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Entenda tudo sobre: Cápsula Articular, Ligamentos e Tendões

Saiba o significado de cada um deles, o que realmente eles têm a ver com você e principalmente com o seu treino

Entenda tudo sobre: Cápsula Articular, Ligamentos e Tendões Segundo Dr. Ribeiro, é importante lembrar que não podemos fadigar a musculatura/articulação com séries longas
Crédito: REVISTA SUPLEMENTAÇÃO - ANO 08 - Nº36

DO QUE ESTAMOS FALANDO?

Você pode nunca ter ouvido falar, mas saiba que conhecer o corpo é fundamental para quem pratica atividade física. Conhecendo-o, você passa a respeitá-lo e consequentemente saberá como fazer com que ele trabalhe a seu favor. A cápsula articular, os ligamentos e os tendões têm em comum a inserção nos ossos e o auxílio à estabilidade articular, porém possuem funções e estruturas teciduais distintas.

“Tendões são cordões fibrosos que ligam um músculo a um osso, promovendo o movimento de uma articulação e movimentando todos os membros como as pernas, os pés ou até mesmo os dedos”, explica o Dr. Mário Ferretti, ortopedista e gerente do Programa Locomotor do Hospital Israelita Albert Einstein.

Segundo ele, os ligamentos também são cordões fibrosos, mas que ligam um osso ao outro, promovendo a estabilidade entre estes ossos, ou melhor, a estabilidade da articulação formada por estes dois ossos. A estabilidade permite com que a articulação faça os movimentos que necessita sem que se perca a congruência articular.

“A cápsula articular é uma membrana resistente que engloba uma articulação. Sua função é isolar a articulação, permitindo que o líquido que lubrifica as articulações (líquido sinovial) fique somente dentro da articulação, permitindo um movimento articular sem nenhum atrito”, explica o Dr. Ferretti.

2) ELES TRABALHAM JUNTOS?

Sim e como! Cada um tem sua importância, mas juntos são ainda melhores. “Eles trabalham conjuntamente, para facilitar um movimento equilibrado e que não provoque lesões.

Por exemplo: quando se dobra o joelho para dar um chute em uma bola, os músculos posteriores da coxa contraem-se e encurtam-se, recolhendo a parte inferior da perna e, ao mesmo tempo, relaxam-se os músculos do quadríceps da parte anterior da coxa. Ambos os músculos estão inseridos nos ossos através dos tendões, permitindo a flexão do joelho.

Já a cápsula articular mantém os ossos próximos, sem deixar ‘sair do lugar’, assim como os ligamentos cruzados e colaterais. A cartilagem e o líquido sinovial reduzem a fricção ao mínimo dentro da articulação do joelho”, explica Dr. Lucas Leite Ribeiro, ortopedista membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia.

3) SE NÃO CUIDAR, VOCÊ PODE SE MACHUCAR!

Para tudo deve haver equilíbrio e no caso da cápsula articular, dos ligamentos e dos tendões a situação é a mesma. Todo cuidado é preciso para evitar se machucar. “Os tendões podem ser traumatizados durante um ferimento, como um acidente com vidro, faca, ou ainda em pacientes com prática de atividade física intensa que sobrecarrega os tendões desenvolvendo tendinopatias, popularmente chamada de tendinite, ou até mesmo em sedentários com atividades de força ou atividades repetitivas. Os idosos também podem apresentar uma lesão tendinosa ou uma tendinopatia pelo envelhecimento do tecido que fica mais susceptível à lesão”, afirma o Dr. Ferretti.

Segundo ele, os ligamentos são acometidos em uma entorse da articulação. “As práticas esportivas com movimentos rotatórios como futebol, tênis, vôlei, basquete, apresentam uma tendência a mais entorses das articulações que os esportes como corrida, bicicleta ou natação. Dependendo da energia do entorse, a cápsula articular pode se romper”, explica o ortopedista.

4) CADA UM COM O SEU PROBLEMA!

Como cada um possui sua estrutura, mesmo sendo parceiros, cada um pode apresentar um tipo de lesão. “O conjunto do esforço de diversos grupos de músculos, produz movimentos de flexão, extensão, rotação, abdução, adução e circundação. Estas estruturas possuem capacidade de regeneração, que nos auxilia no tratamento das afecções. Esta regeneração se dá pela proliferação de células do tecido conjuntivo que os envolve”, afirma o Dr. Ribeiro.

O ortopedista enumera algumas delas:

Tendões:

Tendinose - degeneração por envelhecimento ou microtrauma, com comprometimento vascular; Tendinite - degeneração sintomática do tendão, com lesão vascular e resposta inflamatória; Paratendinite - inflamação do paratendão, parte externa do revestimento tendíneo e paratendinite com tendinose.

Ligamentos:

Lesões degenerativas; Lesões traumáticas, muito comuns nos tornozelos, em casos de entorses e nos joelhos, como a lesão do ligamento cruzado anterior em jogadores de futebol.

Cápsula articular:

Doenças inflamatórias da membrana articular, como artrites; Lesões traumáticas, como luxações e sub-luxações, que podem levar a lesões de vasos e nervos, chegando a colocar em risco o membro do paciente; Doenças que levam ao afrouxamento da cápsula articular e luxações recidivantes, comum no ombro.

5) EVITE A SOBRECARGA E RESPEITE O SEU CORPO!

Existem aqueles que insistem em conquistar resultado rápido, sem esforço e tempo mínimo. Evitar a sobrecarga é fundamental para ter qualidade de vida. É primordial ter em sua lista suplementos alimentares unidos a um cardápio rico em nutrientes.

“É comum que muitas lesões tenham associação com o uso de anabolizantes, pois o ventre muscular tende a ficar muito forte, gerando uma força maior do que o tendão tolera, sobrecarregando-o. Os mais comuns são a ruptura do peitoral maior, devido ao uso do supino e a ruptura de bíceps braqueal, ambas associadas ao uso de anabolizantes”, explica o fisioterapeuta esportivo, Sandro Vasconcellos Romanatti.

Segundo o fisioterapeuta, é fundamental que cada um respeite o seu corpo. “Um dos fatores do surgimento da tendinite é a sobrecarga. O início dela se caracteriza com dor mínima, onde a pessoa consegue seguir com o treino, mas a ‘dorzinha’ incomoda. Esse vai e volta machuca a estrutura do tendão, tornando-o menos sadio, mais fraco e absorvendo menos impactos. Essa sobrecarga ocasiona as lesões”, explica.

Segundo ele, para evitá-la é preciso respeitar o corpo, sentir o momento ideal para parar, principalmente havendo dor. O repouso muscular é fundamental. Evoluir de uma maneira gradual é tão importante quanto. Em casos de dores, gelo ajudam o tratamento.

6) DÁ PRA EVITAR QUALQUER PROBLEMA?

Praticar exercícios físicos com acompanhamento de um profissional da área é a indicação perfeita para evitar qualquer problema futuro. Fortalecer a musculatura faz com que os praticantes não se fragilizem e consequentemente não sofram lesão. “Os praticantes de esportes devem ter uma boa força muscular e alongamentos musculares para evitar uma tendinopatia, além de dosar a intensidade e a frequência dos treinamentos”, explica Dr. Ferretti.

Segundo ele, para evitar entorses que podem romper os ligamentos, além de flexibilidade e força muscular, uma indicação são os exercícios de propriocepção. “Os treinamentos de propriocepção são treinamentos de movimentações com mudanças de direção, exercícios de equilíbrio em pranchas ou camas elásticas. Evitando entorses podemos também, evitar as lesões da cápsula articular”, diz.

7) O REMÉDIO É TRATAR!

Por vezes o problema é tão sério que não há outra saída, a não ser iniciar um tratamento. “O objetivo do tratamento é reduzir a dor e recuperar a função. O tratamento consiste em repouso relativo, fisioterapia e correção biomecânica de fatores predisponentes. O exercício ativo é evitado nessa fase. Após controle da dor e inflamação, manter e aumentar a flexibilidade e iniciar fortalecimento muscular (exercício isométrico, depois exercício concêntrico e por fim exercícios excêntricos) e ganho de ADM passiva (alongamento, liberação miofacial de musculaturas associadas, mobilização intra-articular). Nessa fase iniciamos a cinesioterapia”, explica o Dr. Lucas Leite Ribeiro.

Segundo Dr. Ribeiro, é importante lembrar que não podemos fadigar a musculatura/articulação com séries longas. “O exercício isométrico é o mais utilizado nessa fase do tratamento. Aprimorar o desempenho muscular, ganhar propriocepção e incluir a recuperação funcional (AVDs, Atividade Física/Esportiva). Na última fase do tratamento, as séries de resistência, com pouca carga, são as mais aplicadas. Enfatizamos também exercícios físicos e/ou gestos esportivos condizentes com a atividade de cada paciente. Em algumas lesões traumáticas ou degenerativas, reticentes ao tratamento conservador, podemos reparar o tendão cirurgicamente, utilizando a cirurgia aberta ou vídeoartroscópica”, finaliza o ortopedista.

FONTES CONSULTADAS:

Dr. Lucas Leite Ribeiro: Ortopedista, especialista em Cirurgia de Quadril Adulto na UNIFESP/EPM; e em Joelho e Traumatologia Desportiva no Hospital IFOR e Fisiologia do Esporte no CEMAFE/UNIFESP.

Dr. Mario Ferretti: Ortopedista e gerente do Programa Locomotor do Hospital Israelita Albert Einstein.

Sandro Vasconcellos Romanatti: Fisioterapeuta esportivo

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