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Entenda tudo sobre: Trombose

Por complicações da doença a trombose é causa de mortalidade de uma a cada quatro pessoas no mundo. Conheça esse problema

Entenda tudo sobre: Trombose Crédito: BANCO DE IMAGENS

1) O QUE É TROMBOSE?

A trombose venosa profunda (TVP) ou popularmente trombose é uma doença caracterizada pela formação ou desenvolvimento de um coágulo sanguíneo, responsável por causar a obstrução e inflamação na parede do vaso. Pode-se ter uma trombose em qualquer vaso sanguíneo, artérias e veias.

“Temos no sangue proteínas capazes de fazer o sangue coagular e outras que não permitem que isso aconteça. Normalmente temos que formar um coágulo quando o nosso vaso sanguíneo sofre alguma lesão. O trombo é um coágulo que se formou no local errado, isto é, em um vaso sanguíneo integro”, explica Daniel Dias Ribeiro, coordenador do Comitê de Hemostasia e Trombose da Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH).

 

2) COMO ELA OCORRE?

As tromboses podem ocorrer sem a presença de um desencadeante ou após algum estímulo. Os fatores desencadeantes mais comuns são: grandes cirurgias, períodos de imobilização prolongado, gestação, uso de anticoncepcional oral conjugado, neoplasias, infecções graves com internação, viagens de avião com mais de 8 horas de duração, entre outros.

A panturrilha envia boa parte do sangue de volta ao coração, são cerca de 100ml por minuto. Portanto, quando uma pessoa permanece muito tempo com as pernas para baixo e paradas, o sangue que chega até os pés bombeado pelo coração, encontra um obstáculo para retornar, o que predispõe o risco de formação de trombos.

"Essa é uma situação rotineira em viagens longas realizadas de ônibus, carro ou avião, onde a mobilidade dentro do transporte fica comprometida. Isso também pode acontecer com profissionais que no seu dia-dia necessitem ficar sentados por muito tempo", explica o hematologista, Dr. João Carlos de Campos Guerra.

 

3) ENFIM, O DIAGNÓSTICO E OS SINTOMAS!

“Infelizmente muitos diagnósticos de trombose no Brasil ainda são realizados apenas com os sinais e sintomas clínicos. A chance de erro é de aproximadamente 70%, quando o diagnóstico é apenas clínico. É imprescindível a realização de um método de imagem sempre quando há uma suspeita. Já existem algumas clínicas públicas especializadas neste assunto, mas não são suficientes para atender a demanda”, explica Daniel Dias Ribeiro.

No caso da TVP, os sintomas locais mais comuns são dor e edema do membro acometido e dependem, na maioria dos casos, da extensão da trombose e das veias atingidas, podendo acompanhar-se de manifestações sistêmicas, sendo a embolia pulmonar (migração do coágulo para o pulmão), sendo a mais temida.

 

4) QUEM PODE TER TROMBOSE?

Todos estão sujeitos a ter trombose, especialmente quando passam por situações de risco. A incidência de trombose é igual nos dois sexos, quando não estratificada por faixa etária. Quando é avaliada apenas a faixa entre 20 a 40 anos, a incidência é um pouco maior nas mulheres exatamente pela maior exposição a fatores de risco, como anticoncepcionais e gestações. 

Segundo a ABHH, estima-se que a cada ano mais de 300 mil pessoas nos Estados Unidos e mais de 500 mil na Europa passem por eventos de trombose venosa profunda e tromboembolismo pulmonar. Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, são contabilizados aproximadamente 300 mil óbitos anuais no Brasil em decorrência de enfermidades cardiovasculares. No entanto, uma pesquisa realizada pela Bayer constatou que apenas 4% dos brasileiros entrevistados consideram os coágulos sanguíneos como a maior ameaça à vida. 

“A complicação mais temida da TVP é a embolia pulmonar que é a migração do coágulo que está no membro inferior para a circulação pulmonar levando ao óbito em até 3,7% dos casos”, explica o cirurgião vascular, Dr. Luiz Otávio Otero Genelhú.

 

5) E AÍ, O SEDENTARISMO CONTRIBUI?

Imagine a cena: uma mesa, uma cadeira e um computador. Pois bem, são esses os três itens mais comuns na vida da maioria dos brasileiros empregados. Mas, o problema é que trabalhar sentado aumenta em 10% o risco de morte, segundo estudo publicado na revista médica britânica "The Lancet".

"Como a panturrilha é considerada o coração das pernas, a cada contração muscular bombeamos o sangue e ativamos a circulação. Situações onde essa musculatura fica parada muito tempo podem causar retenção de líquido, levando ao inchaço, pernas pesadas, cansadas e aumento a predisposição de desenvolver varizes e trombose venosa", explica a cirurgiã vascular e angiologista Dra. Aline Lamaita.

De acordo com a pesquisa, para cada oito horas sentado, é necessário praticar uma hora de atividade física para resistir aos efeitos negativos do sedentarismo. "Embora muitas pessoas não tenham tempo e disposição para realizar atividade física em outro horário, isso é necessário para que haja um desenvolvimento da musculatura efetiva, que poderia de certa forma protegê-los dos efeitos deletérios do trabalho sentado", afirma a médica.

 

6) ANTICONCEPCIONAIS X RISCOS

Segundo a ABHH, a trombose é um perigo em potencial para as mulheres pois elas estão expostas a fatores que aumentam o risco de desenvolvimento de coágulos. O uso da pílula anticoncepcional com estrogênio, gestação e tratamento de reposição hormonal são condições que elevam o risco de trombose.

Existe sim uma correlação do uso dos anticoncepcionais com o tromboembolismo venoso. O aumento do risco relativo de trombose associado a estes é de duas a sete vezes maior quando comparamos mulheres da mesma idade que não usam o medicamento. “Parece grande, mas como a incidência de trombose na faixa etária de mulheres em idade fértil é de aproximadamente 0,01%, o aumento do risco absoluto é pequeno. Saímos de 0,01 e vamos para 0,07%”, afirma Daniel Ribeiro.

Segundo o especialista, é preciso levar em conta todos os benefícios que os anticoncepcionais trazem para a vida das usuárias. “Com certeza temos uma relação entre o risco X o benefício favorável ao uso. O vilão da história é o estrógeno, que interfere no equilíbrio da coagulação favorecendo a formação de trombose”, completa.

 

 7) E O TRATAMENTO EXISTE?

Sim! Devemos o tratamento aos anticoagulantes. O acesso aos medicamentos e procedimentos para a trombose na rede pública depende muito da cidade/região/estado. “Não temos ainda na rede pública acesso aos anticoagulantes orais específicos. Estes, quando bem utilizados, poderiam ajudar a diminuir o tempo de hospitalização com um custo menor do que temos atualmente e de uma forma mais simples”, afirma Daniel Ribeiro.

 

8) É HORA DE SE EXERCITAR!

A atividade física e o peso adequado são fatores protetores, mas, a tromboprofilaxia durante os períodos de risco, cirurgias e internações prolongadas, ainda é a melhor forma de proteção. "O hábito de realizar atividade física regular está relacionado ao melhor controle do peso, melhora do diabetes, controle de pressão arterial e níveis de colesterol, além de um condicionamento cardiopulmonar", completa. Mas, para pessoas com propensão a problemas vasculares, segundo a médica, o ideal é introduzir hábitos para ativar a circulação, como: exercitar-se ou fazer pequenas caminhadas regularmente; realizar exercícios movimentando os pés a cada hora de trabalho sentado; levantar a cada hora e andar e para alguns casos, usar meias de compressão para conforto e melhor rendimento, além de evitar cigarro.

Segundo Dra. Aline, os hábitos de vida saudáveis, como a prática de atividades físicas, são indicados desde cedo e com cuidados especiais principalmente após os 40 anos. "Como depois dessa fase da vida temos uma mudança na estrutura corporal, perdendo massa magra, o aumento da incidência de outras doenças associadas (hipertensão, diabetes), além do processo normal de envelhecimento, esse grupo deve estar mais atento aos cuidados", comenta a cirurgiã.

Durante o tratamento com os antagonistas da vitamina K a ingestão de alimentos ricos em vitamina K (folhas verdes) deve ser estável no que diz respeito à quantidade.

 

FONTES CONSULTADAS

Dra. Aline Lamaita: Cirurgiã vascular e angiologista do Hospital Albert Einstein, membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular.

Dr. João Carlos de Campos Guerra: Hematologista e vice-presidente do Grupo Cooperativo Latino Americano de Hemostasia e Trombose (CLAHT).

Daniel Dias Ribeiro: coordenador do Comitê de Hemostasia e Trombose da Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH).

Dr. Luiz Otávio Otero Genelhú: Cirurgião vascular, endovascular e angiorradiologia. CREMESPSP 122551

 

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