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Falando em GH

Quando o conhecido hormônio do crescimento é assunto para mais explicação

Falando em GH Além de influenciar o crescimento corpóreo, o hormônio do crescimento, ou somatotrófico, desempenha importante papel no metabolismo, na composição cor
Crédito: BANCO DE IMAGENS

Dr. Edson Carlos Z. RosaCirurgia e Traumatologia Maxilo Facial, Membro colaborador da Associação Brasileira de Cirurgia Crânio Maxilo Facial, da Associação Internacional de Cirurgiões Maxilo Faciais, Membro do Colégio e Sociedade Brasileira de Cirurgia e Traumatologia Buco Maxilo Facial, Hipnose Clínica, Master-practitioner em Programação Neuro Linguística, especialista em Fisiologia humana aplicada ao esporte e exercício, autor de diversos artigos na área da Neurofisiologia, Cirurgia e Trauma Facial, Neurofisiologia, Hipnose e Comportamento, Fisiologia do Esporte e exercício

Atualmente se torna cada vez mais popular no meio esportivo o nome GH ou hormônio do crescimento, com a promessa de produzir efeitos mágicos de esculpimento corporal que todo indivíduo sonha, seja ele bodybuilder, praticante de academia ou adepto. Tais efeitos como: diminuição da gordura corporal, ganho de massa muscular, rejuvenescimento da pele, aumento dos fios, volume do cabelo, melhora da disposição para as atividades diárias, melhora do sistema imunológico, dentre outros, são associados ao uso do hormônio do crescimento, mas será que realmente toda essa promessa é verdadeira?

Podemos dizer que a sigla GH que compõe o hormônio, vem do inglês e corresponde a Growth Hormone, podendo também ser chamado de somatotrofina ou somatotropina (ST).

Sua estrutura molecular é formada por uma proteína de 191 aminoácidos, com uma massa molecular de aproximadamente 22 mil daltons, possuindo quatro hélices, necessárias para a interação funcional com a molécula receptora do GH.

Sua produção e secreção ocorrem no lóbulo anterior da glândula hipófise ou adeno hipófise, tendo uma ação generalizada por todas as células e tecidos do corpo humano, sendo responsável não só pelo aumento do tamanho das células, mas também com sua multiplicação pelo corpo, com aumento de volume e de número, propiciando crescimento dos tecidos, dos órgãos e consequentemente, crescimento corporal.

A esse fator fisiológico de crescimento celular e tecidual, o GH conta com um fator intermediário, chamado somatomedina C ou IGF-1, que é produzido principalmente no fígado e em menor grau pelas células ósseas e musculares. Essa dupla GH e IGF –1 promove grande parte do anabolismo do corpo, ou seja, é fundamental para o crescimento e desenvolvimento de todos os tecidos corporais.

O controle da ação do GH no organismo humano é feito por uma área neurológica, sendo multi-regulado por hormônios, metabólitos e peptídeos hipotalâmicos, principalmente pela ação do Fator de Liberação da Somatotropina (GRF) ou (GHRH), produzidos pelo hipotálamo. Como qualquer outro hormônio no corpo, o GH age por meio da interação com um receptor específico encontrado na superfície das células, no qual irá desencadear a cascata de alterações conformacionais nas células e iniciando assim sua ação pelas células ou órgãos alvo do organismo.

Ao estudarmos a história do GH, verificamos que entre as décadas de 1960 e 1980, o hormônio do crescimento era obtido a partir da hipófise de cadáveres. Porém, atualmente com o avanço tecnológico, surgiram técnicas inovadoras de produção do GH, através de DNA recombinante, o que tornou possível introduzir o gene do hormônio do crescimento humano em bactérias a fim de que elas produzissem esse hormônio, sendo possível produzir GH em quantidades ilimitadas, o que possibilita sua utilização numa série de situações clínicas diferentes.

Além de influenciar o crescimento corpóreo, o hormônio do crescimento, ou somatotrófico, desempenha importante papel no metabolismo, na composição corporal, no perfil lipídico, no estado cardiovascular e na longevidade. Veremos agora as principais funções do GH, bem como sua aplicação de uso.

GH E SUAS PRINCIPAIS FUNÇÕES

Como o nome do hormônio já diz, ele é responsável pelo crescimento humano, pois o ganho de altura conseguido durante a infância é o melhor efeito conhecido da ação do GH e tem como estímulo dois mecanismos distintos, onde observamos o GH estimulando diretamente a divisão e multiplicação dos condrócitos que são células da cartilagem, encontradas nas extremidades dos ossos longos das crianças (braços, pernas, dedos).

O outro mecanismo observado é o estímulo do GH na produção do Fator do Crescimento do Tipo Insulina 1 (IGF-1), um hormônio homólogo à pro-insulina, sendo o fígado, o alvo principal do GH neste processo, pois lá é o local de produção de IGF-1. O IGF-1 estimula o crescimento em inúmeros tecidos e é gerado nesses tecidos-alvo, o que faz dele tanto um hormônio endócrino com ação local e generalizada nas células no qual chamamos de ação autócrina e parácrina. Embora o ganho de altura seja o melhor efeito conhecido do GH, é importante ressaltar que o ganho de estatura está diretamente ligado a fatores genéticos e não somente a biodisponibilidade do GH presente em um determinado indivíduo, por esse motivo, existe grandes diferenças de altura entre os indivíduos.

O hormônio também possui muitas outras funções metabólicas, como o aumento na retenção de cálcio, na mineralização dos ossos, na ação anabólica, promovendo o aumento da massa muscular, estímulo na síntese de proteínas e o crescimento de vários órgãos do corpo. Ele também possui ação estimulante sobre o sistema imunológico, além de regular a homeostase do organismo (equilíbrio interno), contribui também para a manutenção e funcionamento das ilhotas pancreáticas, locais dentro do órgão pâncreas responsáveis pela produção de insulina.

Outra função muito observada no mecanismo de ação do GH é a lipólise, que resulta em redução na gordura corporal tissular periférica, com o aumento na liberação de ácidos graxos livres e glicerol na corrente sanguínea, sendo assim, possui ação lipotrópica, acentuando a queima de gordura ao mover gordura armazenada para a corrente sanguínea para ser utilizada como energia. Por conta desse efeito mobilizador de gordura, o GH reduz a quantidade de glicose e proteínas usada como combustível, diminuindo a degradação muscular e inibindo a sarcopenia (diminuição ou perda de massa muscular).

Esse deve ser o motivo principal que desperta intenso desejo nos indivíduos de usar o hormônio do crescimento para fins estéticos, porém o uso do mesmo voltado ao lado estético, pode se tornar uma ameaça à saúde quando feito de forma aleatória sem acompanhamento profissional.

INDICAÇÕES DE USO

O uso do hormônio do crescimento é indicado para casos que resultam na deficiência da produção natural pelo organismo, sendo indicado em diversas patologias que podem comprometer o crescimento e promover a baixa estatura, como por exemplo:

• Deficiência do hormônio do crescimento, comprovada por avaliação clínica, baixa produção de IGF-1. • Deficiência do hormônio do crescimento por insuficiência renal, comum em crianças. • Casos de baixa estatura, podendo ser associada à síndrome de Turner, baixa estatura idiopática ou ainda dentre outros casos clínicos que podem acarretar baixa estatura e devem ser investigados.• Casos de cirurgias da glândula hipófise, tumores na região hipofisária ou doenças genéticas. • Casos onde há comprometimento da estrutura óssea, pode ser indicado o uso do hormônio do crescimento como em cirurgias ósseas na ortopedia e na cirurgia bucomaxilofacial, pois nesses casos, o GH pode vir a estimular a produção de matriz óssea saudável, contribuindo para um pós-operatório bem sucedido. Existem ainda diversos casos com indicação da reposição do hormônio do crescimento em humanos para fins terapêuticos, onde seu uso se mostra relativamente seguro, porém como todo medicamento, existe a possibilidade do desenvolvimento de efeitos colaterais indesejáveis, que devem ser levados em consideração pelo profissional prescritor. E quais seriam esses eventuais efeitos colaterais?

“A diferença entre remédio e veneno é a dose”, pois se o GH usado em doses fisiológicas para fins terapêuticos pode ser um remédio seguro, em doses altas e supra fisiológicas pode ser um desastre acarretando diversas alterações sistêmicas em todo o organismo.

Podemos dizer que o hormônio somatotrófico do crescimento (GH), assim como os hormônios esteroides androgênicos, passou a entrar na lista das substâncias usadas e cobiçadas no meio esportivo, sendo o alvo de atletas e fisiculturistas, pela grande propaganda de seus efeitos estéticos com propriedades anabólicas e de perda de gordura corporal, porém o grande perigo que envolve o seu uso é a dosagem, que muitas vezes está exageradamente acima do que poderia se ter como seguro, ou seja, doses supra fisiológicas do hormônio GH podem desencadear diversas alterações fisiológicas no organismo, colocando a saúde em risco.

Um exemplo disso pode ser citado, quando o GH é submetido a altas doses no organismo, promovendo alterações no metabolismo energético celular que contribuem para o aumento da resistência periférica a insulina, ou seja, as células começam a ter dificuldade de absorver a glicose presente no sangue, elevando a glicemia. Com níveis altos e constantes de glicemia, o pâncreas é obrigado a produzir, sem parar, insulina, ocasionando uma lesão permanente nas células produtoras de insulina (ilhotas de Langerhans) e quanto mais células do pâncreas são lesionadas, maior será o comprometimento nessa produção de insulina, dando espaço para a instalação de um quadro insulino-dependente e o indivíduo passa a ser diabético, mesmo que descontinue a administração de GH.

Muitos outros problemas além de diabetes podem surgir quando o uso do GH é em altas doses, como o quadro de gigantismo quando o uso do hormônio for feito em um indivíduo ainda em fase de crescimento ou o quadro de acromegalia, que é semelhante ao gigantismo, porém em indivíduos na fase adulta. Outras complicações também importantes que podem ocorrer é a cardiomegalia, que é o aumento do volume cardíaco com alteração funcional do coração podendo gerar insuficiência cardíaca.

As altas doses de GH também podem ser relacionadas a alguns tipos de tumores, porém é importante ressaltar que o GH nem sempre origina tumores, muitas vezes os alimenta devido a sua alta capacidade de induzir a mitose e replicações celulares, dando condições para as células tumorais de se multiplicarem e se espalharem. Outros efeitos colaterais podem ser observados com o uso do GH e esse fator irá depender da resposta individual de cada paciente.

SUBSTÂNCIAS ESTIMULANTES DA SECREÇÃO ENDÓGENA

Existe uma variedade de nutrientes e outras substâncias naturais que têm demonstrado estimular a glândula hipófise, aumentando a liberação do hormônio do crescimento, tais como aminoácidos e medicamentos. Outro fator natural de estímulo ao GH que deve ser sempre lembrado é o exercício físico que se mostra como uma potente fonte de estímulo, quanto maior for a sua intensidade.

As substâncias que estimulam o GH, especialmente dentre os aminoácidos, merece destaque primariamente o aminoácido L-Arginina que é utilizado como padrão na medição do potencial secretor do hormônio do crescimento, pois dentre os seus mecanismos de ação no organismo, atua no metabolismo inibindo a secreção do hormônio somatostatina, um dos responsáveis pela inibição do GH. Também promove um crescente aumento nos níveis de IGF-1, mostrando elevadas concentrações do mesmo. Outro aminoácido importante nesse processo é a L-Ornitina que é derivada da arginina e atua fisiologicamente no organismo em sinergia com a mesma, tendo um importante papel em conjunto com a arginina para estimular o hormônio do crescimento endogenamente.

Estudos realizados constataram também a participação de outros aminoácidos na estimulação do GH como, a L-Glutamina, que pode atuar preservando o uso da arginina em circunstâncias de exaustão no organismo, a L-Glicina e algumas vitaminas e minerais, como a vitamina C, as vitaminas do complexo B, dentre outras. Já entre os minerais, merece destaque o zinco e o magnésio, com potencial estimulante de hormônio do crescimento no organismo.

O zinco possui um papel fundamental na regulação bioquímica e homeostase corporal, pois sua deficiência é conhecida por afetar profundamente o eixo HGH/IGF-1, sendo a maioria dos sinais diretamente associados com a ação do hormônio do crescimento, incluindo deficiências na cicatrização de feridas, redução na síntese proteica, supressão imunológica e redução nas concentrações hormonais.

As deficiências de zinco, magnésio e potássio pode afetar negativamente a concentração de GH e a circulação do IGF-1. Existem no mercado brasileiro diversos tipos de suplementos que tem ação estimulante do hormônio do crescimento de forma natural. A maioria deles tem sua formulação baseada em complexo de aminoácidos com destaque para a L-Arginina, minerais como Zinco, Magnésio (famosos ZMAs) e vitaminas como a Vitamina C e complexo B.

Dr. Edson Carlos Z. Rosa

Cirurgião, Fisiologista e Pesquisador em Ciências Médicas, Cirúrgicas e do Esporte

Diretor do Instituto de Medicina e Fisiologia do Esporte e Exercício (Metaboclinic Institute), Diretor Executivo do Centro Nacional de Ciências Cirúrgicas e Medicina Sistêmica (Cenccimes) / Diretor Executivo da União Brasileira de Médicos-Biocientistas (Unimédica) /  Presidente e Fundador da Ordem Nacional dos Cirurgiões Faciais (ONACIFA), Presidente e Fundador da Sociedade Brasileira de Medicina Humana (SOBRAMEH) e Ordem dos Doutores de Medicina do Brasil - ODMB, Doutor em Ciências Médicas e Cirúrgicas (h.c),

Pós-graduado em Clínica Medica - Medicina interna, Medicina e Fisiologia do Esporte/Exercício, Nutrologia e Nutromedicina, Fisiologia Humana Geral aplicada às Ciências da Saúde.

Escritor e Autor de Diversos Artigos na área de Medicina Geral, Medicina e Endocrinologia do Esporte, Cirurgia de Cabeça e Pescoço, Neurociência e Comportamento Humano.

Fundador-Gestor do e-Comitê Mundial de Médicos do Desporto e Exercício (Official World Group of Sports And Exercise Physicians), Fundador-Gestor Internacional de Cirurgiões Craniomaxilofaciais (The Official World Group of Craniomaxilofaciais Surgeons).

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