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Entenda tudo sobre: Endometriose

Aproximadamente 180 milhões de mulheres sofrem desta doença no mundo todo. No Brasil, sete milhões são acometidas pelo problema que causa fortes dores e pode levar à infertilidade

Entenda tudo sobre: Endometriose A endometriose pode acometer mulheres em toda a sua vida reprodutiva, desde a adolescência até a menopausa.
Crédito: BANCO DE IMAGENS
1. O QUE É?

A endometriose é o resultado de um evento chamado menstruação retrógrada quando parte do fluxo menstrual percorre as tubas uterinas atingindo a cavidade pélvica. “Este fluído menstrual contém fragmentos endometriais que se implantam na pelve, próximo ao útero, ovários e outros órgãos pélvicos, quando então podemos dizer que a mulher tem endometriose”, explica o professor, responsável pelo Centro de Endometriose do Hospital Santa Catarina, Dr Alexander Kolpeman.

2. COMO SURGE A ENDOMETRIOSE? 

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), aproximadamente 180 milhões de mulheres no mundo sofrem de endometriose. No Brasil, a doença afeta de 10% a 15% das mulheres em fase reprodutiva, ou seja, aproximadamente sete milhões são acometidas pelo problema que causa fortes dores e pode levar à infertilidade.

Apesar de ser uma das doenças mais estudadas em ginecologia, alguns aspectos continuam sendo alvo de pesquisa, destacando-se a busca pela etiopatogenia. Duas correntes principais de hipóteses etiopatogênicas são citadas há quase um século: a teoria da metaplasia celômica e a da menstruação retrógrada.

“Esta segunda teoria seria possível por influência de um ambiente hormonal favorável e de fatores imunológicos que não eliminariam as células endometriais que adentram à cavidade peritoneal durante a menstruação”, explica o especialista em Ginecologia e Obstetrícia, Dr. Patrick Bellelis.

3. QUAIS SÃO OS SINTOMAS MAIS COMUNS?

Pacientes portadoras de endometriose podem ser assintomáticas ou apresentarem queixas clínicas em diferentes intensidades, sendo as principais delas a dismenorreia, dor pélvica crônica, infertilidade, dispareunia (dor na relação sexual) de profundidade e sintomas intestinais e urinários cíclicos, como dor ou sangramento ao evacuar ou urinar durante o período menstrual.

“A dor durante a relação sexual também é um frequente sintoma. Pode ser extremamente intensa, impossibilitando completamente a atividade sexual”, afirma o Dr. Kolpeman.
 
4. TODA CÓLICA TEM O DIAGNÓSTICO DE ENDOMETRIOSE? 

Pacientes com cólicas menstruais podem ou não ser portadoras de endometriose. “É importante frisar que as mulheres que deixam de realizar atividades habituais por conta da dor ou que procuram atendimento devido a dores, deverão ser investigadas”, enaltece o professor, Dr. Patrick Bellelis.

“Existem outras doenças que podem causar cólica menstrual como a adenomiose, onde o tecido endometrial cresce na parede uterina e costuma atingir mulheres que já tenham filhos e a dismenorreia primária, a famosa cólica pré-menstrual, comum na adolescência”, explica Dr. Kolpeman.

Segundo estudos, a maioria das mulheres leva até seis anos para chegar ao diagnóstico da endometriose. Por isso, é importante ficar atenta aos primeiros sintomas, como: cólicas menstruais intensas, dor durante a menstruação, dor durante as relações sexuais, dor difusa ou crônica na região pélvica e sangramento menstrual intenso ou irregular. É de extrema importância procurar um médico especialista ao primeiro sinal.

O diagnóstico da endometriose é feito em algumas etapas com exames ginecológicos, laboratoriais e de imagem. “Durante a avaliação e anamnese é muito importante explicar os remédios e tratamentos já utilizados durante esse período e como foi a resposta a eles, além de todo histórico detalhado”, salienta o Dr. Kolpeman.

5. A ENDOMETRIOSE PROVOCA INFERTILIDADE?

A endometriose é uma causa importante de infertilidade, que acontece por lesões pélvicas  que muitas vezes distorcem a anatomia das tubas a ponto de impedir o encontro dos espermatozoides com os óvulos.

“Além disso, a qualidade dos óvulos piora muito quando há endometriose levando à formação de embriões com menor capacidade de implantação. Por fim, o endométrio sofre modificações decorrentes da endometriose diminuindo sua receptividade e, portanto, dificultando a implantação do embrião”, diz o Dr. Kolpeman.

Sabe-se que a endometriose é a principal causa de infertilidades entre os casais, podendo chegar a 50% dos casos. “Aproximadamente 40% das mulheres com endometriose terão dificuldades de engravidar e necessitarão de tratamentos clínicos ou cirúrgicos para que consigam sucesso na gestação”, afirma o Dr. Bellelis. 

A outra metade terá maior ou menor chance de engravidar dependendo da extensão da doença, da idade da mulher e da presença concomitante ou não de outras causas de infertilidade como problemas masculinos e baixa reserva de óvulos. 
 
6. NÃO APRESENTO SINTOMAS E AGORA? 

A indicação cirúrgica levará em conta principalmente as queixas clínicas da paciente, especialmente a dor. “No entanto, dependendo do tamanho da lesão ou do órgão comprometido, poderá ser indicada a cirurgia mesmo na ausência de sintomas”, explica o Dr. Bellelis.

“Vale lembrar que mesmo na ausência de sintomas pode acontecer progressão da doença e por isso o tratamento e controle contínuos são fundamentais.  Além disso, diante de lesões que afetem algum dos ureteres, pode ser necessário realizar cirurgia mesmo sem sintomas”, enaltece o Dr. Kolpeman.

7. ENDOMETRIOSE x ADOLESCÊNCIA

A endometriose pode acometer mulheres em toda a sua vida reprodutiva, desde a adolescência até a menopausa. Na adolescência o diagnóstico é mais difícil. A queixa de cólica entre adolescentes é extremamente comum e faz com que a grande maioria demore a procurar atendimento médico.
 
“Para a maioria,  as cólicas não impedem atividades habituais como ir à escola. Devem ter cuidado especial as adolescentes que faltam com frequência devido às cólicas”, explica o Dr. Kolpeman. O profissional afirma que estudos recentes mostraram que cólicas muito intensas na adolescência traduzem maior risco de desenvolver a endometriose, principalmente sua forma profunda. 

8. EXISTE CURA PARA A ENDOMETRIOSE? 

A endometriose deverá ser considerada uma doença crônica, com seguimento e tratamento contínuos. Quando submetida a um tratamento cirúrgico adequado e completo, as taxas recidivas da doença não chegam a 10%.

O tratamento para endometriose pode ser feito com o uso de medicações hormonais, realização de cirurgia ou com a combinação das duas. Segundo Dr. Fábio, a escolha dos profissionais e um tratamento multidisciplinar podem ser os principais diferenciais no tratamento. “A endometriose profunda é uma doença complexa, principalmente quando acomete outros órgãos além do sistema reprodutivo, ou seja, intestino, bexiga, ureter e diafragma. O tratamento cirúrgico, quando indicado, necessita de um planejamento estratégico minucioso que inclui exames radiológicos precisos, para o mapeamento completo da pelve”, explica o ginecologista, Dr. Fábio Sakae Kuteken.

9. ALIMENTOS X ENDOMETRIOSE

“Existem alimentos que favorecem a instalação da endometriose, como a carne vermelha que está associada a maior concentração hormônio estradiol. Este hormônio é o principal fator de estímulo à instalação e avanço da endometriose. Além disso, esse tipo de alimento contribui para a elevação dos níveis de ômega 6, que em excesso, aumenta substâncias pró-inflamatórias, intensificando os sintomas da doença”, enaltece o Dr. Alexander Kolpeman.

Segundo o Dr. Patrick Bellelis, existe uma correlação entre doença celíaca e endometriose. “É importante fazer a pesquisa de intolerância ao glúten e usufruir de uma dieta menos inflamatória, apostando em um cardápio balanceado, com bastante folhas e vegetais e uma mudança nos hábitos de vida, incluindo a atividade física”, explica o profissional.

FONTES CONSULTADAS:

Professor Dr. Alexander Kopelman: Professor Afiliado do Departamento de Ginecologia da UNIFESP - Escola Paulista de Medicina. Responsável pelo Centro de Endometriose do Hospital Santa Catarina. CRM 103.944

Dr. Fábio Sakae Kuteken: Médico ginecologista, especializado em endometriose, membro da Rede de Hospitais São Camilo, de São Paulo. CRM-82.609

Professor Dr. Patrick Bellelis: Especialista em Ginecologia e Obstetrícia. Doutorado pela FM USP, assistente do Departamento de Endometriose do HCFM USP e membro do Conselho Fiscal da Sociedade Brasileira de Endometriose (SBE). CRM 117230
 

 

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