SAÚDE E SUPLEMENTAÇÃO INFANTIL

Atividade física, esporte e crianças: quando é necessário suplementar?

A prática de atividade física e esportes são importantes em todos os ciclos da vida e recomendadas desde a primeira infância

Atividade física, esporte e crianças:  quando é necessário suplementar? Quando a criança pratica um esporte, sua alimentação requer uma atenção especial.
Crédito: BANCO DE IMAGENS
Já é bem estabelecido os benefícios que a atividade física traz para a saúde. Quando ainda bebê o ideal é estimular a brincar se movimentando, pois, além de trazer o desenvolvimento da coordenação motora e noção espacial, essa ação permite que a criança desenvolva noções de domínio do próprio corpo, promovendo uma regulação do comportamento ativo, ou seja, por estímulos externos. Dessa forma, os pais devem incentivar os bebês a puxar e empurrar brinquedos, rolar, rastejar, engatinhar e conforme for crescendo e ficar de pé, a andar, chutar e escalar, sempre de acordo com as possibilidades e com a idade de cada criança. 

As crianças ficam muito tempo na televisão e com brinquedos eletrônicos, esse tempo deve ser limitado ao mínimo possível, propondo a elas atividades variadas. 

Até os 7 anos as crianças podem ter atividades livres por meio do brincar. Mesmo quando são incluídas atividades físicas como ballet, natação, judô e capoeira, essas serão mais recreativas do que esportivas e a criança precisa ter opção de escolher o que fazer e não uma opção imposta pelos pais. Por mais que seja o sonho da mãe ver a filha fazendo ballet, pode ser que ela não goste e isso precisa ser prioritariamente considerado. Talvez a criança não consiga se expressar adequadamente sobre o assunto, portanto, os sinais são muito importantes: não querer ir, não querer colocar a roupa da atividade, distrair-se muito durante a aula, chorar frequentemente para ir a aula ou durante a atividade, birra com os professores ou coleguinhas da aula, enfim, diversos sinais podem mostrar que a criança não está interessada naquele momento. Pode ser que depois, em uma outra fase, ela venha a se interessar e não há problema algum nisso. 

Nesse período, mesmo com a atividade física, a alimentação deve ser normal, sem necessidade de incremento ou suplementação. Apenas devemos nos atentar aos horários para que a criança não pratique a atividade com a barriga cheia, para não ter desconforto, refluxo e vômito.

A partir dos 7 anos é recomendando que as crianças pratiquem atividades recreativas, porém nessa faixa etária, muitas crianças também começam as práticas atividades físicas regulares, além de iniciarem no esporte. As atividades podem variar a intensidade, por isso hidratar-se e alimentar-se corretamente é importante. Da mesma forma que na faixa etária anterior, os pais têm a responsabilidade de apresentar as atividades para as crianças e permitirem que elas façam as escolhas. Leve-as para fazer aulas experimentais, deixe que durante um tempo pratique, veja se gosta ou não, sem pressionar.

Mesmo se a criança não estiver em uma atividade física regular, dentro das atividades recreativas, tem que se aplicar os esforços físicos moderados e vigorosos ao longo do dia. Caminhar, andar de bicicleta, correr, subir escadas, pular corda, jogar bola ou outras atividades dentro da recreação infantil, tudo isso pode ser feito na velocidade que deixe a respiração ofegante. Isso pode ser feito com ajuda dos pais através de medidas simples, tais como fazer mais trajetos a pé ao invés de carro ou ônibus, ir em praças e parques, estimular a pratica atividade física na escola, fazer brincadeiras em casa ao invés de ficar muito tempo na televisão ou outros aparelhos tais como tablet, celulares, smartphones e vídeo-game.

Quando a criança pratica um esporte, sua alimentação requer uma atenção especial, principalmente se ela é uma pequena atleta. Geralmente, quando a criança apenas pratica o esporte, sem fins competitivos, não há necessidade de grandes mudanças na alimentação, mas os pais precisam ficar atentos se os filhos estão comendo adequadamente, ingerindo todos os grupos alimentares e notar se há sinais de cansaço excessivo ou fraqueza, principalmente durante a prática. Se isso estiver ocorrendo, deve ser avaliado se há déficit de algum nutriente para que seja feito a adequação nutricional e se necessário, a prescrição de suplementação. 

Já no caso das crianças atletas, o acompanhamento nutricional é fundamental.  Para cada modalidade, há uma necessidade diferenciada que o nutricionista irá adequar, de acordo com o objetivo da fase de treinamento, competição ou recuperação. Geralmente, em crianças, isso tudo é feito apenas com alimentos. Mas, em alguns casos, pode ser utilizado suplementos, principalmente com o objetivo de garantir o crescimento e desenvolvimento adequados. O uso de probióticos e glutamina, pode ser muito eficaz para o fortalecimento do sistema imunológico, que muitas vezes fica suscetível em atletas e que já é mais fragilizado em crianças. O uso de vitaminas A e C podem auxiliar a neutralizar o excesso de radicais livres produzidos durante a prática esportiva e as bebidas esportivas são úteis (em quantidades adequadas e calculadas pelo nutricionista) quando a atividade ou o treino tiver duração superior a 90 minutos ou as condições do tempo estiverem muito seca e quente. Porém tudo isso só deve ser feito por um profissional e nunca por conta dos pais.

Ao entrar na adolescência, outros fatores influenciam a pratica da atividade física como: questões corporais, aceitação nos grupos e a mídia, podem ser motivadores para os adolescentes. Eles já possuem mais autonomias nas suas escolhas, mas os pais devem sempre incentivá-los a evitar o sedentarismo, respeitando o corpo, sem focar nos conceitos de gorduras e calorias, mas sim como uma forma de saúde, bem estar e como um tempo de dedicar-se a si mesmo, trazendo-os a consciência de que alguns padrões de beleza em que se espelham podem não ser fisiologicamente saudáveis, bem como os métodos para alcançar esses níveis podem ser extremamente perigosos, com consequências físicas, sociais e emocionais. 

Precisamos deixá-los conscientes também de que deve-se encontrar no exercício uma forma saudável de praticar uma ou mais modalidades que lhes sejam agradáveis e prazerosas (correr, pedalar, andar de patins, fazer ballet, dançar, jogar vôlei, futebol, basquete, andar de skate, etc.) e adotar um estilo de vida saudável (dormir bem, alimentar-se bem, fazer coisas que gosta) irão proporcionar inúmeros benefícios ao seu corpo, bem como peso e desenvolvimento adequado para o momento em que estão, de uma maneira muito mais prazerosa.

Já no caso de adolescentes que são atletas, muitos já se encontram na categoria de profissionais. Assim, o acompanhamento se faz estritamente com um nutricionista esportivo e a suplementação de acordo com a modalidade e fase do treinamento. 

Os pais devem ser sempre os motivadores da atividade física e devem estar sempre atentos em relação à alimentação dos pequenos. Uma alimentação variada, colorida, rica em alimentos integrais, proteínas, frutas, verduras, legumes, fontes de ferro e cálcio irão garantir que a prática ocorra de forma saudável e adequada. Sinais como falta de energia, cansaço, tonturas podem significar que algo errado esteja acontecendo e talvez esteja relacionado à alimentação. Nesses casos, procure um nutricionista.

Danielle Bonfim das Chagas Fava

Nutricionista

CRN3 26112

Graduada pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, pós-graduada em Saúde da Família pela UGF e realizou curso livre de Psicanálise Clínica- Associada à Sociedade Paulista de Cardiologia (SOCESP), participante dos cursos de atualização profissional promovidos pelo Grupo de Estudos em Nutrição e Cardiologia (GNEC) e a Associação Paulista de Nutrição (APAN) e a Associação Brasileira de Nutrição (ASBRAN).- Profissional com 8 anos de experiência em nutrição clínica e ambulatorial, desenvolvidos em hospital, consultório, ambulatório e unidade básica de saúde, com foco em nutrição clínica, materno-infantil, geriatria/gerontologia, psicologia da alimentação e educação nutricional.- Trabalha com abordagem da Nutrição Comportamental e conceitos da Alimentação Intuitiva e Consciente (Intuitive Eating e Mindful Eating)

Comentários