SAÚDE E SUPLEMENTAÇÃO INFANTIL

Suplementação infantil: O que tem no prato da gestante?

Não há dúvida: nessa fase o recomendado é o aumento da ingestão de fontes proteicas

Suplementação infantil: O que tem no prato da gestante? Crédito: BANCO DE IMAGENS

A gestação é uma fase em que ocorrem transformações adaptativas e fisiológicas no corpo da mulher e que naturalmente exige um cuidado especial para garantir o adequado desenvolvimento do feto. Assim, principalmente quando se programa engravidar, a futura mamãe consegue fazer um acompanhamento que engloba as avaliações: de peso e IMC, fatores de riscos nutricionais, ajustes necessários na alimentação e suplementação em quantidades individualizadas para cada fase.

Essas avaliações tem por finalidade a identificação precoce de riscos nutricionais, a previsão de ganho de peso total durante a gestação, o cálculo de calorias do plano alimentar e das orientações mais específicas. Outro ponto importante é a investigação dos hábitos alimentares e da rotina, identificando: preferências, aversões, rotina de trabalho, prática de atividades físicas, consumo de água, hábito intestinal, histórico familiar de doenças e se houver histórico de gestações anteriores.

O ajuste no aporte calórico depende muito do estado gestacional pregresso (baixo peso, saudável ou sobrepeso) e além desse fator, gestação gemelar ou múltiplas necessitam de um ajuste nessa quantidade e em qual momento esse acréscimo irá ocorrer. Normalmente para gestantes saudáveis esse acréscimo é de aproximadamente 300Kcal e a partir do segundo trimestre de gestação. Lembrando as futuras mamães que esse período não é mais o momento de restrição alimentar ou de emagrecimento, a não ser que seja por algum motivo específico, mas que também não há a necessidade de se comer por dois.

O consumo alimentar deve ser variado contendo: verduras e legumes, carboidratos (cereais integrais, tubérculos e frutas), proteínas (carnes, ovos, leite e derivados e leguminosas) e gorduras boas (azeite, coco, abacate e oleaginosas). Um alimento ou grupo de alimentos só deve ser evitado ou retirado completamente da dieta em caso de sensibilidade alimentar ou alergia.

GARANTIA DE DESENVOLVIMENTO

Entre as principais recomendações nesse período está o aumento da ingestão de fontes proteicas, que irão garantir o desenvolvimento da placenta, crescimento dos tecidos maternos e aumento considerável no volume sanguíneo, garantindo o crescimento do feto. Os carboidratos fornecem a principal fonte de energia (glicose) que o feto dispõe para ter seu crescimento e desenvolvimento. Já as gorduras além de fornecerem energia extra, fornecem componentes fundamentais para o desenvolvimento do feto, assim como o transporte das vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K).

As vitaminas e os minerais para essa fase também merecem atenção redobrada, já que suas quantidades diárias estão aumentadas. Uma das vitaminas mais importantes a ser consumida como suplemento é o ácido fólico (B9), que deve estar presente desde os três meses antes da concepção até o primeiro trimestre da gestação, em quantidade maior do que nos demais trimestres. Este está diretamente ligado ao desenvolvimento e formação do túbulo neural, sendo que seu consumo abaixo do recomendado pode causar a anencefalia ou espinha bífida.

Já a vitamina A tem papel importante no crescimento e diferenciação celular do embrião, além de evitar parto pré-maturo e baixo peso do bebê ao nascer. A vitamina D tem papel fundamental na regulação do metabolismo do cálcio e desenvolvimento do sistema nervoso e muscular, assim como para aumentar a imunidade. Outras vitaminas importantes são: complexo B que atua no metabolismo dos macronutrientes (carboidrato, proteínas e gorduras), vitamina C que auxilia na melhor absorção do ferro ingerido, vitamina E que além de antioxidante auxilia na prevenção do aborto.

Dentre os minerais destacam-se o cálcio e o ferro. O primeiro está ligado ao desenvolvimento da estrutura óssea e dentária do feto e em muitas outras funções importantes do corpo, como a contração do músculo cardíaco. Quanto ao ferro, sua deficiência está correlacionada com a causa mais comum de anemia, sendo importante tanto para a gestante e para a garantia da oferta ao bebê durante a amamentação.

Dentre os demais minerais podemos citar: o magnésio que auxilia na prevenção de pré-eclampsia; o selênio que é um antioxidante de membrana celular, podendo diminuir o risco de intoxicação por metais tóxicos como mercúrio e cádmio; e o zinco que auxilia na produção de colágeno, protege o sistema imunológico, diminui as chances de aborto e de parto prematuro. 

Dentre as gorduras podemos citar o ômega 3, fonte de EPA e DHA que promove melhor resistência às infecções, melhor desenvolvimento neurológico e da função visual do feto.

Não podemos deixar de dar uma atenção especial ao intestino da gestante, nesse ponto utilizamos os probióticos, micro-organismos vivos capazes de auxiliar na melhora do hábito intestinal, aumento da microbiota intestinal, além de promover melhora ao sistema imunológico de ambos.

Já outros alimentos devem ser evitados, pois podem trazer prejuízo tanto para a gestante quanto para o feto. Entre eles estão: o consumo de álcool e de cafeína, substâncias capazes de atravessar a barreira placentária, acarretando prejuízo no desenvolvimento do feto. Os adoçantes e os produtos industrializados que os contém também devem ser evitados, já que ainda não existe estudo sobre a quantidade segura a ser consumida e os prejuízos que o feto pode sofrer, dessa forma o melhor é reduzir o consumo de açúcar e em casos específicos discutir com o nutricionista o melhor substituto.

Dentre outros alimentos que devem ser evitados estão: os alimentos crus ou mal passados, leite não pasteurizado já que este pode ocasionar intoxicações. Além desse, os chás como a canela, também devem ser evitados por estimular a contração uterina. Nos alimentos industrializados e fast-foods encontramos as fontes de sódio, açúcar e gorduras trans que podem favorecer o desenvolvimento de um ganho de peso mais acentuado, como o diabetes melitus gestacional e a eclampsia (hipertensão arterial na gestação).

Com a diversidade de informações trazidas pela mídia e pelos familiares próximos é normal que a futura mamãe fique perdida, não sabendo o que fazer para promover uma gestação saudável, um bebê com peso adequado ao nascer e com ótima saúde. Por esses e outros motivos é de fundamental importância o acompanhamento nutricional individualizado e a adequação do plano alimentar em calorias. Garantindo assim uma alimentação variada em cores, sabores e em qualidade, como a suplementação de vitaminas e minerais necessária para garantir o desenvolvimento do feto e a saúde da mãe durante toda a gestação e lactação.

 

JULIANA CRISTINA DA SILVA

Nutricionista graduada pelo Centro Universitário São Camilo. 

Especialista em Personal Diet e Atendimento Nutricional CRN-3 31330

 

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