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Entenda tudo sobre: Esclerose Múltipla

Estima-se que essa doença do sistema nervoso central e sem cura, atinge atualmente 35 mil brasileiros

Entenda tudo sobre: Esclerose Múltipla Apesar de não ter cura, há medicações que modificam a evolução da doença de forma positiva.
Crédito: BANCO DE IMAGENS
1 - VAMOS FALAR SOBRE

A esclerose múltipla (EM) é uma doença crônica e inflamatória do sistema nervoso central, de natureza neurológica não traumática, incapacitante, de caráter inflamatório, autoimune, degenerativo, desmielinizante e crônico, cuja etiologia ainda não é conhecida, apresentando maior incidência em adultos jovens. 

“Porém, acredita-se que seja pluricausal, onde susceptibilidade genética e fatores ambientais estão envolvidos”, explica a neurologista, Dra. Liliana Russo.

Segundo a neurologista, trata-se de uma doença que acomete predominantemente mulheres, sendo duas mulheres para cada homem, brancas, na faixa etária 20 a 40 anos. Ela acomete por volta de 2,3 milhões de indivíduos pelo mundo, predominantemente no hemisfério norte. 

Segundo a ABEM (Associação Brasileira de Esclerose Múltipla) estima-se que atualmente 35 mil brasileiros tenham essa doença. Ainda segundo a associação, a esclerose múltipla não tem cura e seu tratamento consiste em atenuar os afeitos e desacelerar a progressão da doença. Não se trata de uma doença mental, nem contagiosa, nem suscetível de prevenção.

2 - ENTENDENDO A DOENÇA

Para poder entender a diversidade sintomática é necessário compreender que o sistema nervoso central é uma região extensa, composta por: cérebro, cerebelo, troncoencefálico e medula espinhal. A mielina, capa de gordura e proteína que envolve as fibras nervosas, alvo da doença, está dispersa por todo sistema nervoso central.

“O sistema imune do indivíduo, por motivo não totalmente elucidado, deixa de reconhecer a mielina como fazendo parte do seu corpo e a agride como um agente invasor, isto acarreta inflamação e os sintomas que perduram de 24 horas para mais e posteriormente remitem total ou parcialmente em um prazo de 30 dias a seis meses”, explica Dra. Liliana.

O paciente então curte a vida normalmente sem nada sentir, até um novo evento inflamatório que é imprevisível quanto ao momento de aparecimento, localização e gravidade. “Isto gera muita insegurança na vida da pessoa”, complementa a neurologista.

3 - A ESCLEROSE MÚLTIPLA E SEUS SINAIS

“Os sintomas da esclerose múltipla têm usualmente início subagudo e a piora máxima dos sintomas podem acontecer em dias a semanas. Eles variam de pessoa para pessoa, mas pode haver alterações da sensibilidade no corpo, perda de força em algum lado do corpo, bem como dificuldade de coordenação e da alteração da visão”, explica Dra. Raquel Vassão, médica com foco de atuação em neuroimunologia.

O tipo evolutivo descrito no tópico anterior é o mais comum deles, denominado ‘surto-remissão ou remitente-recorrente’. Ele é capaz de atingir 85% dos pacientes, mas esta não é a única forma evolutiva.

Embora os sintomas possam variar, segundo a ABEM existem atualmente em torno de 86 sintomas e sinais neurológicos, os sintomas mais comuns são: fadiga, depressão, fraqueza muscular, dormência ou formigamento dos membros, problemas com a marcha, com o desequilíbrio e com a coordenação, alterações de sensibilidades, alterações oculares como a visão turva e alterações nas sensibilidades urinárias, intestinais e sexuais.

4 - OBSERVAR É FUNDAMENTAL

Segundo a neurologista, Dra. Liliana Russo, o indivíduo deve se observar. “Na presença de estranhezas na percepção corporal, deve buscar orientação médica para se entender o que está realmente acontecendo”, alerta. Segundo a profissional, o médico neurologista é o especialista apto a lidar com a situação. 


5 - MEDICAMENTOS QUE AMENIZAM 

Apesar de não ter cura, há medicações que modificam a evolução da doença de forma positiva, minimizando ao decorrer da vida acúmulo lesionais e incapacitações físicas. Segundo a ABEM, muito pode ser feito para ajudar os pacientes a serem independentes e a terem uma vida confortável e produtiva.

O diagnóstico é basicamente clínico e laboratorial, embora em alguns casos podem ser insuficientes para definir de imediato se a pessoa tem ou não esclerose múltipla.
 
A associação explica que isso acontece, pois os sintomas se assemelham a outros tipos de doenças neurológicas e nestes casos a confirmação pode levar mais tempo. 

6 - A ESCLEROSE MÚLTIPLA E A ALIMENTAÇÃO

Vários estudos têm evidenciado que o consumo de leite, alimentos com glúten e gordura saturada, presença de disbiose intestinal e deficiência de vitamina D estão ligadas com o desenvolvimento da doença.

“Hoje conhecemos um processo chamado de mimetismo molecular e sabemos que ele está envolvido em muitas doenças auto-imunes. O mimetismo molecular é a incapacidade do corpo diferenciar as proteínas próprias das não próprias do organismo. Assim ele passa a se proteger contra estruturas erradas o que resulta em destruição de tecidos pelo sistema imunológico”, explica a nutricionista funcional Juliana Bueno.

Segundo a profissional, o consumo de alimentos com glúten e leite tem sido relacionados com a esclerose múltipla, devido ao mimetismo molecular entre os antígenos alimentares e a sequência de aminoácidos da bainha de mielina.

“Outro ponto importante é que muitos estudos comprovam que uma alimentação rica em gordura saturada e trans alteram a estrutura das membranas e assim favorecem a entrada de antígenos na barreira hematoencefálica e/ou aceleram a degradação da mielina”, explica a profissional.

A incidência da esclerose múltipla é maior em regiões de baixa exposição solar, isto se deve ao déficit de formação endógena de vitamina D que ocorre após a exposição à radiação ultravioleta B. Esta vitamina interage com mediadores inflamatórios e com o sistema imunológico protegendo o organismo. 

“Além disso, tem sido observado que há receptores de vitamina D no sistema nervoso central e esta vitamina regula a produção de mielina pelos oligoenterócitos, sendo assim a suplementação de vitamina D pode reduzir a recidiva, lentificar o progresso e prevenir o desenvolvimento da doença”, afirma a nutricionista.

A suplementação com óleo de peixe livre de mercúrio tem sido bem descrita em estudos científicos, pois tanto a gordura EPA como DHA são importantes para formar adequadamente as membranas e reduzir o processo inflamatório da doença. O intestino é um elemento chave no que diz respeito a uma série de doenças e na esclerose não é diferente, este é um órgão protetor, pois evita que elementos desagradáveis sejam absorvidos. 

“O problema é quando temos a disbiose, isto é, quando o intestino possui mais bactérias patogênicas do que benéficas. Desta forma o organismo perde a ação de seletividade e acaba absorvendo moléculas grandes que serão reconhecidas pelo organismo como invasoras e desencadearão a inflamação. A suplementação de prebióticos e probióticos deve ser considerada pelos profissionais que atendem estes pacientes”, salienta Juliana.

7 - GORDURA? SÓ SE FOR SAUDÁVEL!

Como a doença é de caráter inflamatório, a alimentação nestes casos deve ter ação anti-inflamatória, portanto é importante consumir alimentos como: frutas vermelhas, como morango orgânico, framboesa, amora e cereja, brássicas, como brócolis, repolho, couve, couve-de-bruxelas e repolho, e o açafrão da terra que para ter sua propriedade ativa, curcumina, bem absorvida precisa estar aliada a pimenta preta. 

O gengibre possui ação anti-inflamatória e ainda reduz dores musculares, sendo um alimento fantástico nesta doença. Tentar manter o organismo desintoxicado é fundamental, por isso consumir suco verde e muita água são pontos importantes também.

Considerando que as membranas são compostas por gorduras, o consumo de gorduras saudáveis vindas do abacate, sementes oleaginosas (amêndoas, nozes, castanhas, etc), peixes, azeite de oliva extra-virgem, linhaça e chia devem ser encorajadas.

A neurologista Liliana Russo propõe assegurar qualidade da nutrição, consumindo pequenas refeições durante todo o dia (seis vezes), para manter energia estável, sem quedas no decorrer do dia, acarretando ou agravando a fadiga. A dieta balanceada deve ser: rica em vitaminas (frutas), proteínas (carnes), minerais e carboidratos complexos (batata, mandioca, batata doce) e rica em fibras (melhora o funcionamento intestinal, sendo assim processada mais lentamente pelo organismo). 

Deve-se ainda evitar açúcar refinado e outros doces, manter uma hidratação adequada de 2 litros de áagua por dia, além de limitar o consumo de cafeína, cigarro e álcool.

8 - SE MEXER É PRECISO!

Uma boa alimentação, hidratação e a prática de atividade física são importantes para qualquer pessoa e também para o paciente com esclerose múltipla. A neurologista Liliana Russo propõe aumentar a reserva de energia, melhorar o padrão do sono, avaliar hábitos, equilibrar anabolismo/catabolismo e praticar exercícios físicos.

Todas essas sugestões irão proporcionar muitos benefícios, entre eles uma melhora no humor, redução dos riscos cardiovasculares e de sobrepeso. Ainda segundo a neurologista, é preciso ter cautela em relação à fraqueza muscular e à capacidade aeróbica. “É importante que o paciente prefira realizar os exercícios em ambientes climatizados ou pela manhã bem cedo, sempre com orientação médica, fisioterápica e suporte de um profissional de Educação Física”, frisa a Dra. Liliana Russo.

FONTES CONSULTADAS:

ABEM: Associação Brasileira de Esclerose Múltipla
Juliana Bueno: Nutricionista funcional. CRN2 8860
Dra. Liliana Russo: Neurologista da ABEM (Associação Brasileira de Esclerose Múltipla)
Dra. Raquel Vassão: Médica especialista em neuroimunologia

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