VITAMINAS E MINERAIS DE A a Z

Vitaminas de A a Z: J e K

As vitaminas J e K chegam juntas e, com isso, matamos dois coelhos com uma só cajadada: já aprendemos tudo sobre duas vitaminas de uma vez

Vitaminas de A a Z: J e K

Chegamos à letra J na nossa seção de Vitaminas de A a Z. No entanto, o termo “Vitamina J” é um termo antigo para um nutriente do complexo B chamado colina. Assim, aproveitamos para ir além e falar sobre a Vitamina K, que estava logo atrás na fila das letrinhas. 

Colina: uma vitamina difícil de esquecer 

O que antes era conhecido como Vitamina J, hoje recebe o nome de colina e faz parte das vitaminas do complexo B. O clínico geral e nutrólogo Dr. Roberto Navarro lembra que as vitaminas do complexo B não são somente as que levam o nome de B1, B2, B3, e assim por diante. “A colina é um nutriente que ajuda o corpo a formar as membranas das células na forma de fosfatidilcolina, que é a colina unida a moléculas de fosfato”, explica o médico. “Portanto, todas as células do nosso corpo precisam deste nutriente para ficar protegidas”. Quando dizemos que todas as células necessitam da colina, estão inclusas principalmente as células do nosso cérebro. “A colina, em forma de acetilcolina, tem ação neuroprotetora e participa da transmissão entre os neurônios, atuando no funcionamento da memória, cognição e transmissão de informação”, explica o nutrólogo. Para saber mais, confira o nosso quadro “Barriga cheia, mente boa”. A famosa vitamina J também tem a função de auxiliar na saúde cardíaca. Dr. Roberto Navarro conta que há um processo natural no nosso corpo que forma um aminoácido chamado homocisteína. “Este aminoácido, se for produzido em alta quantidade, pode aumentar as doenças cardíacas e cerebrais, e é a colina que evita sua formação em excesso”, destaca o especialista. Produzida naturalmente em pequena quantidade por reações bioquímicas do nosso organismo, a colina também precisa estar presente na alimentação.

“Soja, gema de ovo, fígado e vitela são alimentos ricos neste nutriente”, conta o médico, que destaca a raridade da deficiência em colina. “É muito difícil existir falta deste nutriente, porque ele não é necessário em grande quantidade e é facilmente adquirido em diversos alimentos”, explica. Da mesma forma, o exagero na absorção de colina também é difícil. “Só é possível haver excesso de colina se houver ingestão de suplementos vitamínicos com esse nutriente, o que geraria gastrite e falta de apetite, mas isso só ocorre em casos isolados”, destaca. Um nutriente em estudo De acordo com Dr. Edson Credidio, nutrólogo especializado em ciência dos alimentos e pesquisador da Unicamp, a colina é absorvida pelo organismo da mesma maneira que os outros compostos que formam os lipídios. “Após a digestão e absorção, os lipídios transformados em partículas conhecidas como quilomícrons, que vão sofrer hidrólise no tecido adiposo e muscular”, detalha o especialista.

Ele conta que a suplementação com colina pode aumentar a síntese de acetilcolina e sua liberação na junção neuromuscular. “Observou-se um declínio na concentração plasmática de colina em atletas após corridas e maratonas”. Segundo Dr. Credidio, a suplementação de colina pode prevenir queda no desempenho de atletas de alto nível. “No entanto, não existem estudos definitivos sobre os efeitos da suplementação de colina em pessoas comuns”, lembra. Além desse, outros estudos também buscam investigar a ação da vitamina no processo de emagrecimento. Neste caso os estudiosos relacionam a suplementação de colina com carnitina e cafeína, mas os estudos foram feitos somente em animais e ainda não apresentam conclusões definitivas. “Eles apontam que a suplementação de colina promoveu o aumento de carnitina nos tecidos, e ainda diminuiu o percentual de gordura, o que levou os pesquisadores à conclusão de que a combinação de colina, carnitina e cafeína reduz a massa corporal por meio da redução da gordura e do total de lipídios”, explica o especialista. Mas ainda não há confirmação deste processo em humanos. K1 é pouco, K2 é bom...

O nutrólogo Roberto Navarro explica que existem três tipos de vitamina K. “O primeiro tipo é a vitamina K1, encontrada nos alimentos”, explica. “Os outros tipos são a vitamina K2, produzida pelas bactérias do nosso intestino, e a K3, uma forma sintética da vitamina”, enumera. O especialista conta que apenas 30% da vitamina K necessária é produzida no corpo por meio das bactérias. “Dependemos da alimentação para suprir 70% da necessidade desta vitamina”, ressalta. “Entre os alimentos mais ricos em vitamina K, estão a gema do ovo, nabo, espinafre, couve, soja e folhas verdes”. No caso da vitamina K3, de origem sintética, Dr. Roberto lembra que ela deve ser consumida apenas em casos de necessidade de suplementação. “A vitamina K3 não é a mais indicada porque tem um alto grau de toxicidade para o organismo”, explica. Ele conta que a vitamina K é responsável por sintetizar a protrombina, uma proteína essencial na coagulação sanguínea. “Além de ser importante na coagulação do sangue, a vitamina K também é responsável por estimular a produção de ácido glutâmico, que é um dos componentes da matriz óssea, responsável pela fixação do cálcio nos ossos”, afirma o especialista.

Os principais problemas de falta de Vitamina K no organismo estão vinculados à sua absorção pelo intestino. “O uso de antibióticos em doses altas ou prolongadas faz com que diminua a flora intestinal, o que reduz a absorção da vitamina pelo organismo”, explica Dr. Roberto Navarro. “As vitaminas E e A em altas doses por suplementos também atrapalham a absorção da vitamina K”, conclui o médico, que lembra que a falta da vitamina é mais comum em gestantes ou idosos com alimentação inadequada, ou bebês recém-nascidos, cuja flora intestinal ainda não está desenvolvida. “Em todos esses casos, isso só ocorre quando as pessoas não possuem alimentação adequada”, explica. Dr. Edson Credidio destaca que a falta de Vitamina K pode resultar em risco de hemorragia, calcificação da cartilagem, má formação dos ossos ou depósito de sais de cálcio na parede das artérias, mas não alerta para motivos de preocupação. “A hipovitaminose K não é comum, pois a vitamina K é amplamente distribuída em alimentos de origem vegetal, além de ocorrer a síntese da vitamina K pela microflora intestinal normal”, explica. Conforme Dr. Credidio, a Vitamina K necessita de fluxo biliar e de suco pancreático normal para ser devidamente absorvida pelo organismo. “Além disso, o indivíduo precisa de um nível de gordura adequado na dieta, uma vez que a vitamina é absorvida na presença das gorduras”, alerta o médico. Dr. Credidio também lembra que a Vitamina K1, chamada de filoquinona, está associada ao processo da fotossíntese. Segundo ele, a casca das frutas e dos vegetais contém maiores concentrações da vitamina que a polpa, e chegam a resistir até mesmo ao calor ou ao frio. “As versões secas e congeladas dos vegetais não modificam a quantidade da vitamina, e ainda são estáveis ao calor no caso dos óleos vegetais”.

No entanto, o especialista alerta que a exposição à luz solar faz com que os óleos percam cerca de 87% da vitamina K após dois dias de exposição. 

Barriga cheia, mente boa! 

A colina, ou vitamina J, está muito presente no ovo. Recentemente, foi descoberto que ela ajuda no desenvolvimento cerebral, segundo resultado de pesquisas feitas pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos. Afinal, a vitamina atua como precursora do neurotransmissor que participa desse processo. Outra forma de cuidar da memória é através de uma alimentação rica em cálcio e magnésio, que estão diretamente ligados às funções da memória. Assim como as vitaminas D e C, outras grandes aliadas da memória que ajudam na manutenção das substâncias químicas nervosas, cálcio e magnésio auxiliam na renovação celular do cérebro, protegendo-o dos danos diários.

De acordo com estudos, a ingestão de colina durante a gravidez é importante no desenvolvimento do cérebro da criança. O caminho das vitaminas De acordo com Dr. Roberto Navarro, as vitaminas são levadas à corrente sanguínea pelo intestino. “Tanto a vitamina K quanto a colina são absorvidas pelo intestino e levadas ao fígado”, detalha o médico. “O fígado filtra e distribui os nutrientes para a corrente sanguínea”, conclui o médico. É o sangue que leva estes nutrientes para as células do corpo.

Comentários