SAÚDE E SUPLEMENTAÇÃO INFANTIL

Suplementação Infantil: Os seis primeiros meses de vida

Saiba quais são e como fazer a introdução de novos alimentos a partir da principal fase da vida

Suplementação Infantil: Os seis primeiros meses de vida Crédito: BANCO DE IMAGENS

Os efeitos do aleitamento materno, exclusivo até os seis meses e complementar até os dois anos de vida, promovem proteção à saúde durante a infância, garantem o crescimento e o desenvolvimento pleno da criança, além de relacionar menores chances do desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) até a vida adulta.

O aleitamento também tem a capacidade de preparar a criança para a transição da alimentação após os seis meses, facilitando a incorporação de hábitos mais saudáveis quando comparado a crianças não amamentadas. Este ponto é amplamente explorado já que o leite materno é constituído de diversos cheiros e sabores que refletem diretamente os alimentos consumidos pela mãe.

A mudança do aleitamento materno para os alimentos de transição decorre no primeiro ano de vida e segue até o segundo ano, sendo este um período importante para a garantia do crescimento adequado e do desenvolvimento psicomotor e neurológico, não devendo trazer prejuízos a criança. Numerosos erros nesse momento podem comprometer o padrão de crescimento, gerar atraso escolar e favorecer o aparecimento de DCNT, já que até os dois anos o biotipo dos pais tem pouco ou quase nenhuma influência nesses fatores.

A transição alimentar deve ocorrer exclusivamente a partir do sexto mês, exceto em casos avaliados pelo médico pediatra e/ou nutricionista. Contudo existe um concenso de que a introdução de novos alimentos não deve ser recomendada antes dos 4 meses uma vez que os malefícios da introdução ultrapassam, em muito, qualquer benefício em potencial, além de comprometer a absorção de alguns nutrientes forncedidos pelo leite materno.

É a partir desse momento que a variedade, a quantidade e a qualidade dos alimentos, além da textura e horários a serem ofertadas, devem ser levados em consideração. Um planejamento alimentar correto nesse momento permite prevenir carências nutricionais responsáveis por alterações graves e irreversíveis, bem como em evitar os excessos que podem predispor situações como excesso de peso, obesidade e DCNT.

A criança em aleitamento materno em livre demanda já inicia desde cedo o autocontrole sobre a quantidade a ser ingerida, aprendendo a distinguir a sensação de fome e saciedade, onde ela irá regular a quantidade e os horários, segundo suas necessidades. Esse padrão tende com o tempo sofrer interferências da sociedade e da família o que pode comprometer seu autocontrole e desencadear problemas futuros.

AS PREFERÊNCIAS DOS PEQUENOS

Além desse mecanismo a criança também desenvolve suas preferências e aversões desde cedo, devendo o alimento ser ofertado em preparações diversas e por algumas vezes. As crianças nascem com preferência ao sabor doce e rejeitam os sabores amargos e azedos, as preferências pelos demais sabores são desenvolvidos através do processo de aprendizado.

Dessa forma, após se acostumarem com uma quantidade de sal e açúcar a criança acaba rejeitando os alimentos que fogem da quantidade acostumada. Não existe um consenso de qual o melhor horário para ofertar os alimentos e nem exatamente em qual ordem iniciar, antes ou depois das mamadas, papas doces ou salgadas. Por outro lado, acredita-se que o melhor momento seja antes da mamada já que a criança está aprendendo a conhecer novos sabores e texturas.

As papas devem ser oferecidas em horários diferentes da amamentação e essa deve continuar até os dois anos. Mas o que oferecer? Todas as frutas devem ser ofertadas, não existindo restrições, exceto em casos de intolerância ou alergia. Inicia-se com uma vez pela manhã, passando a duas vezes ao dia. Os sucos de frutas naturais devem ser ofertados num volume de 20-30 ml/dia para não haver comprometimento da ingestão de outros alimentos e passa para 100 ml/dia após os 12 meses.

Após a completa aceitação da papa de fruta, inicia-se também a inclusão de papas com base de arroz, seguindo de introdução de outros cereais e preparações compostas. Já a papa salgada deve ser colocada no horário do almoço ou jantar e os alimentos que a compõe devem ser testados gradativamente. Desde o ínicio, já deve conter um alimento de cada grupo (cereal ou tuberculo, leguminosas, hortaliças), inclusive carne, que é a principal fonte de ferro. O óleo deve ser usado de forma crua como finalização da papa e em pequena quantidade. A água também deve ser ofertada a partir desse momento.

O MUNDO DAS PAPAS E SEUS ALIADOS

A variação dos componentes dessas papas garantem a melhor ingestão de nutrientes, além de evitar a recusa da mesma. Os alimentos não devem ser oferecidos em forma de sopa batida e sim na forma de papa e separados, garantindo que a criança conheça diversos sabores. Além disso, não se deve ser enriquecida com açúcar, leite ou espessantes para melhorar sabor ou textura.

A textura dos alimentos deve ser gradativamente aumentada de forma que aos dois anos a criança já esteja consumindo as mesmas refeições dos adultos, porém de forma adequada em variedade e quantidade. O leite de vaca e mel só devem ser introduzidos após um ano de idade.

Já os alimentos ricos em açúcares, sal e os industrializados devem ser evitados com a finalidade de promoção de hábitos saudáveis por toda a vida, além de auxiliar na diminuição de ocorrências de hipertensão arterial, Diabetes Melittus tipo II, obesidade e outros fatores associados na adolescência e vida adulta. Os cereais integrais inicialmente devem ser evitados já que os fatores antinutricionais acabam interferindo na absorção de minerais e outros nutrientes da dieta.

A frequência dos alimentos de transição a serem dados ao longo do dia varia de acordo com a idade e a criança, porém a OMS recomenda duas a três refeições por dia dos 6 aos 8 meses e de 3 a 4 refeições dos 9 aos 24 meses. Lembrando que crianças desmamadas devem ter lanches intermediários de acordo com a faixa etária. Dessa forma, a transição deve ser feita com acompanhamento para a garantia do desenvolvimento total e formação de hábitos saudáveis para a vida. Nesse mesmo período a criança tende a ter necessidades aumentadas se fazendo necessária a suplementação de vitamina e mineral com acompanhamento.

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