 anos, com pico de incidência nos 7 a 9 anos e as fêmeas são afetadas aproximadamente duas vezes mais que os machos. Parece haver um aumento da incidência de diabetes mellitus em certas raças de pequeno porte, como Poodle, Dachshund, Schnauzer e Beagle, mas quase todas as raças de cães podem ser afetadas (NELSON, 1998).

Classifica-se o diabetes em 3 tipos (BARROS, 2006):

Tipo I ou dependente de insulina: causado pela destruição das células β com perda progressiva e eventualmente completa da secreção de insulina, este é o tipo mais comum entre os cães.

Tipo II ou não insulinodependente: caracteriza-se por uma resistência à insulina e/ou por células β disfuncionais. A secreção da insulina é insuficiente para superar a resistência à insulina nos tecidos.

Secundário: caracteriza-se por ser transitório subclínico e induzido por uma

Variedade de fatores como pancreatite, acromegalia, hiperadrenocorticismo, medicamentos ou gestação.

DIETA E EXERCÍCIO

A terapia dietética combate a obesidade e mantém o ajuste e o conteúdo calórico compatíveis das refeições, minimizando flutuações pós- prandiais na concentração sanguínea de glicose (NELSON, 1994).

Os objetivos da dieta são: estabilizar as taxas glicêmicas, estabilizar o peso, prevenir e minimizar complicações da patofisiológica da diabetes. As dietas mais eficazes são aquelas contendo o máximo de fibras e carboidratos complexos digestíveis. Afinal, maiores quantidades de fibras ajudam a promover uma perda de peso, além de retardar a absorção de glicose no trato intestinal, sendo administradas com cautela em cães diabéticos magros (NELSON, 1994).

É importante ressaltar que a dieta é sempre complementar e não substitui o controle farmacológico (insulinoterapia). Abaixo detalhamos algumas dicas que farão diferença no cuidado com a alimentação do seu pet.

CARACTERÍSTICAS DA DIETA:

- Baixo Índice glicêmico:

Inclusão de cereais e leguminosas

Moderado teor de fibras solúveis ou mistas

- Proteína:

Metabolicamente neutra

Compensa o catabolismo proteico e estimula gliconeogênese

- Gordura:

Teor moderado garante aporte calórico

Cuidado com a quantidade para não evoluir para pancreatite


FORMULAÇÃO DA DIETA:

45% - Carnes com teor moderado de gordura

5% - Vísceras

15% - Carboidratos complexos (arroz Integral, lentilha, grão de bico, batata doce)

35% - Vegetais (chuchu, abobrinha, vagem, quiabo, tomate)

+ 1 fio de óleo de coco

+ 1 fio de azeite extra virgem


COMO OFERECER:

•       Refeições sempre no mesmo horário

•       Porções sempre iguais (em peso e composição)

•       Previsibilidade glicêmica é o essencial


Podemos utilizar em nossos pets as fibras hipoglicemiantes, como a farinha de banana verde ou a fibra de maracujá, que são amidos resistentes e hipoglicemiantes. As doses de fibras hipoglicemiantes são:

• Porte pequeno: uma colher (de café) sobre a refeição principal na hora do oferecimento.

• Porte médio: uma colher (de chá ou sobremesa) sobre a refeição principal na hora do oferecimento.

• Porte grande: uma colher (de sopa) sobre a refeição principal na hora do oferecimento.


Podemos oferecer também para nossos pets as ervas hipoglicemiantes, como:

• Canela em pó: uma pitada sobre a refeição principal na hora do oferecimento.

• Alecrim: use para cozinhar.

• Gengibre fresco ralado: um filete pequeno ralado misturado na refeição principal na hora do oferecimento.

• Alho fresco picado: um filete misturado na refeição principal na hora do oferecimento.        

Não podemos esquecer que alguns petiscos saudáveis também são muito bem-vindos para os nossos pets: ovo de codorna, pepino, tomate cereja, maçã, kiwi, talos de salsão, chips caseiro de abobrinha.

Quanto ao exercício, além do controle de peso, este possui efeito redutor de glicose, sobretudo através da mobilização de insulina a partir do local de injeção pelo aumento do fluxo sanguíneo e linfático. A rotina de exercícios deve ocorrer de preferência nos mesmos horários e de forma constante. (NELSON, 1998).

Para o sucesso da saúde do seu pet é preciso de acompanhamento por parte do tutor, como principalmente a pesagem regular do seu bichinho de estimação. Porém podemos listar outros pequenos cuidados, como: aferição regular da glicemia, adesão a fórmula fixa (sem variações), cortar petiscos inadequados, ao menos 30 minutos de atividade física diariamente e o manejo correto da insulina.

O sucesso da dieta depende 80% do tutor e apenas 20% do animal. É muito importante seguir à risca todos os passos da dieta. Lembre-se que sempre antes de iniciar qualquer dieta para seu pet é importante consultar um veterinário especializado em nutrição animal.

COMPLEMENTOS E SUPLEMENTOS

A suplementação de L-carnitina aumenta a conversão de energia da oxidação de ácidos graxos e protege a musculatura do catabolismo durante a perda de peso, suprime assim a acidose e cetogênese durante a inanição em cães (FLEEMAN, 2008).

O cromo pode potencializar a capacidade da insulina em armazenar glicose, porém este benefício só́ é possível se houver deficiência de cromo. Os ômegas 3 e 6 são anti-inflamatórios. O magnésio quelato costuma estar deficiente em cães diabéticos. A vitamina B6 (piridoxina) previne a glicosilação das hemácias, já os antioxidantes como a luteína auxilia contra a catarata e o zinco quelato e a vitamina K2 combatem a resistência insulínica.

EXAMES PARA ACOMPANHAMENTO:

Para manter a saúde do pet em dia alguns exames podem ser feitos periodicamente, alguns deles são:

  • Urinalise
  • Frutosamina
  • Hemoglobina Glicada
  • Insulina
  • Triglicérides
  • Lipase Pancreática Específica
  • Colesterol total e frações
  • Ultrassonografia

Dra. Bruna Morales - CRMVsp 26.313

Dr. Kaue Morales - CRMVsp 37.837
Especializados em Medicina Funcional e Nutrição Animal

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