SAÚDE E SUPLEMENTAÇÃO INFANTIL

Suplementação Infantil: Alimentos Industrializados

Você sabe o que há por trás dos produtos industrializados que seu filho consome?

Suplementação Infantil: Alimentos Industrializados

Juliana Cristina da Silva

Nutricionista graduada pelo Centro Universitário São Camilo. Especialista em Personal Diet e Atendimento Nutricional CRN-3 31330

A preocupação com a alimentação nos dias de hoje está cada vez maior, não somente pela quantidade de alimentos que ingerimos ao longo do dia para suprir nossas necessidades, mas sim pela qualidade em nutrientes ou não que esses podem ofertar ao organismo. Com a expansão das grandes modernidades, houve a necessidade de tornar os alimentos mais práticos, acessíveis e duráveis para o dia a dia dessa nova população.

Com essa modernização veio o incremento da tecnologia dos alimentos e, dessa forma, o consumo dos alimentos ultra processados tornou-se maior do que o consumo dos alimentos in natura. Mas qual a diferença entre esses alimentos? Quais ingredientes há por trás dessa modernização? O que eles podem acarretar à nossa saúde ao longo dos anos de consumo? Essas e outras perguntas sempre surgem em nossas mentes quando vamos ao supermercado ou no momento de escolher os lanches e snacks mais saudáveis para colocar nas lancheiras dos nossos pequenos.

A expressão ‘alimento natural’ se deve somente àquele alimento em que o consumo exige a retirada das partes que não vamos consumir e que irá sofrer somente os processos de higienização e cocção, quando necessário, para ser consumido, ou seja, frutas, verduras, legumes, cereais (arroz), leguminosas (feijão), carnes e leite. Já o alimento industrializado são aqueles que resultam da transformação de um alimento e/ou desenvolvimento de um novo alimento com a utilização de processos industriais que podem modificar sua composição, conservação, apresentação e que são adicionados de aditivos químicos.

Durante o processo de fabricação de um alimento ou de um novo produto podem ocorrer perdas significativas de nutrientes e para que o produto tenha uma imagem de mais saudável, são adicionadas vitaminas e minerais. Dessa forma, temos a impressão de que esses são parecidos com os alimentos naturais no que diz respeito à qualidade nutricional.

Quando observamos os rótulos sempre lemos as expressões: fontes de vitaminas, ricos em..., adicionado de..., mas será que realmente esses adicionais nos industrializados irão trazer benefícios ao nosso corpo?

FASE A FASE

A alimentação é de extrema importância em todas as fases de nossas vidas, desde o desenvolvimento de um recém-nascido como numa melhor qualidade de vida num indivíduo idoso. Contudo, com o crescente consumo de alimentos industrializados esses aspectos estão sendo esquecidos e, principalmente, o impacto negativo desses na saúde estão sendo alarmantes. Houve um aumento expressivo dos números de sobrepeso, obesidade, hipertensão, diabetes tipo II, aumento nos níveis de colesterol total entre outras doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) ainda na infância.

Entre as crianças e adolescentes podemos destacar um consumo cada vez maior de alimentos industrializados como: bolachas recheadas, salgadinhos, sucos de caixinha, refrigerantes, sorvetes, bolinhos recheados, achocolatados e cereais ricos em açúcar e uma diminuição espantosa dos alimentos protetores, os alimentos naturais. Mas o que todos esses alimentos industrializados têm em comum? Se analisarmos os rótulos desses alimentos iremos encontrar uma série de nomes ou siglas que não fazem parte do nosso conhecimento e junto a isso temos os apelos de serem integrais ou enriquecidos com vitaminas e minerais. Mas o que cada um significa?

Primeiramente vamos levar em consideração as informações nutricionais da porção, que é elaborada de acordo com uma dieta de 2000kcal, que logo não é a quantidade de calorias que uma criança de dois anos, por exemplo, deva ingerir por dia.

Se ela consumir a porção de um biscoito recheado, dois e ½ unidade, já está consumindo, em todos os aspectos nutricionais, mais do que deveria, principalmente em açúcar e gordura. Além disso, sabemos que as crianças normalmente consomem de duas a três vezes essa mesma porção no dia, sendo este um ponto de alerta para ser analisado pelos pais.

Além do valor calórico dessa porção devemos analisar individualmente o que ela nos fornece, como a quantidade de carboidratos e açúcares, de proteína, de gorduras totais e principalmente de gorduras saturadas, além de sódio, fibras e gordura trans, esta que muitas vezes aparece como zero na porção por ter seu valor abaixo do mínimo estipulado para ser declarado, mas que não deixa de estar presente.

A LISTA DE INGREDIENTES

A lista de ingredientes de um produto industrializado vem sempre informando em ordem decrescente, ou seja, do maior ingrediente que consta no produto para o menor, isso facilita a primeira análise desses produtos. Seguindo na lista de ingredientes nos deparamos com nomes como: corantes, aromatizantes, emulsificantes, conservantes, estabilizantes, espessantes, reguladores de acidez, entre outros. Todos esses ingredientes adicionados aos alimentos industrializados são aprovados pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para o uso com quantidades limites determinadas como seguras para à nossa saúde.

Contudo muitos estudos atuais já correlacionam o consumo desses ingredientes com alterações em nosso sistema intestinal, mais precisamente na microbiota intestinal. Essas alterações estão diretamente relacionadas ao desenvolvimento de alterações em nosso organismo que podem ser um auxiliador/acelerador no desenvolvimento dos quadros de alteração de peso, alergias alimentares e desenvolvimento de DCNT. Os alimentos industrializados fazem parte do nosso cotidiano e, muitas vezes, pela praticidade são consumidos como componentes de nossas dietas. Mas o que devemos fazer então? 

Devemos analisar muito bem todo o rótulo do alimento, como por exemplo a informação nutricional, o tamanho da porção, a lista de ingredientes e compreender que os enriquecidos de vitaminas e minerais não substituem um alimento natural. Devemos também tornar o consumo no dia a dia cada vez menor, principalmente para as crianças, já que estas tem a porção dos alimentos a serem consumidos muito menores do que de um adulto. Bem como aumentar o consumo dos alimentos protetores, dos alimentos naturais, resgatando a nossa cultura antiga, com a finalidade de melhorar o equilíbrio do nosso organismo, evitando assim o aparecimento precoce de doenças e sobrepeso.

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