NUTRIÇÃO & ESPORTE

Nutrição e Esporte: Tiro Esportivo com Felipe Wu

Herdeiro de pais atiradores, Felipe Wu teve sua carreira evidenciada ao trazer a primeira medalha olímpica para o Brasil, durante o Rio 2016. O foco agora é Tóquio 2020

Nutrição e Esporte: Tiro Esportivo com Felipe Wu Segundo a Confederação Brasileira de Tiro Esportivo, a modalidade pode ser praticada em 21 estados brasileiros.
Crédito: BANCO DE IMAGENS
Pensar em arma de fogo pode até assustar e isso tem muito a ver com a história, afinal elas não foram criadas para o esporte, mas sim para serem usadas em guerras e batalhas, um instrumento poderoso em combates que antes eram travados apenas com a presença de arco, flechas e espadas.

A ida das armas para o esporte aconteceu com a prática militar, que pode ser considerada a origem da modalidade. As linhas de tiro utilizadas em combates foram modelo para as primeiras competições. Nelas, destaque para as disputas realizadas de joelhos, em pé e na posição deitada.

Não foram apenas os militares, mas também os clubes de caça que deram uma contribuição para a criação do tiro esportivo. Essa modalidade esteve presente nos Jogos Olímpicos desde a primeira edição, em 1896, em Atenas, até 1964, em Tóquio. 

O tiro esportivo só era praticado por homens e quatro anos mais tarde, também por mulheres e  atualmente é disputado em 15 categorias, são elas: nove masculinas e seis femininas.

A classificação dos atletas por sexo, idade e capacitação física se faz, dentro de cada prova. Para se determinar a categoria do atleta, toma-se o ano atual e subtrai-se o ano do nascimento. São elas: 

Juvenil e Dama Juvenil: Atletas com até 15 anos
Júnior e Dama Júnior: Atletas de 16 a 20 anos
Sênior e Dama: Atletas de 21 a 55 anos
Master: Atletas de 56 a 65 anos
Veterano: Atletas a partir de 66 anos

Segundo a Confederação Brasileira de Tiro Esportivo, a modalidade pode ser praticada em 21 estados brasileiros.

Nesta edição vamos evidenciar a história de um grande nome desta modalidade, o atirador esportivo e medalhista olímpico brasileiro Felipe Almeida Wu. Neto de chineses e filho de atiradores, Wu começou sua trajetória no esporte por puro lazer,  quando tinha seus 11 anos. Hoje, aos 24, ele é um nome de expressão dentro e fora do país.

Sua relação com armas de tiro esportivo (as que não usam balas, mas sim chumbinho), teve início dentro da própria casa. O pai tinha o hábito de atirar e ensinou a mãe de Felipe. “Se na maioria das casas era raro ver uma arma, na minha era uma coisa comum", conta. Ao completar oito anos, ele foi levado pelos pais a um clube de tiro. “Foi lá que aprendi a atirar", lembra.

O tempo passou e logo o menino Wu começou a treinar em casa, obviamente recebendo o total apoio dos pais, que compraram os primeiros equipamentos. Nascido na capital São Paulo, Felipe Wu começou a competir profissionalmente aos 16 anos e de lá pra cá já soma títulos de expressão. O primeiro dele foi o Ouro (equipe) nos Jogos Sul-americanos de Medellín, na Colômbia, e a Prata, nos Jogos Olímpicos da Juventude de Cingapura.

Mais tarde, Wu conquistou a medalha de Ouro nos Jogos Sul-americanos, no Chile; Ouro (pistola de ar 10m) nos Jogos Pan-americanos, no Canadá, e mais recentemente foi campeão da etapa de Bangcoc da Copa do Mundo. Mas sem dúvida, o título de maior expressão (a título de visibilidade para o país) foi o conquistado no ano passado, durante as Olimpíadas Rio 2016, sua primeira participação em Jogos Olímpicos.

Felipe Wu abriu o quadro de medalhas do Brasil, com a prata, justamente no esporte que deu ao país as primeiras medalhas de sua história, há 96 anos. Essa conquista se deu graças à dedicação de muitas horas de treinamento. “Após o Pan de Toronto, decidi trancar a faculdade e me dedicar aos treinos integralmente, treinando 8 horas por dia, seis dias por semana. Cada treino equivale em média 300 tiros. Foi uma experiência fantástica, pois sempre sonhei em disputar os Jogos Olímpicos e, claro, conquistar uma medalha”, conta.

Especialista na pistola de ar de 10 metros, Wu lembra que essa conquista só o impulsionou para buscar a vitória mais e mais. “Terminei minha participação nos Jogos com vontade de treinar, melhorar e tentar mais uma vez repetir o feito de ir ao pódio. É um sentimento de dever cumprido, me senti muito aliviado. Foi muito tempo de trabalho, mas tudo valeu a pena”. 

TÓQUIO 2020

“Estou feliz em voltar a treinar em alto-nível e os resultados estão voltando a aparecer. Agora é muito treino, já que no próximo ano se iniciam as distribuições de vagas para Tóquio”, diz. Vai Felipe, nossa torcida já é grande!

Com uma trajetória de sucesso, a pergunta que fica é: o que move este campeão? “Os resultados, claro, e a vontade de me superar a cada dia!”, revela. Felipe Wu dá um conselho para quem pensa em ser um atleta de tiro esportivo: “Acredito que a disciplina e a busca pelo melhor resultado deve ser o sentimento de qualquer atleta. Este é o meu sentimento  e quem busca o mesmo caminho deve ter foco, disciplina e muito treino, para conquistar seus objetivos. Com dedicação você pode chegar atingir qualquer objetivo, não importa qual seja. Persistência é fundamental”.

Desde 2013, Wu é terceiro sargento do Exército Brasileiro e integra o Programa Atletas de Alto Rendimento (PAAR), criado pelo Ministério da Defesa para auxiliar o financiamento de atletas no País. Atualmente, o atleta estuda engenharia aeroespacial na Universidade Federal do ABC.

DISCIPLINA DE ATLETA

Atualmente Felipe Wu é estudante e, portanto divide sua rotina de treinar com os estudos, que são muitos. “Com a volta para a faculdade, estou treinando uma média de três a quatro horas por dia. Nos demais horários estou na faculdade ou estudando”, conta. 

Como já se pode perceber, o tiro esportivo é uma modalidade que requer precisão, técnica e acima de tudo habilidade. Por se tratar de um esporte sem impacto ou adrenalina, como os muitos já evidenciados nesta seção, o tiro esportivo não requer um treinamento físico forte, mas sim auxiliar. “Meus treinos são de isometria, pois isso me ajuda a manter uma postura correta e ter mais resistência para atirar precisamente. Ela garante ganho de resistência muscular com a arma apontada para a mira”. 

Wu já foi adepto da musculação, mas hoje, com a rotina tomada por estudos e treinos dedica seu tempo para o treinamento tático de tiro, realizado seis dias por semana, com um merecido dia de descanso. “Me preparo de acordo com cada competição, procurando estar focado e atento aos detalhes para que assim possa aplicar na hora do campeonato”, revela o campeão.

E o que Felipe Wu coloca no prato? Segundo o atleta, seu esporte não exige um cardápio específico, mas assim como todo esportista ele deve se manter bem nutrido para desempenhar bem o seu papel em cada prova. “O cardápio do dia a dia é o trivial de todo brasileiro, mas claro, sem exageros, sempre evitando comer opções mais pesadas em dias de competição”, conta.

Atualmente o atleta não está sendo acompanhado por nenhum profissional de Nutrição e, portanto, é ele quem monta seu próprio cardápio, formado basicamente de arroz, feijão, uma proteína, salada e legumes. O suplemento alimentar já fez parte da alimentação de Wu. O escolhido foi a whey protein isolada. “Consumia na época em que praticava corrida e musculação. Me sentia disposto com essa proteína”, lembra.

Para a prática do tiro esportivo não há a exigência do consumo de nenhum suplemento alimentar específico. “Minha modalidade exige concentração e muito treino, mas uma pessoa acima do peso e condicionamento físico podem participar. Claro que é importante seguir uma alimentação saudável para que o físico e até a mente estejam bem”, enaltece o atleta.

Felipe Wu confessa ter facilidade de ganhar peso e muitas vezes sai da dieta do dia a dia para frequentar um churrasco ou mesmo um restaurante com a namorada. “É aquela conta matemática de sempre, quanto mais ingere gordura, carboidratos e calorias, mais tem a chance de engordar se não faz uma atividade mais intensa. O tiro esportivo é uma modalidade parada, que exige isometria”, diz. 


Felipe Almeida Wu

Data de nascimento: 11/06/1992
Local de nascimento: São Paulo/SP
Modalidade: Tiro esportivo
Categoria: Pistola de 10m 
Peso: 68kg
Altura: 1,69m
Patrocinadores: Rifle (munição), Exército Brasileiro, bolsa pódio do Ministério dos Esportes

Principais Títulos:  

2016 - Campeão da etapa de Bangcoc da Copa do Mundo 
2016 - Prata (pistola de ar 10m) nos Jogos Olímpicos Rio
2015 - Ouro (pistola de ar 10m) nos Jogos Pan-americanos Toronto 
2014 - Ouro nos Jogos Sul-americanos Santiago 
2010 - Ouro (equipe) nos Jogos Sul-americanos Medellín
2010 - Prata nos Jogos Olímpicos da Juventude Cingapura 

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