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Entenda tudo sobre: Transtorno do Pânico

Medos irracionais podem desencadear um trauma diagnosticado por esse transtorno que tem atingindo principalmente a faixa de 21 a 40 anos.

Entenda tudo sobre: Transtorno do Pânico

1) PORQUE TRANSTORNO?

O termo mais correto é Transtorno do Pânico, pois síndrome refere-se a uma reunião ou conjunto de sinais e sintomas para determinar uma patologia ou condição, sem causa específica, o que diferentemente, sempre acontece na doença onde a causa é definida. “A síndrome pode caracterizar um quadro ainda sem esclarecimento como, por exemplo, quando a pessoa passa por uma síndrome viral, sem um diagnóstico preciso, apenas com alguns sintomas em manifestação”, explica o mestre em ciências pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – USP, Ricardo William Muotri.

2) CONHEÇA O PÂNICO

Em situações de perigo real, o organismo libera algumas substâncias, os neurotransmissores serotonina e noradrenalina. Esta é uma tática de alerta e defesa do cérebro para qualquer ameaça iminente, mas passado o instante de tensão a tendência natural é voltarmos ao estado normal. “Porém, no transtorno do pânico, o cérebro ativa esse mecanismo de alerta indevidamente, sem que haja nenhum fator desencadeante aparente. Ou seja, pessoas em situações comuns, que de repente desenvolvem medos irracionais, conhecidas como fobias e começam a evitá-las”, afirma a psicóloga clínica e psicanalista Dra. Priscila Gasparini Fernandes. “Esses medos irracionais podem ser ocasionados devido a pequenos traumas simbólicos, como um assalto ou susto por exemplo. Dois ou três dias depois que passa o susto, o trauma começa a recorrer e as pessoas passam a ficar nervosas em algumas atividades cotidianas, como dentro do elevador ou fazendo compras no supermercado”, explica a psicanalista.

3)O PÚBLICO ALVO DO PÂNICO

A psicanalista Priscila Gasparini Fernandes explica que esse transtorno geralmente atinge jovens entre 21 e 40 anos que se encontram em plena realização profissional. “Esse grupo é composto por pessoas extremamente produtivas, que costumam assumir uma carga excessiva de responsabilidade e são bastante exigentes consigo mesmas”, explica. Além disso, normalmente elas não convivem bem com os próprios erros ou imprevistos do dia a dia e possuem uma tendência a se preocuparem excessivamente com problemas do cotidiano. “Elas costumam ser muito criativas, perfeccionistas e tem excessiva necessidade de estar no controle, com expectativas extremamente altas, pensamento muito rígido e tendência a ignorar as necessidades físicas do corpo, entre outras”, enfatiza a psicanalista.

4)OS SINTOMAS DA CRISE

As crises de pânico podem ser resumidas na sensação desesperadora, de um medo inexplicável que leva a uma fuga de si mesmo, culminando no pensamento de não conseguir controlar seus próprios sentimentos. “Seria como se as sensações nascidas de dentro do corpo subissem e inundassem o pensamento e este não desse conta do recado”, explica o clínico geral, com ampliação em Medicina Antroposófica, Dr. Antônio Marques. Esse transtorno é caracterizado por decorrentes e inesperados ataques de pânico, que se instalam em aproximadamente dez minutos e se caracterizam por uma sensação de morte, seguida de sintomas físicos, como: taquicardia, hiperpnéia, náusea, boca seca, desconforto abdominal, dificuldades para engolir, tremores, sudorese excessiva, tontura, vertigem, mal estar e sintomas psicológicos como tensão, sensação de sufocamento, falta de ar, inquietação, insônia, insegurança e irritabilidade, etc. Segundo Ricardo William Muotri, outros sintomas físicos são complicadores encontrados devido à hiperventilação como, sensação de desmaio, dor no peito e devido à hipertonia muscular, que evoluiu com tremores generalizados, dores inespecíficas, generalizadas e espasmos musculares. Esses sintomas geralmente são de curta duração, porém suficientes para fazer um estrago no paciente. “Recomenda-se à família estar atenta aos sintomas descritos acima e durante uma crise mais acentuada não hesitar em levar o familiar ao hospital”, completa a psicanalista Dra. Cristiane Maluf Martin.

5) O QUE FAZER DURANTE UMA CRISE?

Esse transtorno caracteriza-se por ter medo de vir a ter medo. “Durante uma crise a pessoa deve adotar uma atitude positiva, concentrar-se em pensamentos positivos e pensar em coisas que lhe fazem bem. Recomenda-se adotar uma respiração lenta, porém profunda e contar até cem. Ter sempre em mente estes sentimentos são desconfortáveis, mas eles não vão durar para sempre", explica a psicanalista Cristiane Maluf Martin. Segundo a profissional, se a pessoa realmente quer vencer essa doença, precisa aprender a lidar com ela para superá-la. “Essas são sugestões e não um tratamento, mas uma forma de aprender a lidar com as crises”, explica.

6) O TRATAMENTO EXTREMAMENTE NECESSÁRIO

Um fato que dificulta o diagnóstico dessa doença é o tempo de crise, que dura em média 20 minutos. Sendo assim, ao chegar no pronto-socorro o paciente acaba sendo diagnosticado como um estresse comum. “O tratamento é realizado buscando o equilíbrio bioquímico cerebral, através de medicamentos seguros, preparando o paciente para que ele possa enfrentar seus limites e os problemas do cotidiano, de uma maneira menos estressante. Tudo isso aliado a terapias pode dar bons resultados na recuperação do paciente ao longo dos meses”, afirma Priscila Gasparini Fernandes.

7) OS SUPLEMENTOS QUE AUXILIAM

Existem algumas substâncias e produtos químicos específicos que estão normalmente presentes em quantidades muito pequenas em nossas dietas e em períodos de extrema ansiedade podem ser consumidos com orientação médica e nutricional, como adjuvante ao tratamento. “Substâncias como a lisina, (aminoácido essencial que facilita o fluxo de neurotransmissores no cérebro), o cloreto de magnésio e o selênio (minerais antioxidantes e que auxiliam em importantes funções no corpo estabelecendo o equilíbrio do sistema nervoso), o inositol (vitamina do complexo B, que beneficia a ação serotonérgica no cérebro responsável pelas sensações de prazer), a melatonina (um hormônio que auxilia no sono noturno), são apenas alguns exemplos de suplementação que podem ajudar no quadro geral do transtorno de pânico. Lembrando que toda suplementação deve ser orientada por especialistas”, recomenda o mestre Ricardo Muotri.

8) QUE MÉDICO PROCURAR?

Muitas pessoas, diante de um ataque de pânico recorrem ao pronto-socorro, por acreditarem que a sua vida está em risco, já que os sintomas físicos são intensos. “Embora seja importante para descartar possíveis causas de doenças físicas, como dor no peito, palpitações do coração ou dificuldade para respirar, esses sintomas são na grande maioria consequência de um medo muito grande que gera uma ansiedade maior ainda. O melhor a fazer é buscar uma ajuda profissional adequada ao seu problema, no caso um psicólogo e/ou psiquiatra”, recomenda a Dra. Cristiane Maluf Martin.

9) REAÇÃO FAMILIAR

O melhor que a família pode fazer é acolher a pessoa e não menosprezar os sintomas que ela está passando. “Como todas as doenças psiquiátricas, o transtorno do pânico, algumas vezes pode ser encarado pelos familiares como uma fraqueza moral, falta de personalidade ou até o famoso ‘piripaque’”, explica a Dra. Cristiane Maluf Martin. Segundo a psicóloga, a conscientização da família sobre a doença é de fundamental importância, grupos de autoajuda, livros sobre o assunto ou mesmo a internet podem ser úteis para que os familiares entendam a natureza da doença.

10) O APOIO É FUNDAMENTAL

É sabido que o conhecimento diminui o preconceito e como consequência antecipa o diagnóstico, o que pode beneficiar a eficácia do tratamento e reduzir drasticamente os prejuízos à vida diária. Atualmente o principal grupo de apoio se encontra em São Paulo e chama-se APORTA – Associação dos Portadores de Transtornos de Ansiedade (www.aporta.org.br), que realiza trabalhos de apoio ao paciente em conjunto com seus familiares. “Estar em grupo e dividir seus principais problemas com pessoas que muitas vezes passam ou já passaram pelas mesmas situações, cria conforto e encoraja o paciente a não desistir do tratamento”, enfatiza Ricardo Muotri.

11) TRANSTORNO E O EFEITO DA ENDORFINA

Não podemos esquecer que o exercício físico é um fator de estresse ao organismo, que busca diferentes meios de adaptação e isso ocasiona efeitos positivos ao corpo, principalmente se atividade for feita com prazer. Muitas dessas alterações ocorrem por meio da liberação de neurotransmissores, como, noradrenalina, acetilcolina, dopamina, serotonina e endorfina, um peptídeo opióide endógeno. Existem mais de 20 tipos diferentes de endorfina, sendo a β-endorfina a mais eficiente. Produzida na hipófise, é libertada após aproximadamente 30 minutos de exercícios físicos aeróbios e é utilizada pelos neurônios na comunicação do sistema nervoso, ocasionando o efeito eufórico ao cérebro e despertando uma sensação de euforia e bem-estar. Mas para que isso ocorra, precisa haver uma liberação durante a atividade física, orgasmo ou simplesmente no consumo do chocolate. Pode existir tanto um efeito sobre áreas cerebrais responsáveis pela modulação da dor, humor, depressão, ansiedade, como pela inibição do sistema nervoso simpático, responsável pela modulação de diversos órgãos como coração e intestino. Segundo o mestre Ricardo Muotri, os efeitos da endorfina são sentidos até uma ou duas horas após sua liberação. É o que leva ao momento de tranquilidade e paz encontrado após as atividades físicas. Os estudos estão mais propensos a afirmar que este neurotransmissor possui efeitos benéficos, sendo a ansiedade patológica ou não, porém, o efeito do exercício sobre a liberação de opióides são paradoxais e denotam a complexidade dos mecanismos neurobiológicos envolvidos na situação do exercício físico. “Uma coisa é certa: não podemos afirmar que o bem-estar gerado pelo exercício depende única e exclusivamente da produção de endorfina”, finaliza o professor.

FONTES CONSULTADAS:

Dr. Antônio Marques: Clínico geral com ampliação em Medicina Antroposófica. Autor do livro “Síndrome do Pânico tem Cura”.Dra. Priscila Gasparini Fernandes: Psicóloga clínica e psicanalista, especializada em neuropsicologia, mestrada e doutorada pela Universidade de São Paulo – USP em depressão, síndrome do pânico e suicidas.Prof. Ms Ricardo William Muotri: Mestre em ciências pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – USP. Especialista em Educação Física Adaptada e Saúde. Professor de Educação Física pela UNESP.Dra. Cristiane Maluf Martin: Psicóloga especializada em Psicanálise e terapia de casais.

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